Proibido é um livro perturbador. Mas não do jeito que você acha que conhece. Não… você nunca sentiu isso. Nem perto. Preparem-se para a resenha de um dos melhores livros que já li na minha vida, sem exageros.
Nunca me senti tão pressionada a escrever uma resenha e o motivo é que não sei ao certo o que escrever. Não sei nem por onde começar e se ao menos falarei o suficiente, para passar alguma mensagem para os leitores, de como foi a experiência de ter lido Proibido da autora Tabitha Suzuma. Seus livros já colecionam diversos prêmios e indicações, sendo alguns bem quistos no mundo literário. A escritora para jovens adultos tem em suas obras uma carga dramática extra e tocante. Mas por que falar que Proibido é tão complicado e complexo? Não sei explicar, eu sei que é um misto de sentimentos. Os conflitos internos dentro de mim são muitos, profundos e densos. O porquê? Falaremos de um relacionamento entre dois jovens adolescentes, mas irmãos.

Como uma coisa tão errada, pode parecer tão certa?

Sim, aqui a autora falará, com toda a delicadeza possível, desta relação que é motivo de tabu na nossa sociedade, mas eu te garanto que ao ler Proibido você terá uma história que penetra na alma, daquelas que vai te emocionar de forma única e que quebrará qualquer tipo de paradigma. Aqui vamos ler algo sobre amor, família, suporte, preconceitos e principalmente sacrifícios. A família Whitely deixou, já há alguns anos, de ser perfeita. Faz 5 anos que o pai abandonou a família para viver com outra. A mãe é alcoólatra, vive a vida como uma eterna adolescente, sem responsabilidades e carinho por seus filhos. Além disso, vive mais na casa do namorado do que na sua, deixando seus cinco filhos se virando sozinhos.

Lochan tem 17 anos e cabe a ele, por ser o filho mais velho, o fardo e a responsabilidade da criação dos seus quatro irmãos mais novos e fazer o papel de líder da casa, de praticamente ser um pai de família. Além disso, é um aluno dedicado e tem excelentes notas, com vaga garantida na faculdade que desejar. Porém, Lochie tem que lidar com sua fobia social, ele não consegue se relacionar com qualquer outra pessoa sem ser de sua família, isso o prejudica demais, fazendo com que se torne uma pessoa solitária e depressiva. Maya é muito mais madura do que sua idade representa, com 16 anos ajuda seu irmão mais velho a cuidar dos seus irmãos. Kit, o irmão do meio e os dois mais novos Tiffin e Willa. Lochan é seu farol e ela é a única pessoa que consegue fazer ele se abrir e ter a vida de um adolescente normal, é praticamente seu porto seguro, como se fosse o suporte para que ele não caia.

É de quebrar o coração a maneira que Lochan se cobra em relação a sua família e a imagem que ele quer passar para seus irmãos mais novos, mesmo sendo tão jovem também, o que faz com que eu admire a forma doce e carinhosa que ele transmite isso, mesmo que por dentro esteja entre trovoadas. Mas com Maya ao seu lado, Lochan tem o controle necessário para continuar vivendo, sem crises.

Você pode fechar os olhos para as coisas que não quer ver, mas não pode fechar o coração para as coisas que não quer sentir.

Juntos, Lochan e Maya fazem o papel de pais, são aqueles que cobram, dão hora para chegar em casa, ajudam com os deveres, dão banho e colocam para dormir. Além de também terem que fazer tudo corretamente para fugirem dos assistentes sociais. Consequência? Suas vidas passam por seus olhos e eles nem percebem. Só lhe restam um ao outro. Os dois passam a maior parte do tempo juntos e acabam cuidando um do outro, um conhece o outro completamente, fortalecendo ainda mais este laço, juntos tudo é mais suportável e sustentável. São mais do que irmãos, são pais e chefes de família, são melhores amigos e acima de tudo, parceiros.
O relacionamento desses dois jovens vai acontecendo com uma sutileza quase imperceptível, não é forçado e muito menos repentino, mas sempre esteve lá, aflorando a cada dia. Quando finalmente está claro para ambos e para você leitor, ficamos todos os três, com aqueles tabus que a sociedade criou em nossas mãos sem saber o que fazer.

Mas então por que é tão terrível para mim estar com a garota que eu amo? Todos os outros têm permissão para ficar com quem quiserem, expressar seu amor se quiserem, sem medo de assédio, ostracismo, perseguição ou até mesmo da lei. Mesmo emocionalmente abusivas, as relações adúlteras são muitas vezes toleradas, apesar do dano que causam aos outros. Em nossa sociedade, progressiva e permissiva, todos esses tipos nocivos e insalubres de ‘amor’ são permitidos – mas não o nosso. Não consigo pensar em nenhum outro tipo de amor que seja tão completamente rejeitado, mesmo que o nosso seja tão profundo, apaixonado, carinhoso e forte que nos obrigar a nos separar nos causaria uma dor inimaginável. Nós estamos sendo punidos pelo mundo por apenas uma razão simples: por termos sido produzidos pela mesma mulher.

Durante a leitura, constantemente, todas as consequências desse relacionamento são questionadas e os personagens se cobram muito por isso. Eles sabem que é “errado” e se julgam como imorais. Inclusive, Maya faz uma breve comparação do seu sentimento por Lochan com seu outro irmão Kit e ela sente a mesma coisa que provavelmente você sentiria: repulsa. O que prova que o relacionamento dos dois não é, e nunca foi construído em cima de disfunções, carências, doença ou qualquer outra coisa do tipo, mas sim por motivos muito mais naturais, como o amor deve ser e é (pontos para a autora).

Lochan e Maya tentam fugir disso, tentaram não aceitar, mas não teve como, os dois nunca se olharam como irmãos, sempre foram parceiros e o amor deles cresceu devido as consequências que eles foram colocados, por todos os dramas e faltas que sua família passou. É dolorido demais acompanhar os conflitos internos de cada personagem, é sofrido sentir o que eles sentem. É triste, é lamentável.

No fim do dia, é tudo sobre o quanto você aguenta, o quanto você pode suportar. Se juntos vamos prejudicar alguém, separados vamos matar nós mesmos.

 

A forma que esta autora escreve é incrível, você sente na pele tudo que está sendo narrado, fazendo que tiremos todas as máscara e conceitos estereotipados que temos. Questionamentos sobre o amor e onde ele pode estar presente é inevitável. Não se deve julgar ninguém, mesmo que não existam justificativas ou explicações, não julguem. Eu por exemplo, comecei a aceitar que nenhum tipo de amor deve ser proibido, julgado ou condenado seja ele a forma e a origem que tiver. Enquanto for verdadeiro e real eu acredito no amor e não acho justo proibir duas pessoas de se amarem. Mas vejam bem, não estou fazendo nenhuma apologia ao incesto aqui e nem é minha intenção. Acredito também que nem foi a intenção da autora. Foi simplesmente querer e precisar que todos entendam o que está história nos passa. O fato não é mudar sua opinião, mas sim mostrar que nada é tão simples ou impensado, afinal, estamos falando sobre sentimentos não é mesmo? E sobre os negócios do coração pouca gente entende.
A mensagem do livro é mostrar que toda a história tem dois lados e que antes do julgamento, se posicionem no lugar desses personagens, entendam (eu disse entendam, e não compreendam) como eles chegaram a este ponto. Esta história deve sim, ser compartilhada. Eu tenho certeza que todos tirarão algo de positivo e válido para suas vidas. A todo momento ficamos pensando o que é certo? O que é errado? Por que é tão errado?Além desta mensagem, tiramos como conclusão a importância da estrutura familiar em nossas vidas. O casal sabe o quanto sua família pode sofrer caso o relacionamento deles seja descoberto e isso é conflituoso demais. Ter que escolher entre o amor da sua vida e a moralidade dessa tal sociedade, em prol do bem-estar do que restou dessa família, que ambos se empenham tanto em manter, não me parece justo. Tudo que eles lutaram, com tanto sacrifício, seria colocado em xeque e o amor por seus irmãos é imensurável, ambos sempre estiveram dispostos a sacrificar tudo por eles.

Durante todo este tempo, durante toda a minha vida, aquele caminho acidentado e pedregoso me conduziu a esse único ponto. Eu o segui cegamente, cambaleando, arranhada e exausta, sem saber onde levava, sem jamais me dar conta de que a cada passo eu me aproximava da luz no fim de um túnel longo e tenebroso. E agora que a alcancei, agora que estou aqui, quero pegá-la em minha mão, me agarrar a ela para sempre, para relembrá-la – o ponto em que minha vida realmente começou. Tudo que eu já quis, aqui e agora, foi capturado nesse único momento. O riso, a alegria, a imensidão de amor entre nós. Esse é o momento em que nasce a felicidade. Tudo começa agora.

Terminei o livro em prantos com ele nas mãos. Eu não queria aceitar, não conseguia digerir o que tinha acabado de ler, como doeu e dói até agora. Meu Deus! Como é cruel… fiquei perdida, sem saber o que fazer, sem saber o que pensar, defender ou explicar… fiquei sem rumo e sem lógica na obra de Thabita e tento aqui, agora me achar. A resenha não teve nem metade da quantidade de coisas que gostaria de ter falado. E se eu quisesse colocar em ordem meus sentimentos eu não conseguiria. O que posso dizer é que eu indico o livro para todos aqueles que querem, verdadeiramente, se emocionar. Proibido é um livro que vai te mudar.

Não concordei com o final do livro, achei que a autora poderia explorar outros caminhos, mesmo conhecendo bem a personalidade de cada personagem, mas mesmo assim é um livro incrível e não tiro nenhum mérito quanto a escrita e narrativa, que é maravilhosa. A admiração que criei por esta autora está para desbancar qualquer outra, sem exageros. Ela consegue equilibrar aqui todas as emoções. Tabitha regeu todos os meus sentimentos, fez como eu deveria me sentir em cada parte do seu livro e me fascinou, mesmo agora.A editora Valentina está de parabéns com esta edição e não tenho nenhuma ressalva. Proibido é algo sem igual, algo diferente e único. Deem uma chance para a leitura. Aqui temos um livro, com uma história de amor tocante, sensível e que carrega consequências devastadoras, mesmo dentro de tanta dor eu posso ver seu encanto e que só de lembrar, fazem eu confrontar antigas certezas e terminar esta resenha em lágrimas.

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  • Autor: Tabitha Suzuma
  • Tradução: Heloísa Leal
  • Ano: 2014
  • Editora: Valentina
  • Páginas: 304
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