Amanhã é o dia da pré-estreia do terceiro filme da franquia Jogos Vorazes – A Esperança Parte 1 e é claro que nós falaríamos do livro aqui no blog. Mas atenção, a resenha poderá conter spoilers. Se quiserem dar uma olhada nas resenhas anteriores, clique aqui para ler sobre Jogos Vorazes e aqui para ler sobre Em Chamas.

Apesar de eu ter resenhado os três livros com um grande intervalo de tempo aqui no blog, a minha leitura desta trilogia não foi assim. Eu não queria e não poderia prolongar esta leitura. Pela primeira vez, eu li os três livros um atrás do outro. O livro, ou melhor, saga de Katniss é tão intensa, que quase perdi minha sanidade junto com ela, divagando e me colocando na sua pele em diversas partes. Será que Katniss conseguiria superar tudo isso? Esta pergunta estava martelando minha cabeça, e agora vou tentar falar um pouco, do porquê.

Após sobreviver duas vezes aos Jogos Vorazes, Katniss acreditou que não precisaria mais lutar… ela não poderia estar mais errada, a luta mal começou e agora a guerra e os jogos são reais e não mais um entretenimento. Tudo começou no momento que ela decidiu salvar a vida de sua irmã, se voluntariando para os Jogos e depois o ato impensado das amoras, para salvar a vida de Peeta na arena.

Após os acontecimentos de Em Chamas, Katniss descobre que o Distrito 13 jamais sucumbiu, pelo contrário, o 13 é um distrito totalmente auto suficiente governado pela Presidenta Coin. O problema? Peeta não foi resgatado junto com ela, o foco do resgate era apenas um: O Tordo. A Esperança de um povo reprimido por tantos anos. Literalmente a nossa girl on fire era a faísca desta revolução e com isso o Distrito conseguiu a sua oportunidade para revidar contra a Capital.

Você pode nos torturar e nos bombardear e queimar nossos distritos até que eles virem cinzas, mas está vendo isto aqui? Está pegando fogo! Se nós queimarmos, você queimará conosco!

Enquanto ela é a arma do Distrito 13 para controlar o povo, a Capital contra ataca com as aparições de Peeta em frente a TV, ele é mantido como refém e possivelmente torturado. Para Katniss, agora não era apenas a vida de Peeta e de sua família que estaria em risco, todos que ousaram se rebelar seria punido severamente e ficou nos ombros dela a responsabilidade de unir um povo que mal tinha instruções de sobrevivência e que dependiam das migalhas controladas da Capital para sobreviver. Aqui os sentimentos de Katniss assim como dentro dos Jogos foram usados por Snow, são claramente manipulados pelo Distrito 13.

Já disse nas resenhas anteriores que Jogos Vorazes têm/tiveram um significado muito importante para mim. No primeiro livro fui fisgada, no segundo me deslumbrei, e no último tive a certeza, Jogos Vorazes é uma história extraordinária, que fala sobre superação, esperança e luta mas principalmente sobre resistência. Ao todo, a série é muito bem contextualizada, ela eleva ao nível máximo o gênero distópico.

Jogos Vorazes é uma trilogia inteiramente política com um foco maior no último livro, é bem psicológico e tem o poder de nos levar a reflexão. Cumpre com sua obrigação de nos alertar, é uma crítica inteligente com nuances de amor, não meloso – de jeito nenhum – mas verdadeiro na forma que deve ser. Posso afirmar a todos que ler Jogos Vorazes e conseguir pegar exatamente sua essência é uma lição de vida, baseada em escolhas impensadas, manipuladas, certas ou erradas e suas consequências.

O que falar de Peeta? durante toda a trilogia ele se manteve fiel aos seus ideias, mesmo quando tudo foi usado para que ele deixasse isso de lado, mesmo ele perdendo muita coisa, principalmente aquilo que ele mais temia em perder, ele se manteve integro e isso no livro é de certa forma inenarrável para expressar aqui. Mesmo em meio de tanto sofrimento, o garoto do pão estava lá. No meio das cinzas o dente-de-leão nascia, sempre provando para Katniss que tudo pode ser superado e prosseguir, independentemente do tamanho da dor e das perdas.

Ao final, senti falta de algumas páginas no livro, foi ótimo sim, mas muito conciso na minha opinião. Como uma grande fã eu queria mais, queria saciar minha curiosidade. Como tais personagens chegaram até ali? Como foi o futuro de Annie? Onde ficou toda a personalidade e força de Johanna? e a irreverência de Effie? Sem dúvidas, a ausência e a despedida de alguns foram um desastre doloroso para mim. Todos eles tiveram suas modificações durante a trama, devido aos acontecimentos. Eles conseguiram absorver tudo o que aconteceu? Conseguiram construir uma nova realidade na medida do possível?

– Você ainda está tentando me proteger. Verdadeiro ou falso? – sussurra ele. – Verdadeiro – respondo. – Porque isso é o que você e eu fazemos. Protegemos um ao outro.

Infelizmente, alguns foram descartados ou deixados de lado, outros foram reduzidos a quase nada. Como Gale, que foi um desapontamento total para mim, ele simplesmente aceitou que Katniss e ele não ficariam junto e OK “foi encontrar um trabalho bacaninha por aí”. Eu sabia que Katniss não escolheria ele, aliás o livro nunca foi um triângulo amoroso, isso é algo dos filmes. Por outro lado, a evolução do personagem é intrigante, ele nunca concordou com a opressão da Capital, e ele usou toda esta raiva e ódio como foco para sua vingança.

Bem pessoal, de jeito nenhum essas ressalvas tiram a grandeza desta trilogia, Suzanne Collins não dos deu tudo, mas eu diria que nos deu o suficiente. Talvez até tenha sido a intenção da autora. Acho que ela quis dizer que a vida continua, de qualquer forma.

Como o filme será dividido em duas partes, espero realmente que o enredo de uma atenção especial nestes personagens que mereciam sim mais atenção da autora. Está ai sua segunda chance Dona Suzanne! Mais tarde nos falamos, quando trazer a resenha do filme para vocês!

  • Mockingjay
  • Autor: Suzanne Collins
  • Tradução: Alexandre Elia
  • Ano: 2010
  • Editora: Rocco
  • Páginas: 424
  • Amazon

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