Antes de Garota Exemplar ser disponibilizado nas prateleiras das livrarias brasileiras, eu já havia escutado um certo burburinho com relação ao livro. Diversos comentários positivos e muitos vídeos de canais gringos comentando sobre o mesmo me deixaram muito animada e ansiosa pela leitura.Infelizmente demorei muito para conferir com meus próprios olhos a conturbada história criada pela talentosa autora Gillian Flynn. Apesar de minha demora e lerdeza (acreditem quando digo que leio muito devagar, rsrs) devo dizer, aqui e agora, que minha espera valeu a pena, e que por causa desse livro já adicionei em minha listinha de futuras aquisições (que de pequena não tem nada) vários outros livros da autora.

No que você está pensando, Amy? A pergunta que eu fiz com maior frequência durante nosso casamento, embora não em voz alta, não à pessoa que poderia responder.

Garota Exemplar possui um início misterioso e intrigante. No dia do quinto aniversário de casamento do casal Dunne, a esposa, Amy, desaparece. O marido, Nick Dunne, passou a manhã inteira fora de casa, em seu período longe da esposa ele passa pela praia da cidade, onde fica por algumas horas e em seguida se dirige até o bar que cuida juntamente com sua irmã. Enquanto conversava com sua irmã gêmea, Nick recebe uma ligação de um dos vizinhos do casal, este comenta que a porta da frente da casa está aberta. Por causa desta ligação Nick volta para casa. Mal sabia ele que este seria o início de vários dias estressantes, revoltantes e reveladores.

Ao chegar em casa Nick encontra seu gato sentado preguiçosamente nos degraus que levavam à entrada da residência, esse simples fato já era estranho pois o casal evitava deixar que o gato saísse de casa. Ao entrar ele percebe que sua sala fora revirada, a mesa de centro estava quebrada e um móvel estava virado para baixo, demonstrando que uma briga possivelmente ocorreu. Nick chama por sua esposa diversas vezes mas a mesma não responde. Ele vasculha pela casa tentando encontrar Amy, ou algum vestígio da esposa mas não encontra nada, sem opções, tudo que lhe resta é chamar a polícia para observar o local. Os policiais chegam minutos depois e iniciam uma investigação pela casa. Para sua surpresa eles encontram perdido em meio ao closet do casal uma pista. A pista número um

Teoricamente devemos buscar apoio do nosso cônjuge em momentos difíceis, mas Nick parece ter se afastado ainda mais. Ele é um filhinho da mamãe cuja mãe morreu. Ele não quer nada comigo.

Observando o caso por esses aspectos já podemos perceber o quanto os policiais e o próprio Nick ficaram instigados com a situação, mas é com o aparecimento deste primeiro envelope (o envelope na cor azul Amy) que os policiais se deparam com uma incógnita em meio as investigações. Quando neste mundo, em meio a um desaparecimento, alguém poderia imaginar encontrar a primeira pista para resolver o mistério?! Acontece que o casal, ou melhor, Amy, havia criado uma tradição para os aniversários de casamento. Neste dia especial ela realizava uma caça ao tesouro, onde Nick deveria encontrar as pistas que o levariam até o seu presente. A cada ano o presente deveria seguir o “tema” do aniversário de casamento. No primeiro ano foi papel, no quinto deveria ser madeira. A partir deste ponto diversas buscas se iniciam, diversas perguntas procuram por respostas e nós somos inseridos aos dois lados da moeda. A todo momento nos perguntamos o que aconteceu com Amy, Nick possui ou não culpa no cartório, qual lado da história nos mostra a verdade ou pelo menos uma parte dela?
Tenho que dizer que a autora acertou em cheio quando optou por intercalar os pontos de vista de Nick com os de Amy, mas o toque especial, a sacada de gênio está na inserção de trechos do diário de Amy. Com o diário nós observamos o lado da esposa, conhecemos o seu dia à dia, compreendemos a história do casal. Durante grande parte do livro, que foi dividido em três partes, somos manipulados pela autora e por um certo personagem, somos levados a acreditar em algo que não existe, ou que é levemente baseado em fatos reais. Porém depois de certo ponto, em certa altura do livro, conhecemos a verdade, e compreendemos alguns motivos, alguns sentimentos e o mais importante: entramos na cabeça de Amy.

Você não está saindo com uma mulher, você está saindo com uma mulher que viu filmes demais escritos por homens socialmente estranhos que gostariam de acreditar que esse tipo de mulher existe e poderia beijá-los.

Apesar de tudo o que acontece e nos é apresentado durante todo o livro. Considerando todos os detalhes, informações, razões e os pensamentos de cada personagem, a minha preferida logo de cara foi a Amy! Ela é muito inteligente, tem um cérebro que não para por um minuto sequer, é talentosa, hábil, manipuladora e extremamente disciplinada. Ela me encantou desde o início com seus trechos de diário, mas no momento em que eu descobri a verdadeira face da personagem eu me apaixonei ainda mais. Eu sei que o que ela fez foi extremamente errado (quem já assistiu ao filme ou leu o livro sabe), mas apesar de tudo o que ela causou, eu ainda a considero minha personagem preferida. Desculpe Nick, mas seu jeito meio tapado, suas risadinhas e seus pensamentos não conseguiram me convencer, dessa vez eu vou ter que ficar do lado da Amy, rsrs.
Outra coisa que eu preciso (na verdade, quero muito) destacar com relação ao exemplar físico, algo que faço pouquíssimo em minhas resenhas, é a folha utilizada para a impressão. Isso mesmo, você não leu errado, eu estou elogiando o papel que a editora utilizou na impressão do livro! Eu nunca comprei um livro que utilizasse esse tipo de papel, mas no momento em que virei a primeira página eu sabia que ele merecia um destaque especial. A escolha de um papel diferente, com uma textura diversificada que proporciona um toque totalmente diversificado daquele que estamos acostumados a observar em outros livros, demonstra o cuidado e apreço da editora pela obra que estava em suas mãos. A formatação do livro também está ótima, eu não encontrei nenhum erro ortográfico (se existem eles passaram batidos), também gostei muito da fonte utilizada. A editora está de parabéns.
Por fim tenho que comentar o único ponto baixo de minha leitura, ponto este que não tem nada a ver com o livro em si, mas com sua adaptação cinematográfica. Se vocês quiserem, podem conferir a resenha que a Lili fez do filme Garota Exemplar nesse link aqui. Como eu comentei no começo da resenha, eu demorei para realizar a leitura desse livro, por esse motivo acabei assistindo a adaptação antes de conferir o livro. Esse simples fato tirou grande parte do brilho e da graça da história. Eu já conhecia o final, já tinha desvendado o mistério, e isso tirou um lado importantíssimo do livro, um mérito da autora. É claro que o livro contém mais detalhes e informações por isso a leitura não foi em vão (e nunca será, em nenhum caso), porém meu conselho para aqueles que ainda não assistiram ao filme e também não leram o livro é: leiam primeiro, garanto que a experiência será ótima já que o livro não peca em momento algum. Não estou dizendo que o filme tenha pecado, ou que eu tenha algo a criticar, mas é sempre mais interessante conferir o livro primeiro não é mesmo?

  • Gone Girl
  • Autor: Gillian Flynn
  • Tradução: Alexandre Martins
  • Ano: 2013
  • Editora: Intrínseca
  • Páginas: 448
  • Amazon

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