Sabe aqueles livros em que, quando você está lá quietinho na livraria observando a capa, lendo a sinopse ou conferindo o que outras pessoas acharam, você pensa, e em muitos casos tem absoluta certeza de que sabe do que se trata o livro?! Você já pensou, ou teve certeza de que aquele livro se encaixava exatamente no gênero? Imaginou algum desses livros? Já passou por alguma situação parecida? Pois agora imagine que esse livro não é exatamente aquilo que você imaginou, não se encaixa naquele gênero, e o mais engraçado e surpreendente, se encaixa em outros. Dark House é exatamente assim. Ele possuí um pouco de tudo, e por incrível que possa parecer, consegue unir muito bem essa mistura, além de conseguir me surpreender positivamente!
Toda a história deste livro nos é apresentada pelo ponto de vista da carismática e um pouco confusa, Perry Palomino. A Perry é uma jovem de 22 anos que possuí um emprego de secretária em uma empresa de publicidade, uma dessas empresas que possuem sede em um daqueles prédios enormes de escritórios. Ela passou por todo o tipo de experiência durante a sua adolescência, e além disso, já fez tratamento e terapia para… bem, essa informação eu vou deixar que vocês descubram sozinhos! Ela já fez um pouco de tudo, já teve aulas de defesa pessoal, já fez aulas para ser uma dublê, mas após tentar seguir por vários caminhos ela decidiu se formar em publicidade. E mesmo sendo formada no ramo que escolheu para si, ela muitas vezes pensa que ainda não está no caminho certo, que o rumo que sua vida está seguindo não é o que ela realmente esperava. Ela odeia o seu trabalho atual, mas se contenta com ele, já que mora com seus pais e precisa de dinheiro para seguir com sua vida.
Durante um belo, ou entediante e chato, dia de trabalho, Perry se encontra com uma senhora idosa um pouco estranha, para dizer o mínimo. Aquela velha esquisitinha estava sentada em um dos
sofás da recepção do edifício e não se movia por nada nesse mundo, mas o mais estranho era o fato de que aparentemente ninguém em todo o salão da recepção, parecia notar a presença daquela senhora que usava uma maquiagem vibrante demais para sua idade. Aquela cena bizarra permanece na mente de Perry, mas logo vai embora, quando ao chegar em casa, recebe a notícia de que ela e sua família irão passar o final de semana na casa do tio. Este possuí uma propriedade na praia, que além de possuir uma extensão considerável, possui também um farol abandonado e lacrado por muito tempo, desde antes de Perry ter nascido.

O cheiro de poças da maré e de alga apodrecida penetrava entre as fendas onde o silicone se esfarelou. Eu não sabia onde estava nem por que estava ali, mas sabia que algo havia me atraído.

Durante a noite, os primos de Perry convidam alguns amigos para ir até a praia, dentre os convidados estavam Perry e sua irmã mais nova, que provavelmente era a mais nova do grupo e, como todo adolescente, não poderia ficar de fora da festa. Acontece que uma fogueira cercada por adolescentes pode ser divertida até certo tempo. Depois disso você vai querer estar bem longe dali, vai estar desejando um tempo sozinho, ou então considerando nossa personagem principal e o lugar onde estava, vai querer um tempo sozinho para explorar um certo farol abandonado. E foi exatamente isso que nossa querida Perry decidiu fazer, afinal, o que poderia acontecer dentro de um farol? E eu te respondo, caro leitor, muitas coisas. A primeira delas é um encontro nada convencional com um certo homem chamado Dex; a segunda é a descoberta de que, aparentemente o tal farol é assombrado por uma presença maligna; a terceira é ficar presa dentro de um quarto escuro e não conseguir sair de lá sozinha; a quarta é ser encontrada por seus primos, que sentiram sua falta e decidiram te resgatar do farol abandonado, e a quinta, e talvez mais importante de todas, é descobrir que aquele homem que você conheceu no farol abandonado e mal-assombrado do seu tio, simplesmente desapareceu.

O prédio estava lacrado, e a luz do farol não funcionava, mas parecia vivo para mim, como se estivesse apenas dormindo.

Dark House é aquele tipo de livro que te fisga no começo da leitura e te transporta para outro mundo juntamente com a personagem principal. Além disso ele te deixa encucado com relação aos mistérios e segredos relacionados a história e aos personagens. Porém, apesar de fazer parte da série Experimente o Terror, eu tenho que admitir que não consegui sentir medo. Nem mesmo um pouquinho de apreensão foi capaz de surgir enquanto lia o livro, e veja bem, eu estava lendo o livro durante a noite e sozinha, tudo estava propício. Não me entendam mal, existem sim, momentos, cenas e situações específicas criadas (e muito bem criadas e situadas, por sinal) pela autora que são cenas típicas de histórias de terror, mas em muitos casos, elas são muito comuns, muito exploradas, por isso não chegam a assustar qualquer um. Talvez eu não tenha sentido medo pois sou uma pessoa apaixonada por filmes, histórias, livros, jogos, ou qualquer coisa relacionada ao gênero terror. Sendo assim, talvez não seja tão fácil me assustar. Mas isso não significa que outras pessoas não sentirão medo ou apreensão ao ler o livro!

Outra coisa interessante que aconteceu enquanto eu lia o livro foi que, em vários momentos, eu me pegava dando boas risadas! Eu sei, eu sei, até eu admito que é um pouco estranho que, um livro que deveria ser de terror/suspense, me dê vontade de dar risada, mas eu vou explicar tudo para vocês. Como eu havia comentado no começo da resenha, a Perry possuí 22 anos. Essa semelhança de idade já fez com que eu me identificasse um pouco com a personagem, mas ao longo da história foram tantos detalhes, tantos aspectos, tantas coisas que ela fala e pensa que eram muito parecidos (para não dizer iguais) com o que eu penso, que eu me apeguei demais à personagem. Além de me apegar à personagem, eu morria de rir com os pensamentos confusos, estranhos, perdidos, fofos e engraçadinhos dela era como se eu estivesse me observando ao longo da história! Ela pensa cada coisa, e mesmo com tudo o que ela via ou imaginava, ou com tudo o que estava acontecendo, ela sempre vinha com um pensamento, uma opinião sobre o assunto, tudo isso me ajudou a dar boas risadas, além de tornarem o livro mais leve.

O trabalho que a Editora Única realizou neste livro está maravilhoso! Eu confesso que dei uma olhada na capa original (eu e meu problema com as capas) do livro, e preciso dizer que a capa nacional está linda, muito melhor do que a original. Ela se apresenta em um formato que te fisga na primeira olhada, além de deixar aquela sensação de suspense no ar. O trabalho de formatação do livro também está perfeito. Eu confesso que sou um pouco chata com relação a formatação e capas de qualquer que seja o livro, eu sou o tipo de pessoa que adora encontrar pequenos detalhes que mostram que a editora realmente se importa com a obra, que possuí carinho por ela e que quer trazer alguma coisa diferente para o livro. Por esse motivo eu amei o fato de que, a primeira linha de cada capítulo está escrita em uma fonte diferente. O único problema que encontrei, é que ainda existem alguns errinhos de revisão, não é nada grave e são pouquíssimos erros, mas eles estão ali.

De certa forma, ao lidar com os mortos, eu nunca havia me sentido tão viva.

Por fim, preciso dizer que adorei o livro. Como este é apenas o primeiro livro da série, eu imagino que muita coisa vai acontecer, muitos segredos serão revelados, muitos fantasmas aparecerão, porém o que eu mais quero é ver dois personagens juntinhos, formando o par romântico mais fofo e, até certo ponto, problemático, deste mundo. Dark House é um ótimo livro muito bem escrito, acredito que ele seja uma boa pedida para os leitores mais medrosos, que querem se arriscar em livros de terror/suspense, mas não querem começar com algo muito pesado ou assustador e também para aqueles leitores que nunca leram um livro assim, mas querem pegar gosto pelo gênero. Se você não se encaixa em nenhuma dessas situações e está apenas curioso com relação a obra, não se preocupe, leia o livro e “Experimente o Terror“.

Como se meu destino soubesse exatamente o que eu pensava, captei um vislumbre de uma figura parada numa das janelas do aeroporto.

  • Dark House
  • Autor: Karina Halle
  • Tradução: Santiago Nazarian
  • Ano: 2011
  • Editora: Única
  • Páginas: 349
  • Amazon

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