J. A. Redmerski ganhou um lugar muito especial no meu coração, após Entre o Agora e o Nunca (resenha) e Entre o Agora e o Sempre. Desde que vi a capa de A Morte de Sarai pela primeira vez no facebook da Suma de Letras, fiquei enlouquecida. Logo vi que não se tratava de um romance, e sim algo mais tenso e com suspense.
Sou simplesmente apaixonada por este gênero, e queria muito ver como J.A. iria se sair neste universo. Obviamente fiquei um pouco angustiada, pois não queria me decepcionar com uma escritora tão boa, e descobrir que ela só poderia escrever um tipo de história. Comprei o meu exemplar de presente de aniversário, e depois, fui curtir!
A história inicia com Sarai, uma jovem americana de 23 anos de idade, que vive em cativeiro desde os 14 anos, em algum lugar remoto do México. Sarai era uma adolescente típica americana, ansiava por terminar os estudos, queria arranjar um namorado bacana, e ainda tentava descobrir qual universidade gostaria de ir. Porém, desde jovem, Sarai já passou por diversos problemas. Moravam em trailer, ela e a mãe que sempre foi muito instável, teve diversos namorados e muitos deles gostavam de se achar no direito de mandar em Sarai. Nesta época, Sarai passa mais tempo com uma vizinha de trailer, a Sra. Gregory, uma senhora que ensina a tocar piano, e é uma presença familiar e constante na vida dela.
Segundos depois, em um movimento aparentemente rápido demais para que eu acompanhe, cada um dos clientes leva um único tiro na cabeça e cai morto diante de mim.
É neste contexto que o novo “namorado” da mãe de Sarai aparece. Javier tem boa aparência, e ganha a mãe de Sarai. Esta por sua vez, nota algo estranho no homem, seus olhares para ela, nada está bem. E ela tem razão. O homem leva ela e sua mãe para o México e após a morte da mãe, Sarai é mantida presa em um cativeiro. “Felizmente”, Sarai é a preferida de Javier, e somente ele chega perto dela, e Sarai é poupada dos horrores que as outras meninas sofrem, como estupros e espancamentos. Obviamente quando digo que Sarai era “poupada” me refiro a abusos sofridos por diversos homens diferentes. A diferença é que apenas Javier abusa dela, que deve estar pronta para ele quando ele quiser, e ainda é levada a eventos, e mostrada como objeto dele.
O instinto de sobrevivência de Sarai logo lhe mostra o caminho no qual deverá seguir se quiser se manter viva. Assim, ela está sempre pronta para Javier, finge que gosta de seus carinhos, que gosta de ser apenas seu objeto. Dessa maneira ela consegue manter-se em “segurança” e ainda conquista alguns “luxos” que outras meninas presas com ela não têm acesso, como sabonetes e desodorantes. Tudo da pior qualidade, pois quem faz as compras é a irmã de Javier, Izel, que detesta Sarai com todas as suas forças. Hoje com 23 anos, Sarai já vive na prisão de Javier há 9 e vive no mesmo quarto (cela) que ela a jovem Lydia. Fazem exatamente estes mesmos anos que Sarai não vê uma pessoa americana. Até hoje. O americano na sala do casebre é alto, cabelos curtos, muito bem vestido. Veio para negociar com Javier a morte de um homem. O preço é alto, milhões de dólares. Sarai nunca havia visto o americano antes, mas logo que o vê pela fresta da
porta do seu quarto sabe que é a sua única chance de sair do México com vida.

Sarai sai pela janela do quarto, e consegue percorrer a distância do quarto até o carro. Os guardas que deveriam estar cuidando do perímetro, estão mais focados em qualquer outra coisa, já que ninguém foge de lá. Fugir seria a sentença de morte, já que o local é tão afastado de tudo, que seria impossível não localizar um fugitivo. Sarai se esconde atrás do banco do americano, e tenta não fazer nenhum som. Ele demora uns instantes para arrancar, mas logo sai, e Sarai vê novas possibilidades surgindo na sua vida.

Em um segundo apenas, meu cabelo está enrolado em sua mão e sua arma está pressionada sob meu queixo, forçando meu pescoço tão para trás que temo quebrá-lo se me mexer.

Mas a felicidade de Sarai logo é jogada pela janela. O americano não é tão amigável como ela pensou. Afinal, o cara é um assassino! Logo ela se vê inserida em um jogo de interesses, e teme por sua vida a cada instante. Em segundos se sente extremamente segura com o americano chamado Victor Faust, e segundos depois tem certeza que ele vai matá-la. Aos pouco vai se sentindo mais e mais ligada ao misterioso assassino Victor. Ele não é de falar muito, mas seus olhares são intensos, e suas ações são controversas. O livro me deixou tensa e ansiosa do início ao final. E não consegui largá-lo enquanto não acabasse. Me levou a um mundo de injustiças, em que não se tem ninguém para contar, e que qualquer pessoa por perto pode significar a sua vida. O que me tocou mais nessa história, foi saber que em diversos lugares do mundo esta realidade existe, até piores do que Sarai viveu. Nada nesta história é impossível de acontecer, e as reviravoltas são comuns e extraordinárias.

Posso afirmar que J.A. se superou nesta história. Embarcou em um mundo completamente diferente de Entre o Agora e o Nunca e o esmiuçou com uma maestria digna de mestres do suspense e reviravoltas como meu queridinho Stephen King. A série Na Companhia de Assassinos será composta por 5 livros, o próximo chama-se O Retorno de Izabel com publicação prevista para julho de 2015. Os outros 3 livros da série chamam-se O Cisne e o Chacal, Seeds of Iniquity e The Black Wolf, ainda sem título traduzido ou data de lançamento no Brasil.

  • A Morte de Sarai
  • Autor: J.A. Redmerski
  • Tradução: Michele Vartuli
  • Ano: 2013
  • Editora: Suma
  • Páginas: 255
  • Amazon

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