Mad Max: Estrada da Fúria – Crítica

18 jun, 2015 Por Joi e Bel

Depois de 30 anos da trilogia Mad Max protagonizada por Mel Gibson, George Miller volta como diretor, roteirista e produtor da franquia mais insana que eu já assisti em toda minha vida. E o melhor, volta acompanhando por toda a tecnologia que o ano de 2015 provem, provando que a ideia genial de Mad Max continua sendo bem explorada pelo cineasta.Trinta anos foram necessários para que a mente criativa e maravilhosa de George Miller pensasse, formulasse novas ideias e guardasse energia para o que estava por vir, e o que estava por vir era nada menos do que insano, absurdo e estupidamente maravilhoso. É verdade que, Mad Max não é um filme com início, meio e fim, pelo contrário, acredito que o telespectador pegue apenas parte do meio, assim meio perdido, muito mal explicado e muito mais interpretado por nossas cabeças. Mas de jeito nenhum isso é uma coisa ruim, eu diria que é algo simples mas genial, o simples é sempre mais. .

O filme começa em quinta marcha e nele já somos apresentados à Max (Tom Hardy) um viajante solitário desse novo mundo. A sociedade enlouqueceu completamente, existiram guerras por gasolina e água, a sociedade que conhecemos hoje não existe, ou seria mais fácil interpretar que nunca existiu? As cidades acabaram e o deserto tomou conta de tudo, ou seja, foi a ação dos seres humanos (ou empresas) impactando no futuro (algo diferente de hoje em dia?), e apenas três cidades controlam o que resta dessa sociedade, aqueles que ainda detêm poder de grandes reservas desses meios, no caso da comunidade de Immortal Joe (Hugh Keays-Byrne), água. É assim que ele controla e explora esta população, e assim que ele é endeusado com direito a discípulos e promessas de ida a Valhala para quem morrer para a sua glória.

Após ser raptado pelos seguidores de Joe e de ter sido desumanizado e mantido como bolsa de sangue para os meias-vidas, mais precisamente de Nux (Nicholas Hoult), Max vê a oportunidade de estar no meio de uma guerra e possivelmente de ser livre novamente. A Imperatriz Furiosa (Charlize Theron), em meio de mais uma de suas expedições em busca de gasolina, aproveita a oportunidade para se arriscar e acobertar a fuga de algo precioso, algo que mostra, mais uma vez humanos tratados como objetos no reinado de Immortal Joe, tão valioso que ele move um exército para o resgate. Em meio de uma perseguição de tirar o fôlego, sem interrupções, com cenas incríveis, memoráveis e totalmente brutais, Max e Furiosa resolvem se aliar em meio a esta fuga insana.

É difícil falar sobre o enredo em si e as motivações de cada personagem e eu não diria que é algo complexo de se entender, é um enredo que apresenta diversas nuances de entendimento, algo que possibilita diversas analises para o telespectador. Dentre elas o ciclo da trama, com a fuga, a perseguição e a percepção de que no estado em que eles se encontram e no estado em que esta sociedade está, fugir é loucura e depois o final, que eu não classificaria de outra maneira sem ser de redenção. Miller dá uma aula de narrativa, o filme não é apenas um filme sem significado, com um monte de explosões aleatórios e muita violência, ele vai além, é necessário enxergar as entrelinhas e pensar um pouco (puxa!). Eu diria que o filme passa de seis a sete críticas sociais, reais e atuais da nossa sociedade.

Existem muitas quebras de paradigmas neste filme, uma é o fato do próprio Max, o protagonista da história que está menos Mad e mais Max, ele fica de lado e Furiosa leva todos os créditos, com suas motivações, quaisquer que sejam, e sua força. E é esta força feminina dentro do filme que é notável, não é sutil, é claramente marcante. Ela está lá para nos mostrar que não, as mulheres não são indefesas, que sim, elas podem mudar o mundo. A representatividade feminina em Mad Max marca uma nova era para as franquias, o que andou até incomodando a crítica, e minha pergunta é porquê? Mas voltando as atuações, nenhuma deixou a desejar, os atores encarnaram os personagens, com atuações eletrizantes e visualmente fascinantes, todos ganham destaque.

Falando em visual, cenário e fotografia impecável (John Seale), temos a trilha sonora (Tom Holkenborg) que na minha opinião arrepia desde o trailer. Existe cena que te envolva mais quando unida a música clássica e instrumental? Estas músicas são totalmente impactante diante as cenas e cai como uma luva. Pode se dizer que o bizarro se saiu perfeitamente aqui? Quem viu sabe o que estou falando, mas falarei apenas três coisas: tambores, guitarras e alto falantes. O trabalho desse homem merece todo o nosso respeito e admiração. A trilha sonora não apenas complementa, mas se integra a trama, se infiltra nas cenas de ação e nos faz vibrar com tudo o que vemos, ouvimos e, porque não, sentimos ao longo do filme. Sobre os efeitos? Miller evitou o quanto pode utilizar dessa tecnologia, então sim, grande parte de todas as explosões e capotamentos que vemos em Mad Max, são reais! Essa estratégia criou uma obra de arte fantástica, criou sequencias brutais, insanas, maravilhosamente bem montadas, que deixam qualquer um com o queixo caído e dão ainda mais realidade e emoção para o filme.

Outro detalhe que vale a pena ser destacado é a redução de fala dos personagens, praticamente não encontramos diálogos, eles existem, sim, mas são curtos e diretos, vão direto ao assunto e nos dão apenas a informação que necessitamos para entender o mínimo possível desse universo brutal e insano. Aqui precisamos prestar atenção e usar um pouco a mente (puxa! de novo) para entender certos aspectos, e isso é um trunfo enorme do filme!

Mad Max é o filme de ação do ano! Com a direção certeira de George Miller, ele mostra que chegou para desbancar qualquer outro filme do gênero. O filme chega para mostrar uma fórmula única, de ação pura que prende o espectador do começo ao fim, mas que também faz uso de elementos muito próximos de nossa realidade, nada do que vemos em Mad Max (bom, talvez alguns pequenos detalhes) é impossível de acontecer, para ser sincera, os acontecimentos são totalmente possíveis. Tudo neste filme está impecável, tudo foi feito para mostrar que sim, George Miller voltou, e voltou para ensinar.

O novo Max Rockatansky estava perdido no tempo, e de certa forma está perdido no meio de uma cronologia que não conseguimos destrinchar, resumindo, Mad Max atropela mesmo sem Mel Gibson! Testemunhem produtores e atores fazendo jus ao original e digo mais, testemunhem o melhor e uma volta gloriosa. Como melhor filme de ação do ano (sim, eu já me arrisco!), seria Mad Max: Estrada da Fúria um remake? o próximo de uma cronologia? Nem mesmo Miller nos deu grandes informações sobre em que ponto essa nova história se encaixa, mas aí está a graça. A questão é que ninguém sabe, e já rendeu diversas discussões, mas sinceramente, 30 anos depois, ninguém quer saber mesmo.
Quer saber mais? Escutem este NerdCast, mas se você não viu o filme ainda, cuidado com spoilers.

  • Mad Max: Fury Road
  • Lançamento: 2015
  • Com: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult
  • Gênero: Ação, Ficção Científica
  • Direção: George Miller

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