Desde que soube do lançamento de mais um romance de época da Arqueiro e já sabia que de alguma forma eu ia acabar lendo, depois de ir no encontro que tivemos aqui em Porto Alegre e conhecer mais sobre Loretta Chase, eu não via a hora de conhecer este tal de Dain, Sebastian, Lorde Belzebu, o Príncipe dos Canalhas.
Abandonado aos 8 anos de idade por sua mãe e rejeitado pelo pai que o achava um monstro (que na minha opinião, por ser filho de uma estrangeira italiana, apenas não se encaixava nos padrões de beleza da época), Sebastian Ballister, conhecido como Lorde Dain se criou e cresceu em um internato para jovens meninos. Lá, depois de ter vencido todas as implicações e insultos de seus colegas, Sebastian começou a construir parte de sua reputação. Sebastian cresceu com a raiva e ódio em seu coração, virou uma pessoa fria e grosseira, desde cedo já era chamado de o filho do diabo, depois de adulto, o Lorde Belzebu em pessoa.
Depois da morte de seu pai, assumiu toda a herança da família, e sozinho tirou suas propriedades da lama, situação da qual seu pai havia deixado, construiu um império para si, o seu próprio inferno. Nenhuma alma atrevia-se atravessar o seu caminho, nenhuma dama respeitável o queria como marido, ele fugia de compromissos, era dono de si e gostava de levar uma vida de libertino, era um devasso e levava uma vida de pecado e gostava disso. Mas tudo mudaria quando Bertie Trent começou a andar sob a influência de Dain, disposta a afastar seu irmão do mal caminho Jéssica Trent chega a Paris para enfrentar o próprio diabo.
Jéssica por conta própria escolheu recusar todas suas propostas de casamento para ser uma solteirona, para sozinha abrir sua loja de vendas e conseguir seu próprio dinheiro. Um verdadeiro escândalo para a época, mas ela não ligava para os tabus da sociedade e não seria isso e nem as ameaças de Lorde Dain que a tiraria do seu objetivo e é claro que foi logo essa sua determinação e a falta de papas na língua que despertou o interesse de Dain na bela dama, mesmo que ele jamais admitisse isso.

– Acho que o senhor está me ameaçando – disse ela. – Permita me deixar tudo bem claro (…), – Posso destruir sua reputação em menos de trinta segundos. Em três minutos, posso reduzi-la a pó.

O livro tem um “Q” de “O Cravo e a Rosa” e eu amei cada discussão desses dois desde seu primeiro encontro, Jéssica é muito inteligente e por isso tem a língua afiada, por vezes o próprio Dain parecia perder a fala com tamanha audácia e insolência de Jéssica. Ele também é um Lorde difícil, não está acostumado a ser cortês para agradar ninguém e muito menos receber ordens, ainda mais de uma mulher. O livro é recheado de intrigas, de humor e de cenas hilárias.

E, se eu não aceitar, vai tentar destruir a minha reputação – retrucou ela, concluindo o raciocínio. -Não será uma tentativa – refutou ele. Ela se sentou de maneira bastante ereta na cadeira e cruzou as mãos delicadas e enluvadas sobre a mesa. – Pois eu gostaria de vê-lo tentar – declarou ela.

Eu amei a maneira que Jéssica desafia Lorde Belzebu e amei cada artimanha que eles encontravam para estes confrontos. É difícil dizer quem é mais cabeça dura. No meio deste pé de guerra que eles criavam, paralelamente a sociedade e os fofoqueiros da região logo iniciaram as apostas para saber quem se renderia primeiro. A personalidade de cada personagem é mais do que difícil, e ambos a todo momento achavam que o outro sempre estava a um passo a frente apenas para acabar com a reputação do outro, a dela como solteirona independente que homem nenhum poderia domar e a dele, o diabo em pessoa.
Diferente de Julia Quinn e Mary Malogh a escrita de Loretta Chase e a maneira que ela conduz o leitor é diferente. Com a escrita em terceira pessoa mas alternada entre os pontos de vistas de cada personagem ela mal nos apresenta diálogos, eles são poucos e simples. Mas a verdade que a ausência disso não atrapalhou minha leitura, foi algo diferente eu adorei isso. As descrições das cenas são tão reais que mesmo sem saber o que cada personagem diz em certos momentos, nós conseguimos viajar nos devaneios de cada personagem e entender o que cada um está sentindo.

Eu amei estes personagens e me diverti muito conhecendo a história desses dois, mas para quem está acostumado com as outras autoras desse gênero, estejam cientes que vocês encontrarão algo peculiar. O Príncipe dos Canalhas é um livro muito mais sensual, apesar da inexperiência de Jéssica em relação ao depravado do Dain, ela não fica para trás de jeito nenhum, pois teve a criação de sua avó outra personagem totalmente a frente de sua época. Então sim, o livro tem muita tensão sexual entre os personagens e isso acabou me instigando ainda mais durante a leitura, é quase como a música, “entre tapas e beijos” hahaha. Mas fiquem tranquilos não tem nenhuma agressão física aqui, quanto aos insultos não posso dizer nada!.

Leiam Loretta Chase e descubram uma outra forma de contar romances históricos, descubram personagens mais do que originais, de personalidades fortes e únicos, totalmente opostos da época que viviam e que juntos são perfeitos mesmo com a infinidade de imperfeições que cada um tem!

  • O Príncipe dos Canalhas
  • Autor: Loretta Chase
  • Tradução: Ivar Panazzolo Junior
  • Ano: 2015
  • Editora: Arqueiro
  • Páginas: 288
  • Amazon

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