Kurgala é um mundo abandonado pelos Quatro que são Um. Um mundo onde quatro deuses viviam sozinhos, até o dia que resolveram criar diversos seres para lhes fazer companhia. A criação desses seres despertou a fúria dos espíritos, senhores de Kurgala.
Para evitar que os espíritos exterminassem com todos os seres que já habitavam este mundo os quatro resolveram se isolar em suas casas e nunca mais sair. Adapak é o filho de um desses Deuses, é um ser com olhos brancos e sua pele é da cor de carvão. Desde seus quatro ciclos de idade viveu na casa de seu pai, uma ilha sagrada e venerada por muitos, mas aos dezenove, sua casa é invadida e ele é obrigado a deixar seu lar, e fugir.
Agora ele era caçado por um grupo de assassinos. Adapak é obrigado a mergulhar em um mundo novo que só conhecia através dos livros. Apesar de ter crescido isolado do resto do mundo, Adapak teve um treinamento pesado, ele aprendeu uma técnica de luta única, estudou durante anos sobre as raças, espécies e tudo que o mundo de Kurgala abriga e esconde.

O tempo que ele tem é pouco, e seus caçadores parecem estar sempre a um passo à frente, ele deve se acostumar muito rapidamente com tudo que está acontecendo e ainda entender o por que alguém o quer morto. Em uma história repleta de ação, Adapak descobrirá nesta aventura quem serão seus verdadeiros aliados, quais os objetivos do seu inimigo, e o principal, quem é ou são eles.

O livro é narrado através da perspectiva do protagonista com capítulos intercalados com o passado o presente. A narrativa do autor é fluida, mesmo nos deparando com nomes de seres e lugares tão peculiares. A construção do personagem principal me chamou bastante atenção, o autor entregou para os leitores uma ambiguidade única ao personagem. Adapak ao mesmo tempo que é letal com suas espadas gêmeas, é também muito inocente e ingênuo diante ao mundo que o cerca. Os livros de sua casa não o ensinaram sobre a malícia que se precisa num mundo já corrompido.

O Espadachim de Carvão é uma leitura cheia de ação, reviravoltas e tensão. Depois de se envolver com a história é impossível não querer terminar, este mundo criado realmente funciona com o leitor, é fácil imaginar esta realidade. São tantos mistérios, tantas perguntas que suas 256 páginas acabam passando muito rapidamente.

O autor veio para Porto Alegre no último dia 17 e eu tive o prazer de conhece-lo e autografar meus exemplares. Nos poucos minutos que tive com ele, perguntei em quantos livros ele pretendia finalizar a série e ele não soube dizer, então provavelmente teremos uma série longa por aí, o que pode justificar também algumas explicações que me pareceram um pouco superficiais.
Além disso, o autor deu várias notícias para os fãs, umas delas foi sobre a história de Tamtul e Magano. O livro que Adapak lê durante sua infância será lançada em HQ muito em breve, também existe um projeto para um game a ser desenvolvido, mas isso são planos para um futuro distante. Na noite de autógrafos, Affonso também trouxe a action figure de Adapak que pode ser comprada neste link.

O segundo livro, O Espadachim de Carvão e as Pontes de Puzur, foi lançado nesta Bienal e nele seremos apresentados a Puzur. O enredo acontecerá anos antes da Kurgala do primeiro livro, anos antes do nascimento de Adapak. Para quem leu o primeiro livro, sabe quem foi este personagem, pois já tivemos uma prévia sobre ele.

Com um ritmo linear e uma narrativa atual, Affonso Solano me fisgou para o seu mundo mitológico, a fantasia que antes custava em me conquistar novamente, hoje faz eu querer ler mais livros do gênero. Nada me deixa mais feliz, e o melhor, o responsável por isso é nacional!

  • O Espadachim de Carvão
  • Autor: Affonso Solano
  • Tradução: -
  • Ano: 2013
  • Editora: Leya
  • Páginas: 256
  • Amazon

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