Quando a Joi entrou em contato comigo, comentando sobre a possibilidade de realizar a leitura desse livro nacional que, somente pela capa já havia me deixado extremamente curiosa, eu aceitei praticamente na mesma hora. Desde o começo do ano venho tentando dar mais chances para a literatura e os autores nacionais. Nós possuímos muitas histórias maravilhosas que merecem ser valorizadas e merecem ganhar um espaço especial em nosso coração, porém em meio a tantos lançamentos e opções, os livros nacionais acabam ficando em segundo plano, digo isso pois já deixei muitos nacionais de lado para adquirir aquele lançamento tão esperado. Por esse motivo, e por estar tentando inserir mais nacionais nas minhas leituras, não poderia deixar a oportunidade escapar. Como sempre gostei de ficção científica, o livro possuía diversos atrativos para essa leitora exigente, e preciso confessar, estou extremamente feliz por ter aceitado realizar essa leitura!

Há muito tempo não se discutiam teorias socialistas, neoliberalistas, capitalistas ou que carga “istas” fossem, nem mesmo há algum tempo, na época de seu nascimento.

Em Condão, nós seremos apresentados a um Brasil do futuro, um Brasil com uma realidade muito diferente daquela que estamos tão acostumados e cansados de ver todos os dias. Nesta história nós iremos conhecer um país extremamente diferente, mudado, evoluído. Em Condão nós veremos um Brasil que se transformou de um país em desenvolvimento para uma potência mundial. Observaremos um país que dita o caminho da humanidade. Graças a Jeremias, um líder político determinado, justo e de visão, nosso país que hoje é repleto de corrupção, pobreza, injustiças e desigualdade se transformou em um país rico, onde a pobreza foi erradicada, a desigualdade desapareceu, a tecnologia era utilizada para facilitar a vida de todos os cidadãos, a justiça era mantida através de centrais informatizadas e os grandes avanços tecnológicos geraram drones extremamente inteligentes, capazes de garantir a segurança das cidades e conviver com os humanos em harmonia.
Mas esse livro não trata, apenas, da trajetória de um país e sua nação rumo ao desenvolvimento. Apesar de encontrarmos esse presente maravilhoso, digno de orgulho de qualquer leitor brasileiro e sonho de qualquer cidadão, Giordano Mochel Netto nos direciona para um evento trágico. Tudo começa quando Edwardo, um jovem programador virtual, morador da cidade do Rio de Janeiro, presencia o assassinato de dois jovens. Tudo acontece de forma rápida, é assim que somos inseridos ao novo mundo onde as ruas são pacíficas e seguras, até mesmo de madrugada. Porém, o que nos surpreende e assusta, e o que faz com que Edwardo fuja o mais rápido possível da cena que acaba de presenciar, é o fato de que quem cometeu tal ato foram drones de segurança, robôs que supostamente deveriam garantir a segurança de civis e preservar a vida humana.
Por ser o único a escapar do atentado contra a vida humana, por ter presenciado tal atitude e comportamento irregular, e por possuir então um alvo sobre suas costas, Edwardo se torna um procurado pela polícia e por drones de segurança. Em busca de ajuda e de compreensão de toda a situação, o personagem consegue auxílio de seu grande amigo, o professor Jânio, e de sua namorada Silvia. Juntos, os dois personagens serão responsáveis por auxilia-lo em sua fuga, juntar pistas em um quebra cabeça grande e complexo e unidos o trio irá perceber que existe algo por trás do comportamento irregular observado nos drones. Conforme buscam pistas e informações o trio encontrará as primeiras pistas que levarão para uma enorme teia de mentiras contadas desde o início da Era de Ouro do Brasil, iniciada pelo líder Jeremias, e ainda serão inseridos em um plano muito maior do que algum dia poderiam imaginar.

A cada nova geração há um salto evolutivo de capacidade mental que levaria décadas, até séculos, para ocorrer. Se vamos conviver com as máquinas igualmente, que estejamos em um nível razoável.

Assim que virei a última página, li a última frase, dei aquela bela olhada no livro que havia lido, no momento em que terminei a leitura de Condão eu me vi perdida. A história me encantou de tal forma que assim que finalizei a leitura já com uma saudade enorme de tudo aquilo que havia acabado de ler. Me sinto orgulhosa dessa obra, estou feliz por ter a oportunidade de vir aqui e compartilhar com vocês uma história tão bem pensada e escrita, não poderia estar mais contente por ver a literatura nacional destacar mais um talento.
Uma das primeiras coisas que chamaram a minha atenção durante toda a leitura desse livro, foram as diversas críticas sociais inseridas ao longo de toda a narrativa. O autor, além de nos presentear com o contexto interessantíssimo de um Brasil futurista, desenvolvido e repleto de tecnologia, apresenta de uma maneira maravilhosa diversos fatos e situações atuais e erradas de nosso país, mas a crítica não para por aí, ela atinge, de uma maneira mais singela, problemas mundiais, observados por todos nós. Com muita inteligência, a narrativa aponta para nossos problemas, destaca fatos revoltantes de nossa história e da realidade brasileira.O autor foi feliz ao apontar nossas falhas de uma maneira que estivesse muito bem integrada a história, de maneira que tudo estivesse conectado ao que ele queria nos apresentar, mas Giordano Mochel Netto foi além. Percebi, em mais de uma parte do livro, diversos comentários
sobre mudanças, sobre desejos, sobre sonhos que todo cidadão brasileiro já teve ou têm para com seu país, sobre a vontade de viver em um país justo, correto, livre da corrupção, da pobreza e de tudo aquilo que nos atrasa e prejudica. Não sei dizer se era intenção do autor destacar tudo isso que percebi, mas gostei de ver esse aspecto inserido na obra, acredito que esses detalhes conseguiram transformar o livro em algo mais!

Outro aspecto que me alegrou muito, foi a quantidade de informação apresentada durante toda a narrativa. Talvez, devido a formação do autor; por sua curiosidade por vários temas apresentados  essa história; ou ainda pela união desses dois motivos, percebemos um ótimo embasamento durante todo o livro. Aqui observamos um maravilhoso exemplo de como é possível integrar informação e fatos a uma história fictícia e ainda trazer algo empolgante, cheio de ação e aventura. É verdade que em certos aspectos essas informações podem ser um pouco confusas, principalmente para aquelas pessoas que, assim como eu, não estão familiarizadas  com os temas abordados, mas, conforme a leitura flui, toda aquela informação é posta em prática e ganha um
lugar na história, permitindo o entendimento do leitor.

Vozes de todos os tipos, 3 mil, 10 mil rostos, dores, amores, sabores, lugares, sentimentos, alegrias, tristezas de todas as vidas.

Comentando um pouco sobre a edição do livro, eu preciso dizer que fiquei impressionada. Quando o exemplar chegou aqui, eu quase caí para trás, nunca tinha visto tanto cuidado e carinho empregado em uma obra nacional. O exemplar veio dentro de uma caixinha especial, e dentro dessa caixinha encontrei cartões com ilustrações dos principais personagens da história. Adorei essa ideia, é uma ótima forma de permitir a melhor visualização dos personagens por parte do leitor. O único detalhes que me incomodou foi o fato de que encontrei alguns errinhos de revisão ao longo da leitura. Não é nada grave, mas gostaria de observar uma edição e revisão perfeita, pois a obra merece.
Resumindo, Condão pode ser considerado um livro completo. Apesar de possuir a ficção científica como seu gênero mais presente e forte, também encontramos uma pitada de romance, humor e drama ao longo da narrativa, o que trás equilíbrio e dinamismo para a história. Condão é um ótimo exemplo de literatura nacional que merece destaque, o livro consegue te prender, te deixar instigado, curioso, vale a pena cada palavra lida e cada página virada. Por fim, além de indicar o livro a todos os leitores apaixonados por nacionais e ficção científica, eu preciso parabenizar o autor pelo ótimo trabalho, não poderia estar mais contente por ter tido a oportunidade de conhecer essa história!

Até que, enfim, conseguiu. Abriu um enorme sorriso. Na mão em concha, uma pequena bolha digital.

  • Condão
  • Autor: Giordano Mochel Netto
  • Tradução: -
  • Ano: 2015
  • Editora: Novo Século
  • Páginas: 2015
  • Amazon

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