Quando terminei de ler Eu Vejo Kate eu fiquei maluca. Eu precisava saber mais daquela história, saber mais da mente que criou aqueles personagens. Foi daí que resolvi entrar em contato com a autora Cláudia Lemes. Primeiro, para parabenizá-la e depois para perguntar todas as questões que estavam pairando e minha cabeça. É com alegria que hoje trago esta entrevista para vocês, é um prazer trazer entrevistas de autores que me surpreendem, de autores de qualidade e que escrevem histórias incríveis. Conheçam!

Natural de Santos (SP), Cláudia Lemes cresceu no Rio de Janeiro, na Califórnia (EUA) e no Cairo (Egito). Teve a oportunidade de conhecer dezenas de países em quatro continentes e foi essa vida cheia de aventuras, a responsável por seu fascínio pela história, mente e comportamento humano. Ao voltar para o Brasil, viveu na cidade de São Paulo, decidiu estudar criminologia por hobby – depois de passar por uma tentativa de assalto -, e nesse caminho a curiosidade pela mente de assassinos em série despertou toda sua atenção. Ao perder a mãe, em 2014. Cláudia se apegou ao prazer de escrever. Assim, depois de dez anos de pesquisa, nasceu Eu Vejo Kate – O despertar de um serial killer. Atualmente, Cláudia mora em Santos, com o marido e os três filhos.

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) Eu Vejo Kate é seu primeiro livro publicado?

É meu primeiro livro publicado da forma que sempre sonhei: de forma tradicional, por uma editora séria e idônea que me procurou pela qualidade do livro e foi parceira e profissional em todos os momentos, com revisão e diagramação e capa, tudo feito por pessoas que amaram o livro e o projeto.

Antes de Kate eu publiquei o primeiro volume de uma trilogia, Dissolução, por uma editora pequena e me arrependi. No entanto a experiência me ensinou muito. O resto da trilogia Woodsons, Veneta e Absolvição, respectivamente, publiquei independente, e tenho um western, Eliesse, disponível no Wattpad, assim como o conto de terror O Tanatopraxista. Meu outro conto, Os Corvos da Torre de Londres, foi escrito especialmente para o livro colaborativo O Corvo, da Editora Empíreo.

2) Fale sobre o que o leitor pode encontrar em seu livro:

Eu Vejo Kate tem uma proposta simples: ser um livro de serial killer para quem quer realidade na abordagem do assunto. Se a expectativa for de assassinos geniais, de heróis todo poderosos e mocinhas caricatas, a pessoa vai se decepcionar. O livro é direto, brutal, e violento justamente por ser baseado na realidade. Tem sexo, tem tortura, nenhuma personagem é certinha, nem tudo é óbvio ou romantizado. Tem que gostar do gênero e ter maturidade para entender a proposta.

3) Durante a leitura somos apresentados a muitos livros existentes, quais foram os livros que a leitora Claudia gostava e gosta de ler?

Eu li livros sobre seriais killers e investigação criminal durante mais de uma década até me sentir pronta para escrever Eu Vejo Kate sem enganar os leitores. Mas fora isso, sou leitora compulsiva desde os 7 anos, e já li de tudo mesmo. Gosto muito de noir, de terror, de clássicos, de suspense…, mas leio de tudo mesmo. Entre meus preferidos eu citaria As Cinzas de Angela, O Grande Gatsby, e As Brumas de Avalon.

4) Como surgiu a vontade de ser escritora, antes disso, como foi sua relação com a literatura? De onde veio a ideia de escrever Eu Vejo Kate?

A relação de amor com a literatura veio de uma solidão excessiva que vivi na infância por ser muito tímida. Minha mãe era professora de literatura, então investiu cedo em me instigar a ler. Deu tão certo que eu lia mais ou menos 2 livros e 7 gibis por semana aos 7 anos. O amor só cresceu, e com ele a vontade de escrever, o que comecei a fazer aos 14 anos. O primeiro livro mesmo escrevi aos 19. Depois disso fui escrevendo sempre, mas só tive coragem de publicar uns 2 anos atrás. Kate veio da necessidade de ler um livro realista sobre seriais killers. Eu sempre gostei do tema, mas tudo o que lia era inverossímil e romantizado demais.

5) De onde vieram teus personagens? Vieram de pessoas próximas a você?

Não, não me baseei em ninguém, eles apenas nasceram em mim, e foram se desenvolvendo durante o processo de escrita.

6) Quanto tempo demorou no processo de criação do livro? Foi um processo lento? ou já estava tudo em sua cabeça?

Pensei na história por cima, mas não mexi na ideia. Então em junho de 2014 sentei e escrevi o livro em 10 dias. Foi um surto de inspiração.

7) O personagem Nathan é realmente um personagem presente em espírito ou o leitor pode interpretar como se a perspectiva dele fosse o lado sombrio de cada um dos personagens do livro?

Hmmmm, isso eu deixo o leitor decidir. Hahahhaha. Na verdade, o Nathan foi um recurso de escrita. Eu gosto da coisa do voyeurismo e acho que todo leitor é um voyeur da história, com acesso irrestrito às intimidades e segredos das personagens. Nathan morto foi uma forma de conseguir esse efeito, e ao mesmo tempo mostrar para o leitor como funciona a cabeça de um serial killer.

8) Escrever sobre alguns temas tão pesados, quanto estes que são debatidos e exposto em Eu Vejo Kate foi algo fácil para você ou lhe rendou algumas noites mal dormidas? O quão realmente você foi a fundo em sua pesquisa para escrever o seu livro e narrar muitas das cenas violentas presentes no livro?! (posso imaginar uma parece igual à do apartamento de Kate?! rs.)

Eu sofri um pouco para narrar algumas partes do livro, me colocando no lugar das personagens. A pesquisa também me rendeu algumas lágrimas e noites mal dormidas sim. Você eventualmente se acostuma, mas mesmo depois de tantos anos de leitura sobre o assunto, algumas histórias ainda chocam. A pior parte da pesquisa foi olhar as fotos de cenas de crimes reais. Da narrativa foi me colocar no ligar de certas vítimas.

9) Em sua introdução você comenta que quanto mais o assunto do livro for desmistificado mais conhecimento as pessoas terão e mais consciência desses indivíduos em nossa sociedade existirá. O que a faz pensar nisso? Qual mensagem principal que tu quiseste passar com seu livro?

Eu queria em primeiro lugar contar uma boa história, entreter. Minha missão nunca foi ser militante de um assunto, ou querer dar alguma lição de moral. Mas confesso que depois do livro publicado, muitos feedbacks de leitores me mostraram que o livro é um pouco mais do que isso, porque ele mostra uma realidade que precisa ser encarada de frente. Eu só queria que as pessoas percebessem o quanto a mentalidade da maioria dos seriais killers está baseada nos conceitos que a maioria de nós pregamos, como o machismo diário, aquele aceito por todo mundo como “natural” ou até “instintivo”. Mas o livro não foi feito para ter uma pegada ativista. Ele foi feito para desmistificar o serial killer.

10) Quais os planos para o futuro?

Tenho muitos livros prontos e agora o próximo passo é decidir quais serão as possibilidades e prioridades de publicação. A qualquer momento meu terceiro filho nasce, e os próximos meses serão focados nele, mas depois disso vou decidir, junto com o pessoal da editora, qual será a próxima publicação. Vou curtir um pouco o sucesso de Kate antes. 🙂

11) Por fim deixe um recado para os leitores do blog Estante Diagonal:

Leitores, não tenham medo de arriscar: comprem livros de autores desconhecidos, livros de gêneros que você não costuma ler, livros de autores nacionais, livros só pela capa bonita, livros que todo mundo que você conhece odiou etc. Os maiores tesouros literários que tenho foram descobertos assim.


Já disse em minha resenha (aqui) e falo novamente, conheçam esta autora, conheçam este livro, tenho certeza que todos ficarão viciados, assim como eu!

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