O fato de eu nunca ter lido nada da autora Teri Terry não diminui a sua popularidade para mim. Eu já sabia que ela tinha se consolidado como bestseller com sua trilogia Reiniciados, e por este motivo, não pensei duas vezes quando tive a oportunidade de conhecer sua mais nova obra.
Em Jogos Mentais conheceremos um mundo onde a tecnologia avançou de forma inimaginável. As pessoas podem levar duas vidas, a real e a virtual. Através de um implante as pessoas poderiam se conectar ao mundo virtual por horas. No Temporreal tudo é possível, existem portais para qualquer tipo de jogo, lugar e lazer. Quem cria estes novos portais são os Hackers, usuários essenciais que conseguem manipular a codificação dos mundos e também existem os Recusadores. Luna, nossa protagonista, é uma delas.
Luna escolheu não ter um implante e também não concorda com a exclusão do mundo real na vida das pessoas, por este motivo não tem fácil acesso ao mundo virtual. Mesmo sem interesse algum em querer fazer parte deste mundo Luna é escolhida para realizar uma série de testes onde serão escolhidos os alunos que maior destaque. Como uma Recusadora, fazer os testes de QI e QR (Teste de Inteligência e Teste de Racionalidade), seria quase impossível, mas de alguma maneira ela é escolhida.
Não é por birra que Luna escolhe ser uma Recusadora, ela não se sente bem quando se conecta ao mundo virtual e tudo por conta de um grande segredo que guarda. Tamanho mal-estar é resultado de uma habilidade, quando ela se conecta, ela não perde a consciência do mundo real, podendo estar presente em ambos os mundos, mas isso conforme sua avó Nana, pode ser uma ameaça.
Durante e após seus testes, a vida de Luna muda drasticamente. Quanto mais Luna aprende, mais informações são reveladas, mais ela descobre sobre o passado de sua família, sua mãe Astra, a maior Hacker que já existiu, e também mais descobre sobre o lado sombrio da PareCo, uma empresa que aparentemente tem mais poder que o governo. Algo não tão distante de nossa realidade, certo?!
A capacidade de criação da autora é inquestionável, o mundo que ela criou é bastante amplo e ilimitado, o que eu gostei muito. Além disso, é fácil compreender suas descrições e imaginar como cada cena é narrada. Com certeza isso prende o leitor, principalmente aqueles que sem rendem a uma boa ficção futurística distópica. A narrativa também me agradou bastante, porém algumas descrições achei que foram em demasia, pois no final senti falta de algumas coisas que poderiam ter tomado o lugar dessas.
Luna é uma personagem de personalidade e inteligente, mas de alguma forma senti falta de algo a mais nela, uma motivação a mais em tudo que estava acontecendo, mas mesmo assim é admirável sua coragem. Também conheceremos alguns personagens secundários, uns cumprindo melhor o seu papel, do que os outros, mas todos são muito bem inseridos e construídos. A parte mais interessante do enredo é que não teremos um relacionamento amoroso neste livro, pelo menos não da maneira que estamos acostumados a ver.
De modo geral, Jogos Mentais é uma ótima história que prende o leitor mesmo sem suas 480 páginas. É uma história dinâmica que depois que engrena é difícil parar. Gostei da forma como a autora utiliza a obra para distinguir a racionalidade da inteligência e com certeza isso é um ponto forte do livro. A receita segue como conhecemos, temos a protagonista que será a escolhida em prol de alguma coisa, algo que esta sociedade jamais viu, porém, o diferencial é que ela pode ser uma arma para qualquer lado da moeda.
Se de alguma maneira a resenha pareceu confusa, ou negativa, não me interpretem mal. Como falei, o livro é bom. Apenas as motivações, não só da protagonista, mas também de outros personagens não ficaram totalmente claras para mim. Acredito que no momento, eu precise refletir melhor sobre a obra e quem sabe absorver mais, tudo isso que acabei de ler. O que posso dizer é: leiam Jogos Mentais e venham debater comigo, seria realmente ótimo fazer um clube da leitura com ele, teríamos debates incríveis e com certeza, muitas dúvidas seriam melhor entendidas.
Apenas para concluir, em um primeiro momento a autora confirmou que Jogos Mentais seria um standalone, porém, depois de um tempo do seu lançamento, a autora resolveu escrever um conto, chamado Dangerous Games. Não contarei sobre qual personagem o livro falará para evitar spoilers, mas confesso que me senti um pouco aliviada, parece que não foi apenas os leitores que sentiram certa estranheza com o desfecho de Jogos Mentais, acredito que a própria Teri possa ter sentido a necessidade de um novo conto. Assim espero!

  • Mind Games
  • Autor: Teri Terry
  • Tradução: Sandra Pina
  • Ano: 2015
  • Editora: Farol Literário
  • Páginas: 480
  • Amazon

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