Quando acabei de ler Espada de Vidro fiquei totalmente desorientada, abalada e revoltada. Amaldiçoando amargamente a autora por ainda não ter lançado o próximo livro, porque o que ela faz com o leitor é maldade disfarçada em palavras.
Victoria Aveyard não só escreveu um livro introdutório em A Rainha Vermelha, mas também já nos apresentou grande parte da revolução que estava prestes a acontecer. Em Espada de Vidro, vamos acompanhar o começo de algo maior, descobertas únicas e poderes inimagináveis, ocultos em cada canto de Norta. Se o primeiro é um livro impressionante, o segundo só prova todo o talento de uma autora em ascensão, que, em sua série de estreia, já consolida seu talento e uma mente sem limites.
Espada de Vidro inicia logo depois do desfecho sangrento e sufocante de A Rainha Vermelha. A Guarda Escarlate consegue resgatar Mare e Cal das mãos de Maven, mas não antes de ser revelado, para toda a população de Norta, que Mare é uma vermelha com poderes prateados.
Além de fugitivos, Mare e Cal têm os rostos estampados em todos os murais de Norta, são procurados por traição e assassinato, porém Mare sabe que é mais, ela é uma ameaça para o reino, uma arma perigosa que a Guarda Escarlate tem ao seu favor.

Mare começa a ir atrás dos nomes de outros “sanguenovos”, outros iguais a ela, que se escondem por medo, enquanto ela mesmo tenta sobreviver. Começa uma corrida contra o tempo, pois Maven tem conhecimento sobre a lista que Julian, tio de Cal, deixou para ela e fará de tudo para que Mare não os encontre. O novo rei não poupará esforços e vidas, cada vez mais Mare verá a face do verdadeiro Maven, aquele que um dia ela acreditou adorar.

Cada dia é uma jornada de vida ou morte e disso Mare entende muito bem. Com apenas 17 anos ela tem que sobreviver, enquanto resgata, treina e convence novos vermelhos, como ela, a se aliarem a sua causa, na busca pela liberdade e pelo fim da opressão de um reino, agora, ainda mais tirano.
Os sanguenovos, não só são uma ameaça para o reino, como também são vistos como perigosos pelos vermelhos, pelo Comandante Farley. As intrigas iniciam-se antes mesmo dos planos de Mare começarem. São poucos os que a apoiam e, juntos à Mare e à Capitã Farley, um pequeno grupo vai em busca do que lhes pode dar esperanças.

Por esse motivo que o foco do livro não será a Guarda Escarlate, em uma marcha para a guerra e nem mesmo o reino que prospera com sua vantagem, mas sim a busca incansável dos sanguenovos, com habilidades desconhecidas e mais poderosos, capazes de trazer igualdade nessa revolução. A exploração política da história também é muito bem feita pela autora. Mesmo não tendo uma visão tão clara do reinado, podemos perceber que os conflitos existem não só entre os vermelhos contra os prateados, mas também prateados que parecem não abraçar Maven e sua mãe Elara.

Assim como o primeiro, Espada de Vidro é narrado apenas por Mare, possibilitando que a autora, na ausência de consciência da personagem, possa avançar nos fatos, deixando o livro com um ritmo perfeito de narrativa, nem tão corrido e nem tão parado, presenteando-nos com os detalhes necessários para o entendimento da história e com a cronologia dos fatos. Uma ótima ferramenta que Victoria manejou com maestria.
Como mencionei em minha resenha de A Rainha Vermelha, a existência do romance na história não o torna óbvio, pelo contrário, acaba sendo um conforto para os corações aflitos. Cal é uma peça mais do que importante nesta luta. O príncipe exilado vive num constante conflito, já que ele não pode abraçar a causa vermelha, mas precisa, por enquanto. Mare e Cal estão separados por seus ideais, mas unidos pelo desejo de vingança. Juntos eles passaram por coisas que, jamais, algum rebelde passará. O sentimento entre eles está presente, pulsa, é discreto e intenso, mas não acontece.

Quero acreditar na Guarda Escarlate e […], mas não consigo, não depois da confusão que a minha confiança, a minha cegueira em relação a Maven nos meteu. E Cal está completamente fora de questão. É um prisioneiro, um prateado, o inimigo que nos trairia se pudesse – se tivesse outro lugar para onde fugir.

O que posso lhes garantir com a leitura desse livro é que sangue vermelho será derramado, sangue prateado também, mas a busca pelo grito de liberdade não vai parar. Você vai encontrar luta, guerra, sacrifícios, traições, poder e a esperança de um novo amanhã. Espada de Vidro te proporciona tudo isso e muito mais.

Em tempos em que as histórias são apenas recontadas, em Espada de Vidro Victoria Aveyard faz melhor. Ela nos proporciona imersão, faz com que o leitor sinta tudo através de suas palavras e eu não poderia estar mais grata. Grata por conhecer uma história incrível, por me proporcionar sensações que há muito não sentia. Obrigada Seguinte e Andressa por me deixarem sentir tudo isso com essa prova antecipada. Agora o que me resta é esperar o próximo volume e torcer que até lá meu coração não se estilhace.

  • Glass Sword
  • Autor: Victoria Aveyard
  • Tradução: Cristian Clemente
  • Ano: 2016
  • Editora: Seguinte
  • Páginas: 494
  • Amazon

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