Muito antes de conhecer o universo magnífico criado na história contida nesse livro. Muito antes, até mesmo de comprar o meu exemplar de A Menina Submersa, eu já havia sido fisgada. Por algum motivo indecifrável, quem sabe através do feitiço de lobos e sereias, esse livro apareceu bem na minha frente durante uma passada rápida pela livraria. Desde àquele momento em que ele estava bem ali, na minha frente, eu soube que, um jeito ou de outro, teria de descobrir qual seria a aventura na qual essa obra iria me levar.
Quando finalmente comprei meu exemplar e iniciei a leitura, não fazia a mínima ideia do que esperava por mim naquelas páginas. Nunca, em momento algum poderia ter imaginado que tinha em mãos o melhor livro a ser lido no ano de 2015! Acreditem quando  digo que não estou exagerando, e acreditem também, quando digo que ninguém estará preparado para tudo que esse livro é capaz de proporcionar. A mais real das verdades é que somente lendo, descobrindo pouco a pouco os mistérios, se deixando levar pela narrativa e principalmente, se unindo à mente confusa e curiosa presente neste livro, é que poderemos desfrutar de todas as maravilhas, sensações e acontecimentos que nos aguardam dentro destas 320 páginas.
India Morgan Phelps é nossa protagonista. Porém, muito mais do que ser simplesmente a protagonista de sua própria história, essa personagem também é a narradora. Graças a essa estratégia tão conhecida e explorada atualmente, graças a sacada de gênio da autora, graças ao vislumbre de todas as possibilidades que esse modelo de narrativa possuí, graças a tudo isso e muito mais, seremos capazes de conhecer, exatamente, como funciona a mente da personagem. India é esquizofrênica. Por esse motivo, através desse simples detalhe toda a narrativa é elevada a outro nível. É graças as mãos habilidosas de Caitlín R. Kiernan e aos pensamentos e relatos de Imp que adentraremos em toda a confusão, a graça, delicadeza, a toda a fantasia e caos que existe dentro da mente da personagem.
Imp nos apresenta sem floreios, sem rodeios e sem medo o seu passado, presente e futuro, tudo no momento certo. A personagem nos direciona a todos os mistérios e elementos fantásticos que estiveram presentes em sua vida; ela nos demonstra sua realidade, seus relacionamentos com outras pessoas (sejam eles amorosos ou não); nos faz observar de maneira única quem esteve e está presente em sua vida. Com o leve virar de páginas, conforme as palavras vão sendo absorvidas, conforme a narrativa avança e nos prende em suas garras, descobriremos que o mal que aflige Imp está presente à muito tempo em sua família, ele assombrou sua avó e mãe da mesma forma que a assombra. Conforme avançamos, descobriremos um ser fantástico conhecido por Eva, iremos buscar incansavelmente as respostas para os mistérios deixados por essa mulher misteriosa, e para fechar o pacote, iremos nos encantar com a presença admirável e acolhedora de Abalyn.
A Menina Submersa nos lançará em busca por respostas, nos apresentará um mistério a ser revelado. Essa história abordará temas como arte, relacionamentos, doenças mentais e esperança como nunca antes visto, a narrativa irá nos prender em suas garras como um lobo, será misteriosa e encantadora como uma sereia, por vezes estará coberta por névoas de confusão e caos, mas também nos fará viajar para outro mundo.Cada palavra, cada ponto ou vírgula, cada fato histórico, cada elemento artístico, cada acontecimento será interligado e unido para criar uma história absurdamente peculiar e maravilhosamente bela. É difícil, e por vezes complicado para mim conseguir comentar, me expressar devidamente com relação a essa livro. É difícil, complicado, e desafiador se fazer entender quando queremos mostrar aos outros a grandiosidade dessa história. É difícil, porém, extremamente tentador, ser capaz de deixar de fora dessa resenha a própria mente de Imp, desistir de todos os segredos e fantasia que somente Eva é capaz de criar e proporcionar, mas acima de tudo, não querer descobrir e nos direcionar a verdade como a própria Abalyn fez!

Essa obra é complexa, confusa, caótica, e como tal, merece ser lida com paciência, cuidado e coração aberto. A leitura pode vir a se tornar difícil sim, para aqueles que não estão acostumados a narrativas que fujam um pouco do comum, porém, todos aqueles leitores aventureiros e destemidos com toda a certeza irão encontrar maravilhas nessas páginas. Eu nunca, mesmo que quisesse, mesmo que realmente tentasse, seria capaz de demonstrar para vocês a verdadeira história de A Menina Submersa, se fizesse isso estragaria toda a experiência que é ler esse livro, que é conhecer essa história. Muito mais do que apenas apresentar uma história, a autora nos manipula, confunde, nos funde à mente de Imp. Tudo que nos é mostrado se torna verdade e mentira, é verdadeiro e falso, real e fantasioso na mesma medida, ao mesmo tempo. A história é confusa, mas toda essa confusão possuí beleza e motivo, e são todos esses elementos que tornam o livro tão absurdamente especial.
Como disse, A Menina Submersa foi o melhor livro que li durante todo o ano de 2015. Admito que sou uma leitora exigente, muitas vezes chata e ranzinza, mas essa obra conseguiu confundir a minha mente, me fez viajar em um universo totalmente novo. Talvez, o melhor de toda essa experiência é saber que mesmo após ter terminado a leitura, ainda estou, de uma forma ou de outra, perdida e encontrada na mente de Imp. Esse livro mexeu comigo em tantos sentidos, me fez pensar, refletir, admirá-lo e amá-lo com todo meu coração. Aqui tudo se une para criar uma obra prima. Se existe algo que posso afirmar, se existe algo que posso dizer aqui após ler todas aquelas palavras, após tudo o que senti ao longo dessa história, é que ela nos faz viajar, mas é preciso vontade e paciência para nos deixar levar até o ponto mais distante dessa jornada.
Se você se deixar levar por todas as palavras, por todos os capítulos, por essa personagem única, incrível e instigante, tenho certeza de que voltará como alguém totalmente diferente, mas ao mesmo tempo, igual ao que sempre foi.

  • The Drowning Girl
  • Autor: Caitlín R. Kiernan
  • Tradução: Ana Resende
  • Ano: 2015
  • Editora: Darkside Books
  • Páginas: 320
  • Amazon

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