Todos que acompanham um pouquinho aqui do Estante, sabem que eu adoro Stephen King. Sempre falei isso. Pensando um pouco sobre o assunto, acho que as minhas resenhas de livros dele, sempre iniciam dessa forma, e tem uma razão para isso. Eu simplesmente não consigo terminar de ler um de seus livros, sem ficar com isso na cabeça. Mas dessa vez vai ser diferente, por que dessa vez eu posso afirmar: Stephen King é meu autor preferido. Pode dar print aí, você nunca vai me ver escrever ou falar isso para outro autor, que não seja SK.
Fiquei pensando: Meu Deus… que mente esse autor tem, SK (e eu já me considero íntima o bastante para dar um apelido, OK?) é um gênio ou, como ele mesmo diria, um maldito gênio.
Agora que declarei meu amor aos quatro ventos, vamos ao que interessa não é mesmo? Mr. Mercedes é o livro I da Trilogia Bill Hodges. Nos EUA o livro foi lançado em 2014, e só agora que o temos aqui! Mas tem um bom motivo para isso, o livro II, Achados e Perdidos, foi lançado lá fora em junho de 2015, e aqui, teremos essa belezinha a venda em maio de 2016! Exatamente! Recém saiu Mr. Mercedes e já teremos o próximo volume. Como se não fosse o bastante, o livro III, O Último Turno, será lançado em 07/06/16, e aqui o mês previsto é julho.
Na primeira parte do livro, somos apresentados a um grupo de desempregados, que numa noite fria e úmida de inverno, se amontoam em frente a um centro comercial, que no dia seguinte irá oferecer uma feira de empregos. Na fila, Augie conhece Janice, que vem enfrentando olhares recriminadores por ter trazido a pequena Patrícia junto com ela. Mas o que ela poderia fazer? Sem emprego para cuidar da filha, aquela era a sua melhor chance. Mal sabe ela, que levou a filha para a morte. Um carro da marca Mercedes, da cor cinza, é a última coisa que 8 pessoas daquela fila viram.
Bill Hodges é um detetive aposentado, divorciado, que atualmente, passa os dias em frente à televisão, assistindo a qualquer porcaria e enchendo a barriga de porcarias. Junto dele, sempre está a arma que foi do seu pai, e frequentemente pensa em como seria colocar o cano da arma na boca e puxar o gatilho. Hodges teve uma carreira longa na polícia e cheia de triunfos e casos resolvidos. Porém, não é nenhum desses que vem a sua mente constantemente. O caso que ele se pega pensando todos os dias, principalmente quando está brincando com a arma é no Mr. Mercedes. Um maluco qualquer que deliberadamente jogou o carro para cima de pessoas indefesas que aguardavam a uma feira de empregos. Não foi ninguém que teve um mal súbito, o desgraçado deixou a máscara que usou dentro do carro – sem DNA.

O carimbo é da cidade, o que não o surpreende. Seu correspondente quer que ele saiba que está por perto. Faz parte da provocação. Como seu correspondente diria, é…parte da diversão.

Bill está realmente cogitando apertar o gatilho de sua arma, quando recebe uma carta. Mas não uma carta qualquer, uma carta endereçada por alguém que se denomina: Assassino do Mercedes. E a vida de Bill tem sentido novamente. Brady Hartsfield é o docinho da mamãe. É dedicado, tem dois empregos, trabalha na ciberpatrulha, como técnico de informática, e no outro turno, como vendedor de sorvete naquelas vans, com músicas irritantes. Ele e a mãe são sozinhos. A mãe passa o dia em casa bebendo, e ele passa o dia trabalhando. Brady é um cara normal, ninguém olha para ele duas vezes na rua. E ele não faz nada para chamar a atenção. Só que por baixo de um sorriso falso, estão olhos sem vida, quase mortos. Sem sentimentos, ou melhor, sem consciência. Ele é inteligente e sabe disso. Planejou rapidamente o ataque ao City Center – A feira de empregos, e foi tudo perfeito, mesmo que ele soubesse que poderia ser pego, foi em frente, e lembra com euforia da sensação das rodas passando por cima das pessoas.

Em alguns sentidos, levar a doce Livvy ao extremo foi uma emoção ainda maior do que abrir o caminho sangrento naquela multidão de babacas desempregados no City Center.

Brady saiu ileso do ataque, porém… era isso que ele queria? Hodges não está mais no caso dele, já que agora é aposentado. Ninguém está dando a devida importância ao que ele fez. Será que é hora de um novo ataque? Brady, o docinho da mamãe, acha que sim. Depois da carta, Hodges inicia uma caçada contra o relógio atrás do Mr. Mercedes, e conta com a ajuda dos mais improváveis Watson´s (já que ele é o Sherlock, como disse o seu vizinho Jerome).
Poderia escrever muito mais da história aqui, e fico querendo contar, pois quero que todos saibam o quão bom é este livro. Mas não vou estragar nada para os futuros leitores! Tem alguns pontos importantes que eu gostaria de comentar aqui. Eu não considero King como um autor de terror. Eu o acho muito eclético para ser colocado em apenas uma categoria. Esse livro prova muito isso que eu estou falando. Nesse livro, nada de sobrenatural acontece. Nenhum fantasma, ser maligno ou força estranha.
Não, nada disso. Nesse livro, King nos mostra o quanto conhece e compreende a loucura humana. A mais pura maldade humana. Além disso, ele consegue nos conectar com alguém que teoricamente não tem nada em comum conosco – um detetive, aposentado e depressivo? Pois temos muito em comum com Bill Hodges. Ele é uma pessoa comum, como qualquer um de nós leitores. E isso que é tão incrível na escrita King. Ele leva os leitores a uma profundidade e complexidade de seus personagens, é como se estivéssemos dentro de suas cabeças, compreendendo cada pensamento, e acompanhando o desenrolar da história através do ponto de vista deles. Nada é superficial aqui, e uma vez que iniciamos essa leitura, é simplesmente impossível parar.
Geralmente quando estou lendo um livro que estou gostando da história, leio em cerca de 3-4 dias. Só que com os livros do King eu não consigo. Justamente pela complexidade dos personagens, e por saber que cada parágrafo guarda uma surpresa, uma reviravolta, nada de previsibilidade, acho necessário ler com muita atenção. Esse livro eu li em uma semana, e a tristeza já bateu, pois não posso iniciar o segundo ainda.
Outro detalhe que eu adorei: Esse livro tem um desfecho. Quando fiquei sabendo que era uma trilogia, pensei: Bom, é possível que nada se resolva aqui. Só que não, o livro finaliza uma parte da história, gera certa calmaria, e finaliza daquele jeitinho, que nos deixa querendo mais! Fico por aqui nessa resenha, querendo falar por horas e horas! Vocês que já leram o livro, deixem nos comentários o que acharam, vamos bater um papo! E quem ainda não leu… meu Deus? Tá esperando o que? Corre!

  • Mr. Mercedes
  • Autor: Stephen King
  • Tradução: Regiane Winarski
  • Ano: 2016
  • Editora: Suma
  • Páginas: 391
  • Amazon

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