É chegada a hora do quarto livro da série Os Bedwyns da autora Mary Balogh. Ligeiramente Seduzidos é um lançamento de maio da Arqueiro e apesar de integrar uma série, pode ser lido separadamente. Porém, visto que cada livro falará sobre um irmão da família, é claro que spoilers aparecerão por aí, então, leia por sua conta em risco.
Morgan está passando uma temporada de festividades em Bruxelas na Bélgica. Sendo ela a mais nova dos Bedwyns, ela é uma boa observadora, já presenciou todas as experiências de seus irmãos e tirou lições para a sua própria vida. Portanto, apesar de inocente, ela se acha experiente por tudo que já escutou e viu. Diante isso, não demora muito até que Morgan perceba a presença extravagante do Conde de Rosthorn, uma notável atração na cidade, e suas intenções com sua aproximação.

Gervase Ashford, Conde de Rosthorn, se aproxima de Morgan motivado apenas pela vingança. Obviamente que num primeiro momento ele a acha atraente, porém, muito nova. Mas na realidade, nada disso importaria diante suas reais intenções com a dama. Ao saber que Morgan é a irmã mais nova de Wulfric Bedwyn, a quem culpa pelos seus nove anos longe da Inglaterra, Gervase dedica boa parte do seu tempo para conquistar a moça, para que depois possa arruiná-la.

Tenho que lhe roubar um beijo. E já que a senhorita, de forma tão corajosa, alegou que não permitirá que lhe roube um segundo ou um terceiro, devo fazer o melhor possível no primeiro.

Apesar de todo plot principal, que envolve o desejo de vingança de Gervase e o envolvimento dele com Morgan, também seremos agraciados pelos acontecimentos históricos da época e pelas subtramas que envolverão personagens secundários e um em especial, muito querido por nós. E nossa… como Mary me deixou aflita neste livro, como ela conseguiu judiar do meu coração em tão poucas palavras e me emocionar com grandes atos de Morgan.

A autora me surpreendeu neste volume. Mary Balogh trabalha muito mais profundamente o contexto histórico neste livro do que em seus anteriores. Neste, a autora detalha acontecimentos históricos sobre a guerra, algo inédito para mim nos romances de época. O clima de tensão e crueldade é presente durante todo o tempo, o que influencia diretamente nas atitudes dos personagens. O clima do livro faz com que as emoções aflorem muito mais e rapidamente.
A trama é muito mais instigante, seremos brindados por um enredo envolto a traição, desentendimentos, revelações e segredos, mas é claro, como um contraponto, seremos confortados pelo acolhimento desta família. Como qualquer romance de época que se preze, os protagonistas não se abalam pelos escândalos iminentes e nem descartam uma boa sedução, mesmo Morgan com sua pouca idade, afinal ela é uma Bedwyn.

Anotem este nome. Morgan Bedwyn disparou na frente como minha Bedwyn preferida, o duque que me desculpe, mas ela com apenas 18 anos se mostrou uma mulher madura e de personalidade, muito mais que Freyja poderia ser. A jovem, apesar da época, onde a sociedade não perdoava mesmo em tempos de guerra, não se abala pelas fofocas e esquece totalmente as ditas convenções sociais do qual uma jovem dama deveria se regrar. Ela simplesmente faz o que é necessário pelos outros, por ela e por sua família.

Apesar de nascida em berço de ouro, Morgan, não aceita o rótulo de “inocente demais” para as atrocidades da guerra e na Bélgica, perto das trincheiras de ingleses, franceses o do resto da Europa, é que Morgan entende a importância das mulheres na guerra, do lamento e do luto das noivas e das esposas que se despedem dos seus maridos sem saber se um dia os verão novamente. É com esta realidade que Morgan cresce durante a trama e se prova uma das mulheres mais viscerais e corajosas de toda esta série. Ser, provavelmente, dona de um dos maiores dotes da Inglaterra, não impede que Morgan arremangue suas mangas e ajude homens que vêm lutando por sua pátria. Diferente do resto da nobreza, ela não foge, ela luta à sua maneira, alcançando um simples copo d’água, fazendo curativos, amputando membros, segurando a mão daqueles que estão partindo. Pequenos gestos que engrandecem esta pequena mulher.

As atitudes impulsivas e caridosas de Morgan chamam não só atenção da população, mas também surpreende Gervase que logo percebe ter julgado mal e direcionado erroneamente sua prestação de contas contra Wulf para ela. De fútil a uma mulher respeitável, com fibra e determinação. É assim que ele começa a enxergá-la.


Uma coisa interessante de ser ver é, diante este conflito entre Gervase e Wulfric, a autora abordará um assunto pouco visto em livros históricos e provavelmente na própria Europa do século XIX. Eu não vou falar que desfecho é este, pois seria um baita spoiler, mas fiquem atentos quando a verdade do problema desses dois, que aflorou o desejo de vingança de Gervase, vier à tona. Achei o assunto relevante e interessante para os leitores.
Paro de falar por aqui, pois de jeito nenhum, gostaria de tirar a gostosa experiência de leitura que é Ligeiramente Seduzidos. A autora continua apostando alto em seus personagens carismáticos, trabalha melhor sua trama romântica, mas também as secundárias que vão muito além do romance. Sutilmente, assuntos como preconceito e problemas sociais, servem para dar o toque final neste livro. Em meio a guerra, o luto e a sociedade, Balogh mais uma vez, nos prova que o amor não chega numa bandeja de prata, é preciso batalhar para que ela chegue até você.
Sem dúvidas um dos meus preferidos da série e o final me faz querer para ontem os próximos volumes. A série ainda receberá mais dois livros que completarão a coleção. Até os próximos livros e confiram as resenhas dos outros livros da série.

  • Slightly Tempted
  • Autor: Mary Balogh
  • Tradução: Ana Resende
  • Ano: 2016
  • Editora: Arqueiro
  • Páginas: 288
  • Amazon

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