A Condessa Sangrenta é uma obra inspirada no período sádico na vida da condessa húngara Erzébet Báthory ou Elizabeth Bathory. A novela de horror foi escrita por Alejandra Pizarnik e o responsável para ilustrar algumas das técnicas de tortura usadas pela condessa é Santiago Caruso.
A personalidade da condessa é descrita sob sadismo, perversão, loucura e vaidade. O medo de envelhecer, toda esta obsessão pela beleza, levou a condessa a cometer mais de 650 assassinatos de jovens mulheres no século 16, todos eles com requintes de crueldade extrema.
Com apenas doze capítulos o livro é breve, mas bastante denso e perturbador. Em 60 páginas iremos nos deparar com cenas angustiantes e racionalmente inaceitáveis para um ser humano. A linguagem utilizada para descrever tais atrocidades no livro é bastante lírica. Caruso conseguiu amenizar as barbáries praticadas através de sua arte, a sensibilidade do artista, ajuda a nos distanciar da realidade e do horror que acontecia dentro dos muros do castelo de Elizabeth.
O ponto negativo é que a história é rasa demais, não há um aprofundamento na figura da condessa. O que poderá incomodar um pouco as pessoas que procuram mais sobre a vida de Elizabeth. O que se destaca, realmente, são as ilustrações, que cumprem com seu objetivo.

Se todos estes crimes, foram ou não creditados a condessa da forma correta, não há como saber, pois nunca fora encontrado provas concretas sobre seus crimes. Como Vlad, O Empalador, que inspirou Bram Stoker a escrever Drácula, Elizabeth foi eternizada pelos seus feitos na história, espalhou o horror em sua época e ganhou o título de mulher mais cruel e sanguinária da humanidade.

Acredito que os relatos possam ter ultrapassado o limite da lenda, possam ter sido aumentados pelo tempo e por boatos da nobreza na Hungria, afinal, a condessa era muito rica, assim, tornando-se apenas uma vítima da inveja humana. A verdade é que, o fato de saber que Elizabeth realmente foi uma figura histórica provoca um arrepio na espinha, tornando toda a leitura ainda mais chocante para os leitores. A história deu origem a diversos a contos, livros, filmes, peças e músicas, mas sua vida polêmica continua sendo um grande mistério.

A ambiguidade da capa, que dentro do livro retrata a “virgem de ferro”, instrumento para extrair sangue de suas vítimas, por fora, passa a impressão de um corpo feminino deitado. Um elemento visual inserido propositalmente para casar com o texto de posfácio, onde o autor João Silverio Trevisan fará uma analogia sobre o legado que a Condessa Sangrenta deixou, ainda nos tempos de hoje.
Em suma, a obra conduz os leitores para a mente sombria de Bathory. A edição em capa dura da editora Tordesilhas é um trabalho de pesquisa interessante, um livro ilustrado para encher os olhos os fãs mais ávidos do horror.

Como material de apoio para a leitura, recomendo o filme Condessa de Sangue de 2008 e um vídeo do canal Freak TV.

  • La Condesa Sangrienta
  • Autor: Alejandra Pizarnik
  • Tradução: Maria Paula Gurgel Ribeiro
  • Ano: 2011
  • Editora: Tordesilhas
  • Páginas: 60
  • Amazon

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