Após 5 anos, novamente o mundo criado pela autora J.K Rowling ganha vida nas telas do cinema. É com muito entusiasmo, felicidade e com uma certa satisfação de fã incondicional, que hoje trago a crítica desse filme, que durante muito tempo foi mais do que aguardado, fez parte do sonho de ter este mundo mágico de novo, vivo na minha frente.
Infelizmente, temos que aceitar. Iremos nos despedir dos protagonistas, Harry, Hermione e Rony para voltar 70 anos antes. Passaremos o posto para Newt Scamander (Eddie Redmayne), ex-aluno de Hogwarts, que desembarca em Nova York para uma simples, mas complicada missão. Ele carrega uma maleta mágica, com várias das espécies fantásticas do mundo bruxo, criaturas que coletou durante anos de estudos. Por acidente, a maleta acaba sendo aberta e alguns desses animais acabam fugindo. Inicia-se aí a aventura de Newt, ele deve capturar estes animais rapidamente, antes que causem um mal para o mundo trouxa ou pior, antes que acabem machucados.
Não foi à toa que eu passei por todos os sintomas de um término de relacionamento. Depois de Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2, em 2011, eu não queria aceitar que aquele mundo mágico iria terminar. Talvez tenha sido por isso que até hoje, o último livro (que graças a deusa Rowling não é mais o último), ainda se encontra intocável na minha estante. Na minha cabeça, não virar a última página de Relíquias da Morte era garantir que aquele mundo estaria sempre vivo no meu coração.

Hoje percebo que mesmo que eu tivesse a coragem de virá-la, não seria nada diferente, o universo de Harry Potter, o que J. K. Rowling fez na minha, e na vida de milhares de crianças e jovens por todo o mundo, foi permanente, mudou nossas perspectivas sobre a vida, sobre os sonhos e sobre o que é a magia para sempre. É por causa deste mundo que o site da pessoa que vos escreve acabou ganhando parte do nome “Diagonal“, este mesmo, em referência ao Beco.
Uma das maiores vantagens de ser e ter sido fã de Harry Potter desde 97, quando foi lançado o primeiro livro, é que crescemos com a história, amadurecemos junto com os personagens e com a trama. Aos poucos entendíamos mais sobre as críticas sociais e políticas que autora pincelava em suas obras. Dessa vez não foi diferente. Mesmo em outro pano de fundo, é notável que o tom de Animais Fantásticos e Onde Habitam é voltado para o público adulto, aquele mesmo público de anos atrás.

Eu não poderia esperar algo mais mágico vindo de um roteiro escrito por J. K. Rowling. A autora insere novos elementos, relembra outros e nos apresenta um mundo jamais visto antes. Diferente dos outros filmes, aqui estamos no mundo trouxa, ou melhor, no mundo no-maj e temos que aprender de que maneira os bruxos de encaixam nesta realidade, como estes bruxos se comportam na América. Podemos perceber, mesmo que muito rapidamente para um primeiro filme, que a política e sociedade bruxa dos Estados Unidos funciona de maneira diferente daquela que estávamos tão acostumados.
É bom demais matar a saudade de tudo isso com pequenas menções ao longo do filme. É um breve comentário sobre Dumbledore ou a primeira vez que Newt conjura uma magia (mais alguém se emocionou com isso?). Ver a simbologia das relíquias da morte em cena também fez meu coração bater mais forte, eu admito. Rever elfos, duendes e bruxos aparatando contribuíram para a nostalgia que senti, tudo foi um misto de sentimentos que foi desde a primeira nota da trilha sonora até a cena final, trilha esta que está sendo assinada por James Newton Howard.

Como estamos falando de animais fantásticos, eu não poderia deixar de falar sobre os efeitos especiais do longa, que têm papel fundamental e talvez de mais importância para que o filme funcionasse da maneira correta. Funcionou. Eu não esperava nada menos do diretor David Yates, um dos tantos responsáveis pelo sucesso da franquia Harry Potter.

A verdade é que todo o filme foi um conjunto de acertos. Roteiro, trilha, efeitos e direção em harmonia, mas a cereja do bolo, fica com seu excelente elenco, que a pouco ainda causava revolta e polêmica entre os fãs. Eddie Redmayne é o Newt que qualquer fã poderia imaginar. A interpretação de Dan Fogler funciona como um desvio cômico na dosagem certa. Alison Sudol e Katherine Waterston cumprem com seus propósitos, mas os grandes destaques ficam com Samantha Morton, mesmo com pouco tempo de tela e com Ezra Miller e Colin Farrel. Fiquem de olhos nesses dois.

Também teríamos a breve aparição de Johnny Depp, responsável pelas críticas que a escalação do elenco recebeu, mas o que é, tem que se dizer. Depp não construiu este nome por acaso. Ele é um ator caricato, eu sei, mas extremamente talentoso. Então, ainda é cedo para julgarmos sua participação , pois seu personagem ganha poucos segundos de tela neste primeiro filme.

Aos poucos, vejo que a autora tece muito delicadamente os primeiros nós de uma trama complexa, com críticas presentes e que contextualizara o telespectador em um paralelo da história com as dificuldades reais que os EUA passaram nos anos 20, claro que tudo isso com a mesma magia que só J.K. Rowling consegue fazer.

Essencialmente com uma premissa simples, Animais Fantásticos e Onde Habitam se mostra capaz de cumprir com as expectativas para um arco mais amplo. Que a nova saga sirva para reacender a chama de todos os fãs do universo criado por J.K., que chegue para matar a saudade e encantar todos aqueles que já estavam com abstinência dessa magia, mas que principalmente, encante outros e novos fãs. Que esta nova era para o mundo bruxo amplie não só o universo, mas o amor e admiração que só um mundo criado pela autora poderia causar.

A autora já confirmou em seu twitter que a saga contará com cinco filmes ao total, ou seja, ainda seremos agraciados por mais quatro e eu estarei na porta do cinema como todos os anos, desde os meus 13, com os olhos brilhando e um sorriso bobo no rosto.

  • Fantastic Beasts and Where to Find Them
  • Lançamento: 2016
  • Com: Eddie Redmayne, Katherine Waterston, Dan Fogle
  • Gênero: Fantasia, Aventura
  • Direção: David Yates

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