Ouso dizer que este tem sido um ótimo ano para os amantes da ficção científica. Posso não ter sido capaz de trazer uma quantidade considerável de resenhas do gênero para vocês, mas nunca me senti tão feliz ao ver esse gênero tão querido ganhando destaque, e garantindo que novos leitores descubram esse mundo maravilhoso.Por esse motivo, quando a oportunidade de ler Atlântida – O Gene surgiu, fiquei muito curiosa para descobrir do que se tratava a obra que, segundo dados presentes no exemplar, vendeu mais um milhão de exemplares e já foi traduzida para mais de 20 países.

A obra apresenta uma premissa, no mínimo, instigante, porém, ao contrário da estratégia utilizada pela editora, não irei comentar nesta resenha sobre um dos maiores trunfos da trama, pois acredito que este deve ser descoberto e enfrentado pelo próprio leitor. Assim, início pelo momento em que toda a história da humanidade sofreu uma mudança inesperada, o momento em que um navio de pesquisa localizado nas proximidades da Antártida, descobre algo inesperado, algo misterioso, um antigo submarino nazista preso a uma estrutura nunca antes vista.Então avançamos no tempo, passamos por anos e anos de história e descobertas, chegando então a presença da doutora Kate na Indonésia, e toda a sua pesquisa com crianças autistas, principalmente aqueles localizados dentro do espectro que caracteriza os savants, sendo financiada por uma empresa multinacional propositalmente desconhecida aos olhos do público geral.

Tudo avançava bem até o momento em que homens vestidos de preto invadem as dependências dos laboratórios e sequestram as crianças de Kate. A partir deste ponto, a história muda o foco para David, um agente de uma organização secreta que luta contra o terrorismo global. Esse agente, através de sua perspicácia e observação, consegue perceber detalhes da queda de sua organização, e por incrível que pareça, tanto as pesquisas de Kate, quanto a queda da organização em que David trabalha estão intimamente ligadas, nos apresentando uma trama que se expande a cada capítulo, levando o leitor para descobertas genéticas, organizações secretas, mistérios antigos e a própria evolução humana.
Atlântida – O Gene nos apresenta algo que toda boa trama de ficção científica deve trazer, um mistério a ser descoberto, uma história que se expande aos poucos e explica que acontecimentos isolados podem estar ligados e fazer parte de uma teia criada por motivações sombrias de pessoas que não entenderam a complexidade e magnitude de suas ações. A obra une mistério, suspense, elementos típicos da ficção científica, a possível presença de seres mais evoluídos do que o homem e uma boa pitada de ação, construindo assim uma trama convincente e instigante, capaz de atrair tanto novos leitores quanto leitores mais acostumados ao gênero.
Através de uma linguagem simples, o autor garante que o livro se mantenha acessível, e mesmo que as 563 páginas possam assustar os leitores menos preparados, a obra ainda sim é de fácil leitura, garantindo que os capítulos passem de maneira fluida e agradável. Porém algo me intrigou durante a leitura, algo que pode demonstrar uma pequena falha do autor, e outro detalhe que pode apresentar uma pequena falha na tradução do original.
Em diversos momentos, o autor se utiliza de cenas similares, com pouquíssima diferença entre si. Estas são cenas que acontecem em determinado capítulo, e não muito distante, são repetidas praticamente da mesma forma. Como o acontecimento ainda estava fresco na memória, o evento não traz qualquer surpresa para o leitor, e faz com que a graça da leitura seja reduzida. Porém minha maior implicância foi com a tradução, mas confesso aqui que o que direi a seguir pode tanto ser uma falha na tradução quanto algo presente no original, o que volta novamente para o autor.
Algo irritante acontece nas frases dessa obra, algo confuso e intrigante. O leitor acaba de ler uma frase dizendo que determinado personagem está perdendo a consciência, ou sentindo falta de ar, ou qualquer outro evento do gênero, e em seguida, assim que essa frase termina, surge outra que apresenta o mesmo evento observado logo ali, na frase anterior, com apenas uma roupagem diferente, uma utilização de palavras diferentes que querem dizer a mesma coisa. Mais uma vez, não tenho certeza se a falha veio com a tradução ou com o original, mas acredito que nenhum leitor queria observar a mesma coisa duas vezes em tantos momentos ao longo do livro.

De maneira geral, Atlântida – O Gene entretém, agrada com seus mistérios, com sua trama bem pensada e amarradinha, nos prende com a mente criativa do autor que foi capaz de inserir uma conspiração global à própria evolução humana. Porém os pequenos detalhes, as pequenas falhas presentes ao longo da narrativa tornam a experiência de leitura um pouco desgastante para aqueles leitores mais detalhistas. Com prós e contras, finalizo afirmando que a obra vale a pena ser lida, além de ser uma ótima pedida para novos leitores, por isso, não se deixe afugentar pelo tamanho da obra, nossa trama é tão grande quanto o próprio globo terrestre.

  • The Atlantis Gene
  • Autor: A. G. Riddle
  • Tradução: Petê Rissatti
  • Ano: 2016
  • Editora: Globo Alt
  • Páginas: 563
  • Amazon

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