Quando uma nova adaptação é anunciada, é impossível não criar expectativas, com muita pressão sobre os ombros, imagino que para os produtores também não seja uma tarefa muito fácil de ser executada. Além de fazerem um bom filme, é preciso também agradar os fãs, responsáveis, talvez, pela ascensão ou pela tragédia que uma adaptação pode virar. São muitos os maus exemplos disso no cinema, mas Assassin’s Creed pode mudar isso.
Criada pela Ubisoft, Assassin’s Creed é uma série de games de ação e aventura, com uma pitadinha de ficção científica, lançada em diversas plataformas, tornando-se a franquia mais vendida do estúdio. A adaptação, que chega aos cinemas no dia 12 de janeiro, contará uma história original que expande ainda mais a mitologia que envolve a série de games e livros.
Callum Lynch (Michael Fassbender) é um homicida condenado a morte, que após sua sentença, acorda em Abstergo, uma empresa que serve como fachada para a ordem dos templários. O objetivo dos templários é encontrar um artefato sagrado chamado Maçã do Éden, criado pela primeira civilização para assegurar a submissão da humanidade. Para buscar o artefato, foi desenvolvido uma tecnologia revolucionária. A Animus é capaz de desbloquear memórias genéticas e a Dra. Sophia Rikkin (Marion Cotillard) tem em Callum, a última esperança de encontrar o artefato.

A Maça do Éden é protegida pela ordem dos assassinos e Aguilar de Nerha foi o último homem conhecido a possuir o artefato. Ancestral de Callum, Aguilar foi um assassino espanhol que viveu no século XV. Juntamente com outros assassinos, que juraram a vida pela proteção do artefato, eles trabalham para que a Maça do Éden não seja descoberta, para que não caia nas mãos dos templários que a querem para terminarem com o livre arbítrio.

No presente, após Callum reviver as primeiras lembranças do seu ancestral, ele absorve as habilidades e o conhecimento necessário para compreender o que está em jogo nos dias de hoje, qual sua real função ali e para quem realmente trabalha a empresa Abstergo.

Muitos aspectos do jogo foram muito bem traduzidos para o cinema, como as lutas bem coreografadas, as cenas de parkour, característica forte do jogo, e também o figurino e maquiagem. Sem contar o estonteante visual que permeia todo o filme. Passando-se na Inquisição Espanhola, é de se esperar que o filme agrade o público com lindas paisagens recheadas de CGI, ou a famigerada, computação gráfica. Ledo engano, caro leitor.

Dirigido por Justin Kurzel (Macbeth), o longa teve desde o início de sua produção o objetivo de trabalhar com efeitos em ambientes reais. Portanto, a maioria do filme foi criado com movimentos reais, seja dos atores ou dos dublês contratados, um prato cheio para fãs de filmes de ação. Para compor ainda mais o equilíbrio do filme, todo ele foi gravado na Espanha, Malta e Londres e as cenas que se passavam no século XV, foram filmadas com diálogos em espanhol, algo que não acontece nos games, independentemente da localização.

Ao sair do cinema, se você é familiarizado com os jogos da franquia, é impossível não fazer uma comparação constante entre as cenas em que os assassinos estão em ação com a jogabilidade do game. Se por outro lado, você está tendo sua primeira experiência com a história, você terá acabado de ver uma adaptação com estilo próprio, um filme cheio de ação e que explora muito bem os elementos que a história proporciona. As cenas de parkour, por exemplo, se fossem apresentadas junto a uma coreografia mal feita, poderia sem dúvidas estragar toda a dinâmica do filme.

Fans Services também serão entregues com maestria, e você fã de Assassin’s Creed, poderá liberar aquela cheerleader escondida que há dentro de você sem medo. Há duas ou três cenas com o épico Leap of Faith, em português, Salto de Fé, e a presença da Lâmina Oculta é constante, praticamente como se ela mesma fosse uma personagem.

A trilha sonora, apesar de ter me causado uma certa estranheza no início, com músicas, vamos dizer assim, mais “modernas”, quando estávamos imersos no século XV, ao final me pareceu impecável, casando muito bem com todas as cenas e com o contexto em que eram inseridas. Aliás, deve ser um dos pontos fortes da adaptação, o trabalho da trilha sonora com a imersão que o filme queria causar.

Por fim, pode ser que talvez eu seja uma crítica de cinema meia tigela, pouco exigente, é verdade, mas para mim Assassin’s Creed é um filme plausível, que entrega realidade em todos os quadros e em todos os lugares falando em termos de ideias e conceitos. A ação do filme é de verdade, em suma, é uma produção muito bem pensada por todos os envolvidos, inclusive por Fassbender, coprodutor do longa.

Dito tudo isso, se existiu uma adaptação ruim, esqueça-o agora e dê um “salto de fé” para este filme. Assassin’s Creed é um filme coerente, do início ao fim e que instiga a curiosidade do público, o filme dá uma nova chance e divide águas para que as adaptações de games no cinema possam, finalmente, mostrar a grandeza e a força que este universo tem a oferecer.

  • Assassin's Creed
  • Lançamento: 2017
  • Com: Michael Fassbender, Marion Cotillard
  • Gênero: Ação, Aventura
  • Direção: Justin Kurzel

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