Hey, Ho! Lets Go!

A família Creed acaba de se mudar para uma pequena cidade do Maine. O novo emprego de Louis, na universidade da cidade, possibilitou que ele, sua esposa Rachel, sua filha Ellie e seu caçula Cage se estabelecessem em uma bela casa colonial, porém, apenas com um pequeno problema, perto demais de uma rodovia perigosa.

Na primeira visita que a família faz pelos arredores da casa, eles conhecem seu simpático vizinho, o Sr. Jud Crandall. É este senhor que apresenta a família Creed, o “Simitério” de Bichos, um cemitério mantido há gerações por crianças da cidade.

Mais a frente deste, existe um outro e antigo cemitério indígena que parece ter força própria e vontade. O local atrai pessoas fragilizadas pelo luto, com a promessa sedutora de trazer quem quer que tenha sido enterrado ali de volta a vida. Este segredo é contato pelo velho Crandall e para Louis, a história não parece nada além de uma velha história de terror de um senhor de idade, porém, após o gato de sua filha, Churchill, ser atropelado na rodovia, trazer o gato de volta a vida através do cemitério indígena acaba virando uma opção, tudo para que a filha não lide com a morte tão cedo.
A inspiração para tal obra, se fez através da experiência pessoal do autor com sua família, quando também se mudou para uma casa no Maine que beirava uma rodovia. Em uma mesma situação, o gato da família também fora atropelado e o mesmo foi enterrado em um cemitério para bichos das redondezas. Após isso, King escreveu o primeiro manuscrito de Pet Sematary para depois ficar engavetado por anos.

-O solo do coração de um homem é mais empedernido, Louis murmurou o moribundo. – Um homem planta o que pode… E cuida do que plantou.

É quase impossível introduzir este livro com tão poucos spoilers, pelo menos sem aqueles dos quais eu acho essenciais de serem evitados para que o leitor tenha uma boa experiência de leitura. Mas eu prometo que tentei ao máximo. O Cemitério tem tantos pequenos nuances de mistério, que qualquer detalhe que possa ficar de fora desta resenha será essencial para que esta leitura seja incrivelmente perturbadora e aterrorizante para o leitor.

Essencialmente, O Cemitério é um livro sobre perdas e a linha tênue que existe entre a vida e a morte. Sobre o luto, e o principal, sobre aceitação. Passamos a vida inteira, com medo da morte e também não falamos sobre ela, afinal, apesar de ser uma certeza humana, ninguém quer morrer. A forma como a dor e loucura caminham lado a lado com o luto, neste livro, é extremamente bem retratada pelos personagens, cada um à sua maneira. Cada um deles tem uma história em particular sobre sua relação com a morte, excluindo, talvez, o pequeno Cage, que é apenas um bebê.
Os elementos sobrenaturais do livro se encaixam de forma precisa na trama, causando não só o desconforto e colocando a prova o ceticismo do nosso protagonista que é médico, mas também a do leitor que passa a criar diversas teorias para o que está acontecendo na vida de Louis e sua família. Os acontecimentos do livro acontecem numa crescente, a história evolui com o tempo e sem pressa. Até que os primeiros vestígios de terror apareçam na obra de King, até, enfim, chegar ao grande clímax do livro que é o final. Sem dúvidas, as últimas 50 páginas do livro são de tirar o fôlego.

Esta história já foi adaptada para o cinema em 1989 com o título de Cemitério Maldito no Brasil. No original, Pet Sematary também serviu como inspiração para a música hit da banda Ramones, do qual o autor, Stephen King, é um grande fã. Inclusive, há diversas citações de músicas da banda ao longo da narrativa de O Cemitério.

Como este foi meu primeiro contato com o autor, devo ser o mais sincera possível em descrever minha experiência de leitura. Me venderam como se O Cemitério fosse um dos melhores livros do autor, o que me preocupou bastante ao fim da leitura, pois eu não fui atingida totalmente pelo terror. Porém, devo isso ao fato de já conhecer detalhes sobre a história e sobre o desfecho da trama, talvez isso tenha influenciado na minha opinião final. A verdade é que o livro em si é interessante, envolve o leitor, mas não surpreende e nem amedronta por completo.

A narrativa do autor também me pareceu cansativa. Stephen King é prolixo e o seu desvio de consciência constante, me fez pensar que diversas partes do livro poderiam ser facilmente excluídas da obra final. Estes pontos são claramente, opiniões minhas, o que não tira em nada o mérito da obra. Este não será meu último contato com o autor, pretendo sim, ler mais obras dele e tenho certeza que uma delas há de me fisgar, só preciso escolher uma história que mecha um pouco com os meus medos.

É como falam, o livro pode não ter me agradado totalmente, mas pode perturbar outro leitor muito facilmente. O me deixa tranquila é que a obra foi discutida em um clube de leitura e outras pessoas acabaram tendo as mesmas impressões que eu. Mas reitero, sei do peso do nome do autor e sei da quantidade de obras que ele leva com seu nome. Por este motivo, O Cemitério não foi uma experiência inválida para mim, pelo contrário, foi a primeira porta aberta para o mundo fantástico e terrível de Stephen King.

  • Pet Sematary
  • Autor: Stephen King
  • Tradução: Mário Molina
  • Ano: 2013
  • Editora: Suma
  • Páginas: 424
  • Amazon

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