The Heart of Betrayal é o segundo volume da trilogia Crônicas de Amor e Ódio que foi lançado no final do ano de 2016. Esta resenha poderá conter spoilers sobre o primeiro livro, The Kiss of Deception (resenha).
A viagem até o reino de Venda não foi fácil e agora Lia e Rafe são prisioneiros do Komizar, aquele quem realmente comanda o reino bárbaro. Entretanto, cada um parece ter seu plano. Rafe diz ser um emissário de Dalbreck enviado pelo príncipe para negociar uma possível aliança com Venda. Lia sustenta a mentira de quem tem o dom, de quem pode prever o futuro e evitar mau presságios. Ela ganha o auxílio de Kaden que confirma sua história e convence o Komizar de que a presença de Lia dentro de Venda pode lhes trazer uma vantagem, despertando assim, o interesse do líder.
Até este ponto percebemos que todos mentem, Kaden e Rafe não eram quem diziam serem e Lia continua tendo que manter sua mentira para se manter viva. Desta forma os personagens percorrem uma linha tênue entre a confiança e a verdade, fazendo que o leitor se surpreenda com cada nova escolha que pode não só colocar suas vidas em risco, mas também marcar eternamente os seus destinos.
The Kiss of Deception foi uma grande surpresa para mim e por este motivo ele cativou um lugar entre os meus preferidos do ano. Tudo na história me conquistou, foram as reviravoltas, as surpresas e principalmente a forma como a autora engana e leva o leitor para onde quer que seja. Por este motivo, as expectativas para o segundo livro da trilogia estavam lá em cima, e agora eu vou contar para vocês e está continuação arrebatou ou não meu coração.

Uma boca não consegue ouvir o que a outra diz, e logo fica sufocada na trilha de suas próprias mentiras.

Diferentemente do seu antecessor, The Heart of Betrayal é bastante previsível e não conta com tantas surpresas. Isso é devido ao seu ritmo lento na primeira metade, onde poucas coisas acontecem de fato. Porém isso não é um defeito, é apenas um espaço onde as coisas precisam e devem estar mais paradas no desenrolar da trama. O livro se caracteriza muito mais como uma transição e também como parte do autodescobrimento dos personagens.
Lia e Kaden me surpreenderam e se destacam neste volume. Lia por descobrir sua verdadeira força e por aprender a lidar com seus erros e acertos na marra. Ela sabe que não há espaço ou tempo para deslizes maiores. Seu dom que de início começou como um fingimento conveniente começa a tomar outra forma e acaba contribuindo para o mistério que envolve a personagem. Aos mesmo tempo, Lia tenta encontrar o seu lugar num reino desconhecido e precário. Aos poucos ela é capaz de enxergar esperanças para sua vida e desconstruir toda a imagem que ela tinha sobre Venda que antes acreditava ser totalmente selvagem e cruel.
Porém, é Kaden quem mais cresce e se desenvolve na trama. Aqui conheceremos seus anseios, suas motivações e as origens do assassino. Encontraremos a bondade que ainda habita o personagem e descobriremos a quem ele é verdadeiramente leal, mas principalmente, desvendaremos os verdadeiros sentimentos que Kaden nutre por Lia e o real motivo dele não ter a matado quando teve a oportunidade. A descobertas das tantas facetas do assassino faz com o leitor deixe de lado sua função no reino de Venda e passe a vê-lo com outros olhos, o que gera mais uma confusão em nossas cabeças.
Por outro lado, é preciso dizer que Rafe não é um personagem apagado na trama, porém ele não se destaca muito durante o livro. Ele cumpre o seu papel como personagem, executando exatamente os seus planos, sem grandes surpresas. Seus sentimentos por Lia continuam genuínos, mesmo quando ambos são colocados a prova, o que rende algumas cenas bem interessantes de serem lidas, mas literalmente ele não é o foco da história.

A mitologia criada pela autora Mary E. Pearson ganha uma proporção maior. Neste iremos entender um pouco melhor sobre a criação dos reinos e o que está por trás dos Textos Sagrados que os Eruditos reais como o Chanceler de Morrighan precisavam tanto esconder para manter a fé. Também iremos receber algumas respostas sobre o dom de Lia e de que forma ela pode deixar de ser só mais uma peça nos exércitos dos reinos e deixar de estar à mercê das tradições dos clãs.

Confira a série Crônicas de Amor e Ódio

A existência de um triangulo amoroso também fica muito mais claro em relação ao primeiro livro, o que pode decepcionar um pouco alguns leitores. A mim não incomodou, mas para o terceiro e último livro da trilogia, eu espero de coração que a autora não iluda muito o leitor com este quesito e foque muito mais no desenvolvimento dos conflitos morais e políticos que abrangem a história do que na trama romântica em si.
Mais romantizado ou não, acompanhar o desenvolvimento desta princesa que só queria ir atrás de sua liberdade e a maneira como ela, com o tempo, percebe que suas ações ganharam proporções que ela jamais imaginou é só uma ponta do mundo grandioso que Mary E. Pearson criou. O poder de sua narrativa e a maneira que ela nos fisga em poucos capítulos são só o princípio de uma história completamente instigante do qual não me cansarei de recomendar.

Todos os modos pertencem ao mundo. O que é a magia senão o que ainda não entendemos?

The Heart of Betrayal é uma boa sequência e repete a dose do primeiro em apresentar um excelente chifhanger no final. Por esta razão, não há como as expectativas para The Beauty of Darkness não sejam altíssimas. As Crônicas de Amor e Ódio tem obtido sucesso em nos levar para uma história formidável, repleta de rivalidade, mistério, ação e principalmente de personagens fascinantes.

  • The Heart of Betrayal
  • Autor: Mary E. Pearson
  • Tradução: Ana Death Duarte
  • Ano: 2016
  • Editora: Darkside Books
  • Páginas: 402
  • Amazon

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