Alice está acostumada com a presença constante de Max em sua vida, eles são inseparáveis desde a infância, compartilhando aventuras inimagináveis, momentos de diversão, uma parceria que vai além de mera amizade, se transformou em amor. Porém, Max não é real, ou assim Alice sempre pensou, ele é o garoto de seus sonhos, a pessoa que sempre esperou por ela após um dia estressante, que domina seus pensamentos e torna sua existência mais colorida, mas se ele é invenção de sua mente, a junção de tudo aquilo que ela sempre admirou e desejou, porque é que ela o está vendo parado na porta da sala de aula?

O Garoto dos meus Sonhos se mostrou totalmente diferente daquilo pelo qual eu estava esperando. Alice está enfrentando outro processo de mudança em sua vida, o primeiro grande impacto foi quando sua mãe abandonou sua família e partiu atrás de satisfação profissional. E a segunda é se mudar para a casa que avó materna deixou de herança. Uma jovem estudiosa, sonhadora, mas carente. E por mais que se faça de forte e que mantenham um bom relacionamento com seu pai, o fato de ter sido abandonada por sua mãe deixou algumas cicatrizes.

Eu o inventei. Pelo menos é isso que sempre disse a mim mesma. A mistura de todas as adorações da infância combinadas em um cara perfeito. O problema é que eu estava errada.

Seu maior refúgio é Max, o garoto dos seus sonhos, o ser que está sempre presente, que a apoia, compreende, cuida, que jamais a machucaria ou deixaria, aquela pessoa que se tornou seu porto seguro e mesmo que ele surja apenas durante a noite, em meio a seus sonhos, sua presença é palpável, quase que real, algo que ela almeja na vida. Ainda que possa parecer insano, uma parte de seu coração sabe que ela precisa encontrar alguém real, mas ninguém seria bom o suficiente quanto Max. E quando ela se depara com um jovem idêntico a ele em sua nova escola, Alice tem certeza que não pode ser apenas uma coincidência.

Alice tem medo de viver a realidade, ela está tão apegada a sua vida paralela que os sonhos proporcionam que teme não ser feliz fora daquilo, tanto que para sua vida, ela passa a sonhar com ele acordada também, esperando que o garoto se materialize bem diante dos seus olhos e quando isso de fato acontece… é ladeira abaixo. O Max que ela tanto esperava se mostra um estranho.

Eu gostei da escrita da autora, do modo como ela nos deixa em suspense, buscando por respostas, tentando compreender se o que está acontecendo é real ou apenas um sonho. Conforme os capítulos passavam mais curiosa me tornava sobre o porquê dos sonhos rotineiros, sobre como aqueles dois jovens tiveram suas vidas conectadas ainda que jamais tivessem se conhecido. E foi exatamente neste ponto que me frustrei.

(…) Estou começando a perceber que talvez eu nunca o tenha conhecido. Não por completo de qualquer forma. E que sonhos e realidade estão longe de ser a mesma coisa.

É importante frisar que o livro é fofo, viciante e que nos prende mais a cada capítulo, mas pra mim não foi o suficiente. A autora tinha um tema maravilhoso em mãos, algo ousado, diferente, que poderia ter sido mais bem explorado, mas ela optou por manter a história rasa, o mistério todo fica para o final e então você pensa… é isso? Mas não serei apenas carrasca, preciso dizer que amei o relacionamento entre pai e filha, e a maneira como a autora abordou uma das consequências da perda em uma idade tão pequena, outro ponto que chamou minha atenção foram às amizades, os personagens secundários que trouxeram leveza e diversão para a história.

Portanto, mesmo com todas as ressalvas sobre os pequenos furos na trama, eu indico sim a leitura, principalmente se você estiver à procura de um romance leve, despretensioso, que vai te divertir e criar aquela sensação de curiosidade. De fato é um livro para passar o tempo e entreter.

  • Dreamology
  • Autor: Lucy Keating
  • Tradução: Luisa Geisler
  • Ano: 2016
  • Editora: Globo Alt
  • Páginas: 264
  • Amazon

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