Escrito por Brad Dukes, Twin Peaks – Arquivos e Memórias publicado pela Darkside é um dossiê completo sobre essa série um tanto excêntrica que marcou a televisão no início da década 1990 e abriu espaço para um novo jeito de contar histórias.
Criada por David Lynch, diretor de O Homem Elefante (1980) e outras produções, e Mark Frost, roteirista do seriado Chumbo Grosso, Twin Peaks gira em torno de uma cidadezinha nas montanhas que tenta desvendar um grande mistério: Quem matou Laura Palmer? Apesar de ter sido recebida com pouco entusiasmo pela rede televisiva ABC e mesmo com o estilo peculiar do trabalho de Lynch e Frost, a série foi um grande sucesso.
Nesse livro, nós encontramos uma série de entrevistas com a produção, elenco e grande parte dos envolvidos com a série. Brad Dukes se preocupou em dividir as entrevistas em temáticas onde começa apresentando ao leitor como surgiu a ideia da série, as dificuldades para vender a ideia para redes de televisão, a produção, a pós-produção, o sucesso da série, o seu declínio e, por fim, o legado. Somos convidados a revisitar toda a história de Twin Peaks tendo a chave de acesso aos bastidores através da vivência de quem fez parte dessa revolução.

Nós estávamos tentando quebrar a quarta parede na televisão e simplesmente fazer coisas que ninguém mais faria.

A série é totalmente diferenciada das produções de sua época, não apenas pela qualidade de filmagem, fotografia e trilha sonara que davam um ar de filme, mas também pelo seu roteiro. Twin Peaks reunia personagens excêntricos e caminhava entre a linha policial e ficção-científica. Durante todo o livro ficou bem claro a importância de Frost e David para criar uma atmosfera que flutuava entre drama, comédia e terror. O ambiente entre a produção e o elenco também é algo muito destacado nas entrevistas como algo primordial para o sucesso da série.

A primeira temporada foi marcada pelo seu viés mais artístico e sofreu muita pressão da ABC por causa do final um tanto inusitado depois de sete episódios. Mas o “boom” da primeira temporada fez com que a série se tornasse um produto e, no meio do caminho da segunda, o lado artístico acabou se perdendo.

Aprendi uma lição muito cedo neste negócio, que assim que algo se torna um sucesso, pode ser a morte da visão artística.

A capa dura com zigue-zagues em preto e branco faz referência a elementos das série, assim como a cortina vermelha que encontramos assim que abrimos o livro. Ele também conta uma fita para marcar a página, dando ainda mais estilo para edição. Todos os capítulos contam com diversas fotos que ilustram toda essa história fantástica fazendo jus ao nome “arquivos e memórias”.A Darkside teve um cuidado maravilhoso em montar o KIT para os seus parceiros, que veio com: marcador em formato de um pedaço de torta, uma ecobag super estilosa, fazendo referência a série, um postal bem-vindo a Twin Peaks, poster de edição limitada e esse cofrinho (imagem acima) com a foto da Laura Palmer recheado de balas de café.

Fica evidente que o público alvo são fãs da série, apaixonados por café e tortas de cereja, mas também para quem é interessado pela história da televisão. A estrutura do texto feita por Brad Dukes com as entrevista dá a impressão que estamos lendo o roteiro de um documentário e essa é uma sensação maravilhosa.

  • Reflections: an oral history of Twin Peaks
  • Autor: Brad Dukes
  • Tradução: Carlos Primati
  • Ano: 2017
  • Editora: Darkside Books
  • Páginas: 317
  • Amazon

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