Lully está prestes a realizar um sonho – fazer intercâmbio -, tocar na neve, sentir seu cheirinho gelado, o frio queimando sua bochecha. Está será sua primeira viagem, quatro meses longe de casa, dos amigos, da família e principalmente do Eric, seu namorado. Ela deveria estar com medo, receosa, mas a verdade é que está difícil controlar toda sua animação. O que Lully não sabe, é que novas oportunidades estão por vir, que um novo amanhecer pode significar um novo começo e tudo àquilo que sempre acreditou saber sobre si, pode estar prestes a mudar. É hora de tomar uma difícil decisão, uma escolha com o poder de mudar todo seu futuro.
Luisa Falcão, ou melhor, Lully está terminando de cursar Jornalismo. Apesar de gostar bastante de seu curso, seu futuro ainda é algo incerto, ela não sabe exatamente em que área irá atuar. Fazer um intercâmbio sempre foi um grande sonho, poder conhecer uma nova cultura, ficar fluente em outro idioma e se puder associar isso tudo ao frio melhor ainda, já que ama o inverno. Resultado, irá morar por 4 meses em Lake Tahoe nos Estados Unidos, onde irá trabalhar e dividir esse tempo com outros brasileiros, que também estão se aventurando como ela.
Lully é cativante. Me apaixonei por sua personalidade logo de cara. Ela é prática, um pouco neurótica e maluquinha, cheia de devaneios, pensamentos inquietos e divertidos. Para poder fazer seu tão sonhado intercâmbio, sacrificou muito, trabalho bastante já que sua origem é humilde, mas jamais perdeu a fé. Em um relacionamento sério de dois anos com Eric, um homem mais velho e centrado, se muni de promessas, tenta se apoiar no sentimento que nutrem um pelo outro, para assim ser capaz de passar tanto tempo separados, ela sabe que as mudanças são inevitáveis, mas acredita que a distancia será capaz de proporcionar um amadurecimento e trazer melhorias para eles. Deste modo parte rumo ao EUA cheia de planos.

Sério! Não há quadro de Monet ou raio que o parta que o prepare para um momento como esse! O chão está coberto de branco. Para todo lado que olho. Meus deus, que coisa linda! A neve cobre quase tudo…

O que mais amei na história foi à maneira como ela foi desenrolada. Acompanhamos o dia a dia desta jovem, seu deslumbramento em relação ao novo cenário no qual está inserida. Seu constante esforço para conseguir se superar e conquistar a vaga de emprego tão desejada. Passamos a enfrentar junto com ela os altos e baixos de se morar com pessoas desconhecidas, com personalidades distintas, que não buscam a mesma coisa, em um país diferente, precisando se adaptar a todas as novidades enquanto lida com a saudade de casa, ou a falta dela.
Lully transborda sentimentos, emoções, ler #Fui é como conversar com uma amiga, como se ela estivesse sentada bem ao nosso lado recordando e contando suas vivencias. Ela passa por muitas coisas durante os quatro meses, se redescobre, aprende muito mais sobre si e eu amei acompanhar sua trajetória (não posso deixar de mencionar o quanto suas referencias nerds são demais).
#Fui é acima de tudo um livro sobre autodescoberta. Mudanças são inevitáveis, oportunidades aparecem, outras se perdem, mas o importante é saber escolher, tomar as decisões corretas e não ter medo do novo. Algo que aprendi com a Lully é que sempre devo esperar o melhor, ter pensamento positivo e lutar por aquilo que sonho. Porque essa jovem, caros leitores, é generosa, dona de um coração gigante e uma personalidade vibrante.

Solidão não é estar sozinho, sem companhia. Solidão é um estado de espírito que consiste em se sentir sozinho, mesmo num estádio de futebol lotado. Não importa quem ou quantos indivíduos estejam ali ao seu lado, dispostos a ajudar, porque, quando se está só, seu espírito não vê nada além de breu.

Viviane apresenta uma escrita leve, despretensiosa, cotidiana, que torna a trama em si verossímil. Os cenários estão bem explorados, lindos e despertou em meu coração uma vontade insana de aprender snowboard, conhecer a neve, fazer um anjinho, tirar fotografias e eternizar aqueles momentos especiais ali vividos. Os personagens são secundários são hilários, temos de tudo um pouco e sim, eles fazem toda a diferença na trama, tanto para empurrar nossa protagonista e fazê-la perceber o mundo bem na sua frente, como para proporcionar alívio cômico e reflexões.
Minha única ressalva é que senti falta de algumas notas de rodapé. Sim, ainda vivemos em um mundo onde muitas pessoas não sabem inglês, e apesar da maioria das expressões serem curtas e até comuns, outras nem tanto, digo principalmente em relação ao público leigo. Não que isso atrapalhe a leitura, é apenas uma observação. Globo Alt, arrasou mais uma vez. Capa linda, diagramação impecável, revisão maravilhosa… sucesso. Parabéns! Até a próxima, beijos!

  • #Fui
  • Autor: Viviane Maurey
  • Ano: 2017
  • Editora: Globo Alt
  • Páginas: 360
  • Amazon

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