Clare Vanderpool é uma escritora americana que em 2013 lançou o bestseller Em Algum Lugar nas Estrelas. Depois do sucesso com este livro a Darkside resolveu trazer o primeiro livro da autora para o Brasil Minha Vida Fora dos Trilhos, e o resultado foi maravilhoso.
 Abilene é uma menina de 12 anos, acostumada a não parar muito tempo em uma cidade e por isso solitária. Ela é enviada sozinha de trem, pelo seu pai Gideon, para Manifest, uma pequena cidade do estado americano de Kansas. O ano é 1936, a cidade se movimenta envolta da ferrovia e o período escolar ainda não havia começado e então seu pai a deixa sobre os cuidados do pastor da cidade. Abi é uma menina muito curiosa e a solidão provoca nela a busca por fazer coisas novas e até mesmo o interesse sobre o passado das cidades por onde passou. Lendo jornais para saber mais sobre a cidade ela conhece a jornalista Happer, de quem é grande fã.

E é por sua curiosidade que ela acaba descobrindo uma caixa de charutos antiga, pertencente a um antigo soldado que traz memórias do distante ano de 1918. Dentro da caixa? Vários objetos, até mesmo um cartão postal do Kansas, ambos objetos que você, leitor, tem em mãos durante a leitura. É óbvio que a nossa menininha ficaria se roendo para descobrir quem era aquele soldado, se ele ainda estaria vivo e para quem ele mandava todas aquelas cartas e muito mais além disso.

Para mim, aquelas coisas eram como tesouros de um museu, objetos que uma pessoa podia estudar para aprender sobre outro tempo e os indivíduos que nele viveram.

Não tenho problemas nenhum em admitir que comprei Minha Vida Fora dos Trilhos apenas por causa da capa. A história era segundo plano total pra mim, mas me alegro em dizer que fui surpreendido pela história também.
O livro começa a alternar as datas, ao mesmo tempo que Abi e seus novos amigos vão descobrindo coisas sobre a cidade e a caixa de charutos em 1936. O livro também mostra como as coisas eram na época do antigo soldado, o que ele vivia, quem ele era e o que acontecia durante a guerra, em 1918. Existem duas histórias em uma, o que é muito perigoso na literatura, se elas não estão bem claras e separadas uma da outra. Por isso, a cada início de capítulo teremos o ano sobre o qual aquelas páginas falarão e a data exata em que está se passando, deixando bem claro para o leitor sobre quem está sendo falado e onde está cada um dos personagens daquela época. Estas duas histórias se ligam, elas estão conectadas e não se atrapalham, uma faz total sentido pra outra, mais uma vez perfeito. Além de tudo, o livro ainda traz ao fim de cada capítulo matérias do jornal da época, mostrando exatamente o que Abi leu ou o que acontecia na cidade durante ambas épocas.

Como falei mais acima, preciso dedicar alguns linhas para falar sobre a capa desta sua capa. A edição é em capa dura, imitando uma caixa de charutos, que adivinhem só: tem tudo a ver com a história. Com direito a lacres rompidos para mostrar que ela está aberta, indicando que a caixa era uma edição especial. Além disso, ainda na capa, existe o desenho de um trilho envolvendo um trem, outro elemento do livro, já que a cidade onde a personagem principal desembarca tem esse modo de locomoção como o mais comum. Um trabalho gráfico caprichado e que fisga o leitor logo de cara.

A capa original do livro é apenas a foto de uma menina andando sobre os trilhos. Linda, mas a Darkside conseguiu sobressair-se em relação a edição americana. Não tenho nenhuma dúvida de que é o livro mais lindo que comprei este ano e um dos mais bonitos que tenho, o que já gera um carinho enorme pela obra. A segunda capa também recebe a reprodução de um mapa ferroviário. Eu sou apaixonado por mapas e esse ficou perfeitamente colocado na obra, somado a isso, as folhas de guarda recebem a ilustração de uma locomotiva, o que também é perfeito. O livro conta também com um cartão postal de Kansas, mas não pintado em uma página, ele vem como cartão postal real. Todo este carinho não é resultado apenas de uma uma edição limitada, ele vem em todos os livros.

Confira a resenha de Em Algum Lugar nas Estrelas

Minha Vida Fora dos Trilhos é a obra prima da edição aliada com uma boa história, ela não desenvolve nenhum grande mistério, é apenas a evolução da curiosidade de uma criança aliada ao amadurecimento dela própria, o que funciona perfeitamente bem, o livro flui com facilidade e é uma maravilha literária para qualquer tipo de pessoa. Este é um livro para fazer sorrir e para surpreender o leitor, um livro que passa paz ao mesmo tempo em que você se aventura, vale cada linha dessa leitura. Realmente um dos melhores livros do ano.

  • Moon Over Manifest
  • Autor: Clare Vanderpool
  • Tradução: Débora Isidoro
  • Ano: 2017
  • Editora: Darkside Books
  • Páginas: 320
  • Amazon

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