Quando Peter Katz, um agente literário, recebe um manuscrito que promete revelar informações ocultas de um assassinato não resolvido ocorrido há 25 anos, ele fica acima de tudo, intrigado e sente a necessidade de ir atrás da verdade e ver se quem lhe mandou aquilo realmente existe. Uma trama de ciúme, possessividade, amor, mistério e uma história muito mal contada. É isso que encontramos em O Livro dos Espelhos.
O manuscrito recebido pelo agente acaba abruptamente, ele vai atrás então do escritor daquele relato, mas descobre que ele está morto, Katz tinha chegado até ele tarde demais. No manuscrito que recebera, o escritor tinha informado que o resto da história já estava pronta, que daria a ele assim que ele conseguisse uma editora para fazer a publicação de todo real enredo.
O livro inicia com Peter Katz recebendo o manuscrito de um ex-aluno de Princeton, lhe contando que sabia sobre o assassinato de um famoso professor, ocorrido há mais de 20 anos, e com uma solução conveniente, mas pouco convincente na época. Ele diz que revelará a verdadeira identidade do assassino assim que Katz lhe mostrar que conseguiu uma editora para a publicação de seus escritos, após isso, ele também irá revelar o restante do manuscrito.

Alguém disse, certa vez, que o início e o fim de uma história não existem. São só instantes escolhidos subjetivamente por um narrador para permitir que o leitor possa observar um acontecimento que começou um tempo antes e terminará um tempo depois.

Será que o homem irá admitir um assassinato bárbaro depois de tanto tempo? Será que mentiria outra vez? Será que incriminaria a ex-namorada da época? Essas são as dúvidas que atraem Katz para a história, que o fazem querer saber o resto dela, que o coloca na busca do misterioso manuscrito. O que ele não espera é que a verdade não quer ser descoberta e muitos outros percalços irão atrapalhar a sua busca.
O livro começa com o agente literário recebendo o manuscrito e transcrevendo ele para o leitor, como se o homem misterioso contasse sua história, ainda nas décadas passadas, quando o assassinato aconteceu. Na segunda parte, o narrador se altera, passando para um novo personagem, contando outra visão da história. Por fim, na terceira parte, mais um novo personagem conta a sua história, todas voltadas para aquele assassinato que ocorreu há 25 anos.
Achei o livro leve, bem sucinto, rápido de ler e fácil de compreender, a leitura fluí muito bem, são 315 páginas que passam voando, porém, na minha opinião a dinâmica do livro foi muito fraca e ruim, me decepcionando demais.
A troca de narradores é completamente dispensável, eu acharia muito mais interessante uma única pessoa narrar o texto, até mesmo em 3º pessoa, e ir falando da entrada das demais personagens no decorrer da narração normal, o que poderia ocorrer muito bem, sem nenhum problema. O modo que este livro é contato, utiliza de um recurso literário que eu não me lembro de ter visto nos últimos livros que li e também não me lembro de ter gostado de algum livro com essa dinâmica. Já li e gostei, de muitos livros onde o narrador é intercalado, já li também livros em que o narrador externo, em terceira pessoa, intercala com narração de um dos personagens, o que também é ótimo, mas um livro onde o primeiro narrador é substituído e outra pessoa inserida no enredo passa a contar a história principal me soou muito estranho e não me agradou nenhum pouco.
A entrada dos outros interlocutores é aceitável, mas você vê que é desnecessária. Peter podia continuar sendo o narrador e esses demais personagens serem inseridos em outra contextualização, com outra importância e não em primeira pessoa, prejudicaria muito menos o texto do que a ideia que o autor teve. Um exemplo do que falo é o segundo narrador, que é um repórter investigativo que Peter contrata para buscar informações sobre o caso, ele passa a contar a sua busca e visão dos fatos, mas isso poderia estar inserido na narração do próprio Peter, em conversas com o repórter ou até mesmo nas suas reações ao receber os reportes dele referentes ao caso.

Falando diretamente do assunto principal do livro, o assassinato a ser resolvido, achei que em várias vezes ele acaba virando um tema secundário, deixado de lado pelos interlocutores. Muitas partes da história para mim também ficaram sem uma explicação plausível e o final do livro só não é decepcionante porque no decorrer dele você já não espera muita coisa, é completamente fraco, sem embasamento e pouco crível.

Não conhecia ainda o autor, E. O. Chirovici é romeno, tem alguns outros livros já lançados mas O Livro dos Espelhos é o primeiro a ser traduzido para o português. A edição lançada pela Record segue o trabalho gráfico da edição dos Estados Unidos, uma sombra de alguém, estilhaços de vidro e o título. Os estilhaços, inclusive, têm uma textura diferente do resto da capa, deixando eles sensíveis ao toque e mais evidentes no olhar. As páginas são um pouco transparentes, o que atrapalha a leitura as vezes, já que você enxerga o que está do outro lado da página, mas fora isso a edição é boa.

O Livro dos Espelhos é um thriller investigativo, de leitura fácil e rápida, mas que para mim não serviu, foi fraco e decepcionou demais, pois eu estava com uma expectativa muito grande pela leitura e acabei completamente frustrado com a história que deixou a desejar. E vocês, já tiveram a oportunidade de ler este livro? O que acharam dele? Já leram algo da literatura romena? Confesso que a minha primeira experiência me deixou com medo de ir atrás de mais livros de escritores romenos.

  • The Book of Mirrors
  • Autor: E. O. Chirovici
  • Tradução: Roberto Muggiati
  • Ano: 2017
  • Editora: Record
  • Páginas: 322
  • Amazon

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