Minha relação com O Menino do Pijama Listrado é muito pessoal, o que torna um pouco impossível essa resenha não ter um toque mais íntimo. A primeira vez que li esse livro foi em 2008, eu ainda estava no colégio e esse foi o livro que escolhi para o meu projeto em grupo de literatura. Lembro como se fosse ontem, eu convencendo o meu grupo da importância de ler esse livro. E olha eu aqui de novo tentando convencer mais pessoas.

Bruno tem 9 anos e uma vida confortável em Berlim no ano de 1940. A situação muda quando ele é obrigado a se mudar para interior junto com a sua família por causa do trabalho do seu pai. O menino não tem muita noção do que ele faz ou é, mas sabe que é algo muito importante. Longe dos amigos, tendo que aturar sua irmã três anos mais velha, Bruno simplesmente odeia a nova casa. Como válvula de escape, ele começa a fazer algumas expedições pela floresta ali perto, na tentativa de encontrar uma fazenda que viu pela janela do seu quarto, onde todos parecem usar pijamas. Chega um dia que ele encontra uma cerca e um menino da sua idade do outro lado chamado Schmuel. E aos poucos ele descobre que ali não é exatamente uma fazenda, mas um campo de concentração nazista.

Conforme Bruno chegava ainda mais perto, ele viu que não era nem ponto nem mancha nem forma nem vulto, e sim uma pessoa.

O que me conquistou na escrita do John Boyne, desde a primeira vez que tive contato com esse livro, é a forma com que ele apresentou algo tão sério e difícil de ser tratado de um jeito único: através da perspectiva de uma criança ingênua em meio ao nazismo. No fundo, eu acho que o Bruno representa um pouco da descrença em como o ser humano pode ser ruim e como já pode ser muito tarde quando tomamos consciência disso.

O foco principal da história é a amizade entre o Bruno e Schmuel, que surgiu através de uma situação muito atípica. Muitas pessoas criticaram isso no livro falando que seria impossível ninguém nunca ter visto as duas crianças conversando, ou contestando alguns fatos históricos. Enfim, eu acho que as pessoas esquecem da licença poética que permite que os autores trabalhem para além da realidade, mesmo assim trazendo toda a essência e passando a mensagem que queriam.

O Menino do Pijama Listrado foi um sucesso mundial e, em 2008, foi adaptado para o cinema. Infelizmente, não recebeu o mesmo destaque que o livro, mas ao meu ver foi uma ótima produção que conseguiu ser muito fiel ao a história original e, inclusive, tendo Vera Farmiga (Norma Bates de Motel Bates) e David Thewlis (Remo Lupin de Harry Potter) no elenco.

Qual era a diferença, exatamente? – ele se perguntou. E quem decidia quem usava os pijamas e quem usava os uniformes?


Esta edição ilustrada veio em comemoração aos 10 anos do lançamento do livro, uma parceria do autor John Boyne com o ilustrador Oliver Jeffers. A edição publicada pela Seguinte é em capa dura e começa com uma introdução feita pelo próprio autor falando sobre O Menino do Pijama Listrado e toda sua repercussão. As ilustrações de Oliver são predominantemente pretas, mas possuem alguns toques de azul e vermelho – pelo que eu entendi: o azul representando os judeus e a inocência; o vermelho, o nazismo e tudo que há de ruim.
Seja para sua primeira experiência com o livro, ou para os fãs dessa história, a edição ilustrada de O Menino do Pijama Listrado está incrível, encantador e perfeita para ser apreciada.

  • The Boy in the Striped Pyjamas
  • Autor: John Boyne, Oliver Jeffers
  • Tradução: Augusto Pacheco Calil
  • Ano: 2017
  • Editora: Seguinte
  • Páginas: 328
  • Amazon

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