Aubrey sabe que negócios e amor dificilmente funcionam bem juntos, ainda mais após perder de uma única vez o namorado e o emprego. Saindo da cidade, rumo à desconhecida Califórnia, ela nem imagina que precisará decidir mais uma vez se envolve ou não as emoções no que parece ser a parceria perfeita. Quando Chance, um australiano lindo e simpático, propõe uma carona amiga, ela não vê outra alternativa a não ser ajudar o rapaz a chegar ao destino enquanto divide as despesas e a direção.
Mas a curta viagem de carro toma proporções sensuais e assustadoras quando a atração entre eles vai ficando mais evidente a cada minuto que passa. Enquanto fica sentada no carona, Aubrey admira a bela paisagens dos bíceps bem torneados de Chance e conhece mais sobre a vida não tão glamourosa desse ex-jogador de futebol. É difícil encontrar a própria razão quando ele sorri daquela forma ou quando pronuncia seu nome com um sotaque incrível, e mais irresistível ainda são as investidas sutis que ele dá em relação à ela.
Quando ela finalmente decide abrir mão das barreiras que construiu ao redor do seu coração e se entregar à esse sentimento avassalador, Chance hesita deixando-a confusa e humilhada. Afinal, que tipo de segredo ele esconde quando atende ligações misteriosas? Aubrey têm medo de se magoar mais uma vez, mas sente que uma forte conexão é compartilhada entre os dois, resta saber se ele está disposto a abrir mão dos próprios demônios e se entregar à esse sentimento.

Em pouco mais de uma semana, encontrei minha maior felicidade e sofri meu maior desgosto. Era como se eu tivesse nascido de novo só para ser destruída pela mesma coisa que me dera um novo sentido para a vida.

Apesar de ter lido outro livro de uma das autoras e não ter gostado muito, quis dar uma chance à essa história. O plot previsível tem suas qualidades e Aubrey, já na sinopse, parece o tipo de mocinha que representa muitas de nós leitoras. Magoada, querendo recomeçar, mas que no fundo possui aquela esperança de encontrar seu próprio final feliz. E dentro da pretensão da obra, foi exatamente isso que ambas autoras conseguiram trazer. Porém se há algo que me incomoda nesse tipo de romance leve, é a rapidez do envolvimento entre as partes, defeito presente também nessa obra. Sabemos desde o início que lidamos com uma protagonista machucada, que por ter sido traída pelo ex-namorado desconfia de praticamente todo o ser do sexo masculino que respira, mas isso muda magicamente ao ficar apenas um único dia ao lado do gostosíssimo e perfeito Chance. Pra mim isso tira parte do valor da personagem, a torna fútil, cujas emoções voláteis não devem ser levadas à sério.
E não falo de atração física, afinal o cara é um deus grego e só sendo cega para não enxergar os belos atributos dele, mas sobre sentimento, sobre aquele tipo de amor instantâneo que consegue tirar a credibilidade mesmo da melhor das histórias. Declarações emotivas logo de início, como as apresentadas em Cretino Abusado, não me convencem e eu fiquei um pouco desanimada com o rumo que a trama estava tomando. Ainda bem que com um pouquinho de paciência continuei a leitura e consegui conhecer um lado mais maduro e envolvente dessa história.
Chance é o protagonista padrão, lindo de morrer, carismático como o diabo, sensual até dizer chega. Ele parece não ter defeitos, a não ser que te fazer esquecer como respirar seja considerado um, mas linha à linha vamos conhecendo um pouco mais desse homem que esconde uma grande mágoa atrás de belos sorrisos. É injusto eu mencionar apenas o desenvolvimento de seu personagem, pois a personalidade de Aubrey também foi amadurecida no decorrer das páginas e chegando ao desfecho dessa história, é possível se emocionar genuinamente com o casal.

Nossa droga de noite de núpcias. Deveria ser falsa, mas parecia muito real. Nada tinha sido mais real em toda a minha vida. Agora, eu me recriminava por pensar que tirar essa foto seria uma boa ideia. Eu deveria ter apagado todas as fotos de Aubrey para que nunca tivesse que olhar para o que perdi – o coração que eu sabia muito bem que havia despedaçado.

Assim como os personagens o drama também cresceu aos poucos e levou o romance um pouco além do singelo “água com açúcar”. Talvez não tão denso quanto poderia, mas considerando que essa nunca foi a pretensão da obra, temos em mãos uma leitura agradável, envolvente e de muito bom gosto. Cretino Abusado pode não ser a obra prima das histórias de amor, mas é romântico na medida certa e isso basta e se você quer algo para se distrair, ele tem a combinação perfeita do leve e divertido para tirá-lo daquela ressaca literária.

  • Cocky Bastard
  • Autor: Penelope Ward e Vi Keeland
  • Tradução: Andréia Barboza
  • Ano: 2017
  • Editora: Essência
  • Páginas: 272
  • Amazon

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