Que saudades que eu estava de ler Julia Quinn! Fazia um tempinho, desde o último livro que li e resenhei da autora, mas agora, finalmente, trago para vocês a resenha do primeiro livro da nova duologia, Agentes da Coroa.
Em Como Agarrar Uma Herdeira conheceremos Caroline Trent, uma jovem dona de uma grande fortuna, que está prestes a completar vinte e um anos e por fim, sua independência. Porém, a data do seu próximo aniversário preocupa o seu atual tutor, Oliver Prewitt, que deseja colocar as mãos neste dinheiro o quanto antes. O plano é fazer com que Percy, seu filho, se case com Caroline, por bem ou por mal. Certa noite Caroline vê a oportunidade perfeita de fugir, apenas com meia dúzia de pertences e um revolver, o suficiente para se defender caso encontre algum perigo na estrada. Porém, não muito longe dali, Caroline se depara com um estranho cavaleiro que parece confundi-la com outra pessoa. Blake Ravenscroft é um agente da Coroa e está em busca de Carlotta De Leon, uma famosa espiã espanhola. Ele acredita que a mulher que encontrou saindo sorrateiramente da casa de Oliver, um grande suspeito de traição, seja Carlotta e não pensa duas vezes ao prendê-la.

Vendo que tal engano pode ajudar no seu plano de fuga, Caroline não se esforça nem um pouco para desmentir todo o mal-entendido, pelo menos não até ela completar seus vinte e um anos, dali a seis semanas. Enquanto não têm a confissão de “Carlota”, Blake precisa manter a prisioneira em sua própria casa antes de leva-la a justiça, porém, algo parece estranhamente errado quando “Carlota” parece despertar nele sentimentos há muito tempo adormecidos. Seria uma espiã a responsável por trazer cores de volta a vida de Blake?

Como era possível que ele parecesse ainda mais belo cada vez que o via? Realmente não era justo. Toda aquela beleza desperdiçada em um único homem. E um homem insuportável, ainda por cima.

Meu retorno aos livros de Julia Quinn, não poderia estar em melhores mãos. Como Agarrar Uma Herdeira, brinda o leitor com tudo de bom que a autora trabalha. A história é instigante, engraçada, romântica e dramática na dose certa. Sem dúvidas, de todos os livros que li da autora, este é aquele que trabalha as situações mais improváveis, diferente de tudo que já li da autora, até de tudo que já li dentro do gênero.

Caroline é doce e ousada, inocente, mas sedutora, sensível e forte ao mesmo tempo. São várias as facetas da personagem e ela sempre consegue nos surpreender. Quando achamos que Caroline tende a ir para um lado, ela se posiciona de outra maneira, encantando não só o leitor, mas também Blake que não teve chance alguma em resistir a ela. Caroline é o contraste perfeito da época na visão de uma mulher que não quis aceitar um futuro traçado por terceiros, mas um que ela mesma estava disposta a construir.
Apesar de ser Caroline a responsável por carregar problemáticas bastante significativas, como seu desejo de não se adequar aos moldes da época e tudo que passou na mão de tutores desalmados, como abandono e abuso é Blake que carrega o tom mais dramático do livro. Preocupado e irritado na mesma medida, ele tem um passado sombrio, marcado pela perda e cheio de feridas abertas. Desde então ele tem vivido no automático, até o dia da sua última missão, quando finalmente iria se aposentar desta profissão que parece ter lhe tirado tudo.

É ótimo acompanhar estas duas personalidades juntas. Além de proporcionarem os melhores diálogos, temos a já conhecida relação clichê que todos amamos, onde enquanto este casal estiver junto, faíscas irão rolar. Dentre este tom divertido, a autora encontra espaço para trabalhar mais profundamente as características de cada personagem, como seus receios e inseguranças em relação as suas perspectivas de vida. É ótimo acompanhar o crescimento deles em relação a isso e melhor ainda perceber que juntos eles podem ser ainda melhores nisso.

Como Julia Quinn sempre traz algo diferente em seus livros, desta vez ela uniu um hobbie de Caroline a uma ferramenta bastante interessante da narrativa. A cada início de capitulo, teremos acesso ao diário pessoal de Caroline, onde ela anota palavras novas que vai aprendendo no seu dia-a-dia. Estas palavras vêm acompanhadas do seu significado e uma aplicação numa frase. Ao longo da leitura, iremos entender que o significado desta palavra vai fazer parte do andamento da história no capitulo correspondente. Isso se estende até o final, quando o epilogo será composto por várias dessas palavras e assim, ao longo dos anos, iremos entender como o casal se virou após o final do livro.
O Marquês de Riverdale, grande amigo de Blake e também agente, tem um grande destaque na história, e contribui bastante com o andamento de tudo. Será ele um dos protagonistas do segundo e último livro da duologia, Como se Casar com Marquês. Notícia que eu recebo com um grande sorriso, pois eu amei cada segundo em que James aparece. Estou curiosa para conhecer os mistérios desse personagem e o seu final feliz.

Como Agarrar Uma Herdeira se destaca por apresentar um cenário completamente diferente dentre os romances de época. Aqui não teremos provas de vestidos, chás, salão das mulheres ou grande bailes e valsas. Iremos acompanhar uma vida no campo cheia de ação, perseguições e espionagem, e, como uma lady acabou adentrando neste mundo e acabou virando peça chave para uma grande missão. Eu amei cada detalhe desta história, o tom bem-humorado e todas as farpas que estes dois proporcionam.
Esta duologia foi uma das primeiras histórias escritas pela autora na década de 90, e aqui percebemos várias das características que virariam marca registrada da autora. Se você já é um fã de romances de época vai adorar a experiência e se sentirá agraciado por tudo que o gênero tem de melhor. Caso você não seja familiarizado com o gênero, Como Agarrar Uma Herdeira pode te render momentos inesquecíveis que te farão viciar neste tipo de história. Muito divertido, levinho e fofo, Julia Quinn vai unir um bom enredo a personagens marcantes, de personalidades fortes e línguas afiadas, vale super a pena conferir a jornada destes dois.

  • To Catch An Heiress
  • Autor: Julia Quinn
  • Tradução: Ana Rodrigues
  • Ano: 2017
  • Editora: Arqueiro
  • Páginas: 304
  • Amazon

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