Leonora é uma escritora de romances, não é extremamente conhecida ainda, mas já vive da sua arte. Sozinha, sem relacionamento amoroso e com poucas amigas ela se vê surpresa ao receber um e-mail convidando-a para a despedida de solteira de sua ex-melhor amiga, Clare.

Ela não fala com Clare há 10 anos e não entende porque está sendo convidada, já que se quer fora convidada para o evento principal, o casamento. Uma amiga em comum das duas também foi convidada, Nina, que combina com Leonora de as duas irem juntas participar do fim de semana de festejos de Clare: um fim de semana, uma casa antiga, um lugar distante na Inglaterra, muita vegetação por perto, poucas testemunhas… é claro que isso não vai acabar bem.
Em Um Bosque Muito Escuro começa com Leonora no hospital, acordando, com médicos a sua volta, preocupações e pouquíssimas lembranças do motivo que a deixou naquela cama. E vai ser sobre as lembranças da personagem principal que o livro irá transcorrer, fazendo ela narrar desde o dia em que recebeu o e-mail inesperado até o momento dos fatos que a levaram para o hospital. O livro é narrado em primeira pessoa o tempo todo, mostrando sempre a visão da narradora Leonora e os seus pensamentos, que de tempos em tempos volta a apresentar capítulos curtos de Lee narrando seu estado atual no hospital.Quando leio livros desse gênero, eu prefiro os narrados em terceira pessoa, passando ideias sobre todos os personagens e mostrando o pensamento de todos de maneira igual, porém esse tipo de narração acaba tornando uma história com um enredo mais simples como essa em um mistério interessante, já que o leitor não sabe o que os demais personagens estão tramando e o real caráter deles.

Senti que o livro pecou um pouco na descrição das cenas, ele é curto e que não se preocupa muito em ambientar completamente o leitor nas cenas onde os personagens estão, fazendo Lee mencionar apenas coisas que ela notou no ambiente e que obviamente são importantes para a história em si. Particularmente, eu prefiro livros que falam de uma maneira confortável sobre todo o ambiente, mesmo que aquela observação não seja relevante para a história em si, mas que te deixa em dúvida se aquilo precisa ser realmente notado ou então, algo que vá fazer sentido mais para frente na obra.

Outra coisa que não gostei no livro foi a resolução das ações, existem atitudes que os personagens tomam que são muito duvidosas, que caso você se transporte para a cena, não teria uma atitude tão ridícula. No mínimo, a situação deveria gerar uma comoção maior nos outros personagens, mas eles acabam tratando aquilo como normal e não se afetando, dando pouca credibilidade para a história, assim como o final e o andamento do principal mistério da história. Não existem explicações convincentes e a obra perdeu muito por isso.
Nunca tinha lido nada da autora, esse foi o primeiro livro dela, lançado na Inglaterra em 2015, mas ela ganhou mais notoriedade com A Mulher da Cabine 10, que foi lançado junto com Em Um Bosque Muito Escuro aqui no Brasil. É comum isso acontecer por aqui, a editora comprar os direitos de publicações de um autor que ainda não tinha obras lançadas no Brasil por causa de um livro que fez sucesso no exterior e lançar esse livro de grande repercussão juntamente com os demais do mesmo escritor. Além desses dois livros, Ware ainda tem mais um livro lançado na Inglaterra, chamado The Lying Game e no verão europeu de 2018, deve lançar sua mais nova obra The Death of MRS Wastaway.

Sinceramente, eu esperava uma obra de terror psicológico, de medo, algo parecido com Quem Era Ela, livro que já resenhei aqui no Estante para vocês, mas o que li foi uma obra que até tenta buscar esse tipo de terror que tem virado tendência, mas muito forçado, sem a coerência necessária para uma boa obra. De qualquer maneira, fiquei bem curioso para ler A Mulher da Cabine 10. A primeira obra de um escritor sempre deixa um pouco a desejar na minha opinião, é a primeira publicação, não se tem muita experiência e as falhas são bem comuns, já nessa segunda obra foi onde Ruth atingiu sua fama e teve uma visibilidade maior, inclusive atingindo a lista dos mais vendidos do The New York Times.

Eu particularmente gosto muito de descobrir novos escritores, mas isso também gera um certo grau de decepção um pouco grande, é sempre bom ter mais nomes para procurar em livrarias já que os grandes best-sellers sempre demoram um bom tempo para lançar novos livros, que nem sempre são boas realmente. Então, ficamos combinados assim, vou ler o próximo livro dela e venho aqui contar pra vocês o que eu achei para dar um parecer mais embasado sobre Ruth Ware. Algo me diz que Ware pode ser uma bela escritora, tomara que ela não tenha cometido os mesmos erros nos seus outros livros, porque conteúdo e originalidade ela apresentou nessa obra, só faltou um maior cuidado no encerramento de cada dificuldade apresentada no texto.
Agora me digam vocês: aceitariam um convite para uma festa de alguém que você já foi muito próxima, mas que por algum motivo não vê há 10 anos? Eu não.

  • In a Dark, Dark Wood
  • Autor: Ruth Ware
  • Tradução: Alyda Sauer
  • Ano: 2016
  • Editora: Rocco
  • Páginas: 288
  • Amazon

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