Que adolescente que nunca sonhou em arranjar um namorado ou estar sempre na moda e entrar numa universidade super cotada? E a resposta é: Aza Holmes. Diferente das garotas da sua idade, Aza só deseja fugir dos seus pensamentos e se tornar uma pessoa comum. Não que ela seja um alienígena, mas a jovem carrega dentro de sua cabeça, um mundo próprio. Nossa querida protagonista possui Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), que não por coincidência, é também a mesma doença do nosso estimado autor, John Green.

Em meio a sua doença psicológica, Aza busca levar uma vida “normal”, mas sempre acaba entrando em espirais de pensamentos intrusivos, que, geralmente a levam a fazer repetidas coisas indesejadas, sempre relacionadas à sua higiene. Daisy, sua melhor amiga e salvadora nos momentos difíceis, é uma garota de personalidade forte, amante de Star Wars e escritora de fanfic. Mesmo sendo completamente diferente da amiga, a garota é a única que mesmo em momentos de crise, consegue fazer com que Aza se sinta mais leve e normal.
Essa incrível amizade irá render às duas, inúmeras aventuras, e a principal delas é o foco do livro. Após o desaparecimento do grande bilionário da cidade de Indianápolis, Russell Pickett, cem mil dólares são oferecidos de recompensa, para quem encontrar alguma pista sobre a localização do magnata. Aza não dá a mínima para o acontecimento, entretanto, sua melhor amiga a convence a investigar o paradeiro de Russell, afinal, a recompensa ajudaria muito na faculdade. As duas começam a investigação então, pelo único contato de Aza com o bilionário, seu filho Davis.

Tudo bem que tenho problemas de ansiedade, mas não vejo nada de irracional em ficar nervosa por saber que somos uma colônia de bactérias num invólucro de pele.

Seria aceitável não mencionar o Davis nessa resenha, contudo, fiquei completamente apaixonada com o garoto, se tornando impossível não trazê-lo. Davis Pickett é filho do magnata Russell Pickett e um amigo de infância da Aza. O jovem é muito sensível e encantador, ele consegue transformar fragmentos de sua alma conturbada, em lindos poemas. Entretanto, sem haver um motivo evidente, Aza e o garoto se distanciaram ao longo do tempo. Esse reencontro entre os jovens, promete reabrir feridas do passado, como casquinhas de um machucado que temos a mania de tirar. 

A história é ambientada no estado de Indiana, nos Estados Unidos, nos dias atuais. Ela nos traz uma maravilhosa lição sobre amor, amizade, mas, principalmente, valores. E junto a isso, o autor mescla com seu toque de plenitude, o Transtorno Obsessivo Compulsivo, que é uma doença mental muito difícil e que ultimamente tem sido enfoque de muitas discussões.Ao final da minha leitura, tive vontade de aplaudir o autor, pela capacidade de transpor para um livro uma doença como essa. Como é mencionado no livro, a dor é algo difícil de ser expresso, por isso, diversas vezes usamos metáforas e comparações para expressar aquilo que sentimos. Fico a refletir, se para expor uma dor causada por uma doença física já é difícil, quem dirá uma dor, consequência de uma doença mental? Todavia, John Green exprimiu isso da melhor maneira e eu consegui me sentir na cabeça da Aza, mesmo tantas vezes não conseguindo compreendê-la.

Muitas vezes nada conseguia me livrar do medo, mas, em outras, só ouvir Daisy já resolvia. Ela conseguia concertar alguma coisa, dentro de mim, e eu já não sentia mais como se estivesse num redemoinho, ou sendo sugada por uma espiral que só se afunilava.

O livro é fascinante, e mais uma vez, John Green não nos decepciona. Já li quase todos os livros do autor, mas devo confessar que me agarrei àquele fiozinho de esperança de que o final fosse diferente. Há uma parte no livro em que a protagonista afirma que não existem finais felizes, ou se é feliz ou não há final. Fiquei me perguntando se o recado era pra mim, pois serviu direitinho.

A obra é linda, sua capa faz todo sentido com o livro e confesso que ri muito ao descobrir o porquê do título. Quando foi divulgado o nome desse livro, fiquei me perguntando qual seria o motivo e não consegui pensar em nada, mas a relação do título com o conteúdo faz total sentido. Acho a escrita do autor super leve, e talvez seja por isso que ela nos prenda tanto.

John Green às vezes me lembra muito o Charada, inimigo do Batman, com seus enigmas, que passamos o livro inteiro tentando descobrir a resposta, e quando chega ao fim, nos perguntamos como não havíamos pensado naquilo. Claro, há muitas diferenças entre ambos, Green é um incrível gênio do bem, que nos deixa encantados com suas obras. Para quem gosta de uma leitura young adult, do gênero romance, é uma leitura muito indicada.
O autor para quem, dificilmente, não conhece, é norte-americano e ficou mundialmente conhecido, principalmente, após a publicação do seu best-seller, A Culpa é das Estrelas. John Green possui ainda outras obras traduzidas e publicadas, aqui no Brasil, como Quem é você, Alasca?, Cidades de Papel, O Teorema Katherine, Will e Will, com o autor David Levithan, e Deixe a Neve Cair, com as autoras Maureen Johnson e Lauren Myracle, inclusive, algumas dessas obras já foram adaptados pro cinema.

  • Turtles All the Way Down
  • Autor: John Green
  • Tradução: Ana Rodrigues
  • Ano: 2017
  • Editora: Intrínseca
  • Páginas: 272
  • Amazon

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