Lara Croft já é uma velha conhecida para os consumidores de games em todo o mundo. Desde 1996, data de lançamento do primeiro jogo, Tomb Raider se transformou em um ícone da indústria por sua jogabilidade e por apresentar uma protagonista feminina, que mesmo na baixa qualidade de vídeo da época, já demonstrava características estereotipadas em cima de uma personagem mulher.
O formato seguiu-se assim até no lançamento da sua primeira adaptação para os cinemas, estrelado por nada mais do que Angelina Jolie, a personificação da personagem. Jolie apresentou tudo que esperávamos da personagem, atitude, atributos físicos e a personalidade da heroína, trabalho reconhecido em sua sequência, Lara Croft: Tomb Raider – A Origem da Vida. Não foi à toa que se transformou na maior bilheteria inspirada em um game.
Esta imagem de Lara Croft começou a dar os primeiros passos para a mudança em 2013, quando o game intitulado, apenas com Tom Raider fora lançado, definido para não fornecer qualquer ligação com os jogos anteriores, inclusive, apresentando uma Lara Croft mais humana em relação a suas atitudes e fisicalidade. É baseada nesta personagem e no enredo deste jogo que Alicia Vikander dá vida a Lara Croft em Tomb Raider – A Origem.

Há sete anos, Richard Croft (Dominic West) sumiu sem deixar rastros e só agora Lara resolve aceitar a morte do pai. Prestes a assinar os papeis de sua herança como herdeira de todas as propriedades da família, Lara descobre um curioso artefato, que dá início a todo o quebra-cabeças por trás do desaparecimento do pai e no que ele estava envolvido. Ela resolve largar tudo e partir em uma expedição a bordo do navio Endurance, pilotado por Lu Ren (Daniel Wu), possivelmente, o último contato vivo de Dominic, porém, ao chegar a costa da Ilha Yamatai, um acidente acontece lançando Lara e Lu Ren no mar.
Como fã desta nova fase de Tomb Raider, posso afirmar que o longa dirigido por Roar Uthaug é uma ótima adaptação. O cenário, o figurino, a movimentação de câmera e a dinâmica de Alicia em cena somado a todos os pequenos detalhes da trama, um live action digno para um game que conquistou um grande público. Há muitas semelhanças entre o jogo e o filme, inclusive, é possível fazer um paralelo entre a atuação de Vikander e a jogabilidade do game de 2013.
Existem pequenas mudanças no roteiro comparado ao original, mas nada que alterasse o que realmente importa, a origem de uma personagem icônica, bastante próxima do seu público final e que consegue se identificar com os obstáculos que a personagem irá enfrentar. Com qualquer filme de origem o filme apresenta certos clichês já conhecidos em relação do gênero, nada que desaponte visto que o mesmo é a adaptação de um jogo conhecido e que mantem por anos a mesma fórmula de sucesso. Desenvolvendo uma visão mais ampla entre as adaptações cinematográficas, até é possível se surpreender com o tom de realidade que o enredo se utiliza na problemática final da trama de Tomb Raider – A Origem. O filme não recorre a explicações sobrenaturais aos mistérios e lendas que existem por trás dos segredos da Ilha de Yamatai. Algo que, por exemplo, não aconteceu nos filmes de 2001 e 2003 que apresenta minions de pedras e até manipulação no tempo.

Muito se especulou sobre a escolha da atriz e vendo Vikander em ação eu não conseguiria escolher outra atriz mais preparada para dar vida a esta nova versão de Lara Croft. Para justificar a noção que a personagem tem sobre luta e a sua própria força, a trama nos apresenta, logo nos primeiros minutos do filme, uma Lara ativa, frequentadora assídua de academia e com conhecimento gerais de lutas corpo a corpo.

De modo geral, Vikander interpreta bem seu personagem, o esforço é real e não há dublês. A atriz entrega uma personagem com o carisma e temeridade que a trama pede, um preparo óbvio para possíveis novas aventuras da personagem. Aquela imagem da heroína com muita pele a mostra fica guardada no passado. A atriz convence, afinal uma mulher pode salvar o mundo apenas com sua inteligência e habilidades. Tomb Raider – A Origem apresenta o que é prometido, entretém com suas cenas de ação, diverte e conta com uma personagem capaz de despertar a curiosidade de um novo nicho de fãs e não só aqueles que procuram apenas a objetivação da mulher nos cinemas e nos games.
O filme também conta com uma excelente trilha sonora, dentre as músicas temos Survivor do ex-grupo Destiny’s Child, produzido remixado pela 2WEI. O restante é assinado por Junkie XL de Batman Vs Superman, Deadpool e Mad Max.

  • Tomb Raider
  • Lançamento: 2018
  • Com: Alicia Vikander, Daniel Wu, Dominic West
  • Gênero: Aventura, Ação
  • Direção: Roar Uthaug

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