Com Amor, Simon é a adaptação da obra Simon Vs. A Agenda Homo Sapiens, escrita pela autora Beck Albertalli e lançada pela Intrínseca em 2016 aqui no Brasil.
Simon Spier (Nick Robinson) tem uma vida normal, uma família amorosa, um grupo de amigos queridos e a sua história se passa em uma típica escola de ensino médio. Sua vida é ótima, mas ele guarda um grande segredo. Ele é gay. Uma postagem assinada por alguém chamado Blue, muda toda a perspectiva de Simon em relação a sua vida e ambos começam a trocar mensagens sobre as dificuldades que precisam enfrentar para se assumirem. Esta troca de mensagens acaba caindo nas mãos de um chantagista que ameaça revelar seu grande segredo para todos e Simon não está nem um pouco preparado para isso.
O roteiro é assinado por Elizabeth Berger e Isaac Aptaker, discorre a partir das duas maiores questões que soldam Simon, revelar a sua família e amigos que é gay e descobrir, finalmente, quem é Blue, com quem ele compartilha este segredo. Esta é uma aventura divertida e completamente aterrorizante para um adolescente de dezessete anos, uma mudança definitiva e sem volta, mas que proporcionara diversos tipos de ensinamentos.
O ponto alto do longa é que tudo é tratado com muita naturalidade, até proporcionando diversão a uma questão bastante interessante no filme. O porquê de os gays precisarem realmente se assumirem, quando eles simplesmente são? A cena em questão rende um dos momentos mais hilários e sem dúvidas deve proporcionar muitas risadas. Com esta sutileza e com este bom humor, questões que sabemos ser mais delicadas em nossa sociedade, muito assombrada – ainda – pelos ensinamentos conservadores, são exploradas, revelando a jornada do personagem para suas descobertas e mudanças, estas que todos nós precisamos enfrentar para o amadurecimento.

Nick Robinson já tinha me conquistado em Tudo e Todas as Coisas e em Com Amor, Simon não foi diferente. O ator é prazerosamente cativante, dedicado, carismático e envolvente em seus papeis, é fácil para ele interpretar o papel de um adolescente, mesmo já com seus 23 anos de idade. O ator vem desempenhando um ótimo trabalho e espero vê-lo em muitas produções por aí. Katherine Langford, estrela de Os 13 Porquês, mesmo com um espaço menor, cativa por sua personalidade assim como Alexandra Shipp e Jorg Lendeborg Jr. nos papeis de melhores amigos do protagonista.

A relação dos quatro é sem dúvidas, uma das linhas mais importantes no filme. A amizade e apoio das pessoas mais próximas, fazem da jornada de Simon algo mais fácil, mesmo entre seus altos e baixos. Simon comete uma série de erros em relação aos seus amigos ao longo da trama, mas o enredo também da enfoque as segundas chances, ao pedido de desculpas e a reparação. Um detalhe relacionado a personagem de Katherine me incomodou um pouco, por ser completamente irrelevante a história e por forçar um clichê completamente piegas a trama, mas pode ser perdoado pois não é algo que defina o filme.
A família de Simon em especial é um show à parte, amei cada cena onde eles aparecem e sem dúvidas, uma cena em particular me proporcionou tamanha emoção. É lindo acompanhar a relação de uma família completamente unida, apaixonada e que se revela solicita com a situação de Simon, é o tipo de cenário que gostaríamos que todos os jovens gays tivessem a oportunidade de vivenciar em suas casas, mas infelizmente, sabemos que nem sempre a realidade é tão perfeita. Mesmo assim, existe uma brecha para que o pai de Simon, Josh Duhamel, reflita sobre todas suas atitudes como pai desde a infância do filho. Este pequeno insight do personagem releva o quanto um pai pode se sentir verdadeiramente tolo em relação a um filho que se revela gay.

Além de toda a confusão onde Simon é o centro de tudo, da série de situações inusitadas, cômicas e até desagradáveis, o filme nos direciona a um dos desfechos do longa, descobrir a verdadeira identidade de Blue. Mesmo que não saibamos a identidade do correspondente de Simon, ele é completamente real. Nos identificamos com as inseguranças do personagem, com os dilemas apresentados e com todas as dificuldades que o adolescente poderá enfrentar ao se assumir. Pode ser que Com Amor, Simon não seja o tipo de filme que representará toda uma fatia da comunidade, nem que vá além do dilema de um adolescente que é apenas gay e que precisa externar isso para o mundo, mas ele cativa por ser simplesmente assim, leve e despretensioso, com a naturalidade que precisa ser tratado.

Com Amor, Simon é um filme que conta com um grande elenco, carismático e que guia seu público por todas as nuances de sentimentos que o filme proporciona. É um filme doce, sensível, relevante nos tempos de hoje e também muito divertido. Que foca em um romance adolescente gay de uma forma muito tocante, de fácil identificação e também permeado por ensinamentos sobre amadurecimento, amizade e família. Sem dúvidas é um filme encantador que conta a história de um adolescente comum em busca do seu verdadeiro eu e do seu grande amor.

  • Love, simon
  • Lançamento: 2017
  • Com: Nick Robinson, Katherine Langford, Alexandra Shipp
  • Gênero: Drama, Comédia
  • Direção: Greg Berlanti

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