No ano de 2015, quando o filme solo do Homem-Formiga foi lançado pela Marvel Studios, percebi, não sem apresentar um pouco de receio ao afirmar estes pensamentos para qualquer pessoa que pedisse minha opinião, que o herói interpretado por Paul Rudd se destacava como uma aposta para arrebatar um público um pouco mais jovem que, por meio de aventuras adoráveis e desafios controlados, se deixaria encantar por um filme feito sob medida, que possibilitaria sua inserção em meio a este fantástico universo de super-heróis.
Com o lançamento de Homem-Formiga e a Vespa, todos os pensamentos e conclusões que tirei do primeiro filme voltaram à tona e me vejo mais segura ao afirmar que, embora espectadores mais maduros possam aproveitar esse filme gracioso da mesma maneira, o pequeno grande herói da Marvel possuí em suas mãos a chance de direcionar novos e pequenos espectadores para o mundo dos superpoderes.
Neste filme iremos encontrar um Scott Lang limitado pelas regras da prisão domiciliar. Ao mesmo tempo em que oferece o seu melhor para manter a bela relação que possui com a filha, também direciona esforços para a construção de uma empresa de segurança e, para a infelicidade dos fãs, demonstra-se completamente distante do traje de Homem-Formiga. Enquanto Scott enfrenta as consequências de seus atos, Hope Van Dyne e Hank Pym encontram-se cada vez mais próximos da concretização de seus objetivos ao negociar os últimos elementos para a construção de um
túnel quântico.

Quando Scott sonha com Janet Van Dyne, desaparecida a mais de 30 anos, vindo a reconhecer padrões e elementos que podem interessar a dupla composta por pai e filha, interesses irão convergir, possibilitando que Homem-Formiga e a Vespa unam forças para encontrar Janet em meio aos domínios reino quântico além de, no meio do caminho, enfrentar uma das vilãs mais porcamente exploradas de todo o universo Marvel.
Ao observarmos a cronologia e interconexões existentes entre as diversas narrativas exploradas pelos filmes produzidos pela Marvel Studios, tornam-se claros os motivos pelos quais Homem-Formiga e a Vespa existe. A própria dimensão quântica apresenta-se como uma resposta para as teorias e possíveis indagações dos fãs acerca dos eventos transcorridos em Vingadores: Guerra Infinita. Porém, na mesma medida em que se interliga ao grande mistério contido nos próximos capítulos, o filme almeja estabelecer as mais diversas histórias e trajetórias quando poderia ter simplificado, um pouco, as coisas.
Aqui encontraremos um herói afastado que, repentinamente, é chamado para assumir seu dever como Homem-Formiga. Observaremos a construção do túnel quântico e a ânsia por trazer Janet de volta da dimensão quântica. Enfrentaremos uma organização criminosa cujos objetivos não estão perfeitamente claros e, na mesma medida em que acompanharemos personagens secundários belamente inseridos a trama, iremos nos deparar com uma vilã que, além de lutar por espaço e tempo em meio a tantas tramas e personagens, não passa de mais um personagem buscando vingança por erros do passado. Desta forma, um dos piores inimigos do filme não se trata de seus vilões, mas sim o equívoco ao inserir tantos elementos em um filme que, caso simplificado, poderia ser muito melhor do que é.
Na mesma medida em que peca na execução e desenvolvimento de uma narrativa com mais elementos do que poderia carregar, o filme, como fiz questão de ressaltar anteriormente, encanta por sua capacidade de ampliar o público ao qual se destina. O humor é um legítimo humor para toda a família, sendo construído por meio de elementos que cativam todas as idades e, preciso dizer que foi uma experiência maravilhosa perceber que, enquanto ria da cena do “soro da verdade” ou do “pequeno Scott vai à escola” espectadores muito mais velhos e muito mais novos do que eu, riam com o mesmo gosto e vontade da cena apresentada! Ao contrário das críticas, admiro o trabalho desenvolvido no âmbito da comicidade do longa, uma vez que integra os espectadores e, em momento algum, apela para as velhas estratégias presentes em outros filmes.
Homem-Formiga e a Vespa é um filme para a família com humor acertado, daqueles de se deixar levar e chorar de rir. É uma resposta para as indagações dos fãs, uma indicação de que, após tantas discussões, possivelmente estamos no caminho certo e sabemos exatamente o que acontecerá a seguir. Da mesma forma, este também é um filme sobre trabalho em equipe, onde os personagens, por mais diferentes que sejam, não importando os erros e desavenças do passado, são capazes de unir forças para realizar seus objetivos. Mas também é um filme com erros e problemas.
No fim, a experiência do espectador só depende da forma como ousará enxergar os elementos presentes nesta história. Caso queira perceber somente os erros de narrativa, este será um filme ruim, um fracasso para a história do Universo Marvel nos cinemas, porém, caso perceba o humor adorável e acertado, a importância do trabalho em equipe e outras estratégias que transmitem frescor ao longa, esta poderá ser uma experiência agradável, capaz de te deixar com um sorriso bobo ao sair da sala de cinema.

 

  • Ant-Man and the Wasp
  • Lançamento: 2018
  • Com: Paul Rudd, Evangeline Lilly, Michael Peña
  • Gênero: Ação, Aventura, Ficção científica
  • Direção: Peyton Reed

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