Outsider é o mais novo livro do mestre do terror Stephen King. Lançado nos Estados Unidos no final do mês de maio, o livro chegou ao Brasil, pela Suma, menos de um mês depois de o seu lançamento oficial.
Neste novo livro, King sai do seus cenários preferidos no estado do Maine e chega a uma pequena cidade do Texas, perto da fronteira com o México. A cidade pacata vê seus moradores entrarem em desespero quando um cachorro, durante seu passeio matinal,  encontra com seu dono o corpo de um jovem, conhecido da maioria dos moradores por entregar os jornais em suas casas. Aos 11 anos de idade, o menino estava agora entre arbustos, com o corpo com sinais de estupro e com alguns órgãos faltando. Depois de uma rápida investigação forense e de colher depoimentos das principais testemunhas do caso, todos os caminhos levavam ao mesmo suspeito, ao treinador Terry. Diversas testemunhas viram ele com uma van branca em frente ao parque, outras, inclusive, viram ele colocando a bicicleta de Frank, o menino assassinado, dentro da van e indo embora.
Ele era o treinador do time de baseball do colégio da cidade, era inconfundível, noventa por cento dos morados conheciam ele, sabiam onde trabalhava e quem era sua família. Grande parte desses mesmos moradores tinham seus filhos treinados por Terry, o que deixava o assassinato ainda mais assustador. Como alguém que trabalha diariamente com crianças é capaz de estuprar uma delas e mata-la, retirando partes do corpo em seguida? Terry é preso no meio de uma partida de baseball, na frente de seus atletas e de mais de mil espectadores que não faziam a menor ideia do que estava acontecendo ali, quando todos descobriram o motivo, o choque foi imediato.

O termo Outsider no livro é de difícil tradução, seria algo como “O Estranho” ou “A Pessoa do Outro Lado”. Achei ótima a ideia da Suma de não traduzir o termo, deixando o título igual ao original, fazendo com que o leitor se sinta completo dentro da história. Pelo título, e por ser um livro de Stephen King, o leitor tem certeza absoluta de que um crime não seria resolvido assim tão facilmente, Terry não poderia ser simplesmente o culpado. Afinal, ele inclusive tinha um álibi incontestável: na noite do crime ele estava em uma cidade vizinha, em uma palestra do escritor Harlan Coben e as câmeras da estação de trem e as fotos do evento provam que ele estava lá. Mas a cena do crime tem o DNA e as impressões digitais de Terry, todas as testemunhas o reconhecem sem a menor dúvida e o colocam dirigindo a van na qual o assassino cruel fugiu. Como uma pessoa poderia estar ao mesmo tempo em dois lugares? Esse sim é o grande mistério de Outsider.
O livro tem os capítulos muito bem divididos, são de rápida leitura e suas mais de quinhentas páginas passam com uma fluidez impressionante na frente dos nossos olhos. Ele inicia intercalando os acontecimentos da cidade com os depoimentos das principais testemunhas. Além dos capítulos existe também a divisão das partes, que são separadas por data e pela fase do andamento da investigação, o que deixa o livro ainda mais desenvolvido e facilita o entendimento de cada situação.

O único pecado do livro quanto a desenvolvimento é demorar exatamente metade de suas páginas para começar a abordar a temática do Outsider e a iniciar as investigações mais aprofundadas do caso. Isso acontece por esticar bastante a parte das investigações iniciais e mostrar como cada reação aos acontecimentos preliminares afeta a vida das pessoas envolvidas. Mas esse fato não diminui a ação do livro, já que desde as primeiras páginas você já começa vendo que poucos personagens sobreviverão, como já é de costume nos livros de King.

Depois da metade da leituras, as investigações aumentam e o mistério se torna mais tenso e cada vez mais surpreendente. O livro se desenrola depois de o detetive principal do caso ligar alguns pontos e chegar a crimes parecidos que ocorreram em outra cidade, O mais legal e surpreendente deste livro é que quem também investiga esses crimes é um personagem de outro livro recente de King e que, pelo visto, vai aparecer recorrentemente nas suas histórias (sem spoilers).
Uma das coisas que mais me deixa fã de Stephen King é o fato dele provocar dúvidas no leitor e responder elas em seguida. Como por exemplo, é só aparecer um dos personagens de outro livro e você se perguntar o que teria acontecido com os demais, ele não omite a história, ele é fiel ao cenário que criou e explica detalhadamente que fim levou cada um dos outros personagens. Isso acontece em muitos outros momentos do livro, em todas as situações que ele cria, uma característica que me agrada muito.
O livro acaba muito fechado, todo o mistério de maneira maestral, encerrando com muita credibilidade a investigação.
A Suma tem feito um trabalho incrível com os livros de King aqui no Brasil, lançando eles quase que simultaneamente. Você não está satisfeito só com esse livro novo do King? A Suma anunciou que está relançando dois livros de King que já estavam esgotados e devem ser incluídos na coleção Biblioteca Stephen King, que ela já tem relançado nos últimos anos. Os livros são A Metade Sombria e Trocas Macabras, livros que eram muito pedidos pelos fãs, o que mostra a preocupação da editora com seu público.
Stephen King também não para, seu novo livro já está pronto, com capa e data de lançamento divulgadas. Elevation sai nos Estados Unidos dia 30 de outubro, um dia antes do Halloween. Eu já estou ansioso, e você? Gosta de King? Quer descobrir quem sai das páginas de outro livro do King para dar seus pitacos em Outsider? Só lendo pra descobrir, garanto que você não se decepcionará.

  • Outsider
  • Autor: Stephen King
  • Tradução: Regiane Winarski
  • Ano: 2018
  • Editora: Suma
  • Páginas: 528
  • Amazon

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