O Protetorado é um pequeno vilarejo que vive imerso em uma nuvem de tristeza. Todos os anos, a criança mais recém nascida desse vilarejo é entregue como sacrifício a uma Bruxa Má, que vive na floresta em torno da vila, e que, em troca da oferta, não usa os seus poderes contra a comunidade. E mesmo com tanto sofrimento, nenhum cidadão questiona as leis ou os costumes dessa estranha cidadezinha, apenas aceitam aquilo que lhe é imposto.

Xan é uma simpática bruxa que vive na floresta e que ao contrário do que as pessoas do Protetorado pensavam, anualmente vai até as proximidades do vilarejo para salvar uma criança, que é abandonada por uma família. A bruxa, apesar de repudiar a atitude dessas pessoas, nunca questionou ou teve a curiosidade de saber o porquê daquilo acontecer, afinal, aquela cidadezinha possuía uma nuvem tão grande de tristeza, que todas as vezes, ela se limitava a pegar a criança e sair o mais rápido dali.As crianças abandonadas eram levadas por Xan às Cidades Livres, onde recebiam uma família amorosa e um lar. Essas crianças eram conhecidas como Crianças Estrelares, pois, durante a longa viagem até um novo lar, Xan dava as crianças luz das estrelas para alimentar as barriguinhas famintas. Entretanto, um belo dia, a bruxa acaba cometendo o grande erro de dar a uma criança a luz do luar para beber, o que gera um grande problema a ela. Não podendo mais entregar essa criança a uma família “normal”, Xan, junto com seus amigos Glerk e Fyrian, vão criar essa menina, que receberá o nome de Luna.

Deixaram a menina ali sabendo que certamente não existia bruxa alguma. Nunca existira bruxa. Havia apenas a floresta perigosa e uma única Estrada e um controle tênue de uma vida da qual os Anciãos gozaram por gerações.

A Garota que Bebeu a Lua é um livro infanto-juvenil, lançado esse ano pela Editora Galera, que tem como pano de fundo, uma história de fantasia, com magia, bruxas, dragões e ogros, mas que aborda questões muito profundas como verdade, justiça, amor e política. O que mais me chamou atenção no livro foi justamente a maneira como a autora abordou a política na história, em que um governo corrupto e mentiroso, manipula a população e a mesma nada faz para mudar isso, se torna apática.

Outro ponto fascinante na história é a presença marcante da mulher no enredo. Diferentes mulheres, com suas personalidades características nos são apresentadas, e cada uma delas vai desempenhar um papel fundamental na história. E é justamente a união da força dessas mulheres que vai salvar o Protetorado, acabar com a bruxa e dar fim ao sofrimento da população.

O coração da menina estava sendo atraído pelo coração da avó. Será que o amor era uma bússola.

A leitura do livro, mesmo não sendo algo que me prendeu muito, devido ao gênero literário, foi extremamente prazerosa e recomendo a não só aqueles que gostem do gênero, mas também a quem procura uma leitura mais leve e divertida. No início tive dificuldade de me ligar à história, mas conforme as engrenagens iam mudando, fui ficando cada vez mais curiosa e acabei devorando as últimas páginas.

A escrita da autora Kelly Branhill, além de ser muito leve e instigante, também possui sutilezas que agradam bastante. Durante o livro, podemos apreciar não apenas a prosa, como ainda a poesia, o que é super agradável e deixa a leitura ainda mais leve. A autora também diversifica em sua narrativa diferentes pontos de vista, ou seja, a cada capítulo nós acompanhamos a história por um personagem diferente. Isso brinca demais com a imaginação do leitor e suas hipóteses ao desenrolar do livro.

Vale ressaltar que o livro foi premiado com a Medalha John Newbery, que é um prêmio literário concedido pela Association for Library Service to Children da American Library Association, para autores que tenham grande importância para a literatura americana infantil.
A Editora Galera, pecou quanto a impressão do livro, apesar de ter uma capa linda, uma vez que temos páginas em que a impressão ficou forte ou está levemente borrada e até mesmo, pequenas manchas de dedo. Não é algo que impeça de ler o livro, de maneira alguma, mas foi extremamente desconfortável ler, em algumas dessas situações.
Bom, A Garota que Bebeu a Lua é um livro infanto-juvenil muito lindo e que vale muito a pena a sua leitura. Penso que seja interessante o estímulo à leitura desse livro, inclusive para que crianças e adolescentes tenham um primeiro contato com política e possam debater questões referentes a isso com um adulto. Kelly Barnhill possui outros dois livros publicados aqui no Brasil, sendo O Filho da Feiticeira pela Galera e A vida misteriosa de Jack pela Bertrand Brasil.

  • The Girl Who Drank The Moon
  • Autor: Kelly Barnhill
  • Tradução: Natalie Gerhardt
  • Ano: 2018
  • Editora: Galera Record
  • Páginas: 308
  • Amazon

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