Sempre tive facilidade em escrever as resenhas para o Especial Oscar aqui no Estante, pois sempre escolhi filmes que fossem do meu gosto, e dificilmente me decepciono com filmes assim. Quando saiu a lista de indicados deste ano, eu já estava em mente para escrever a resenha de Bohemian Rhapsody e de Vice. Após ler a sinopse do segundo imaginei algo – erro meu – mas fui pega de surpresa quando fui assistir ao filme.

Vice conta a história de Dick Cheney (Christian Bale), desde sua juventude até velhice, e evolução na vida política. Somos apresentados a algo que a maioria de nós não tem ideia de como ocorre, de como são os bastidores de grandes fatos que só temos acesso através dos noticiários. Acompanharemos todos os passos que Dick deu até chegar a vice presidência (VP) de George W. Bush (Sam Rockwell) e suas polêmicas decisões, que são muito bem retratadas nesse filme.

Cheney inicia sua carreira política como assessor de Donald Rumsfeld (Steve Carrel), com quem teve ligação ao longo de toda sua carreira. Com o passar dos anos, foi tendo seus cargos políticos elevados e com a derrota dos republicanos em certa eleição, acabou de fora da política. Após isso tornou-se CEO de uma grande empresa e não pensava mais em retornar ao cenário político, quando no ano 2000, George W. Bush faz uma proposta de vice presidência à Cheney. Com a juventude e inexperiência do jovem Bush na carreira política, Cheney consegue o que nenhum outro VP teve na história – voz.

Já no início do filme percebe-se que o diretor Adam McKay estava disposto a fazer algo completamente diferente. Além de abordar a vida pessoal e profissional de Cheney, McKay inova na narrativa do filme (completamente surpreendente para mim) e faz uma crítica política, presente do início ao final, sempre com uma pitada sarcástica. McKay fez um excelente trabalho, saindo da convencional cinebiografia, levando o público a uma crítica, sempre com um toque sarcástico e questionador. O diretor levou a estatueta para casa em 2016 por A Grande Aposta e pode levar este ano novamente na categoria Melhor Diretor.

Esta é a quarta indicação ao Oscar para Christian Bale, que concorreu em 2014, 2016 e em 2011 – ano que venceu com Ator Coadjuvante por O Vencedor. Na minha opinião, o ponto alto do filme é sem dúvidas a atuação do camaleão Bale. Dono de expressões fortes, é justamente a falta delas que chamam a atenção nesta atuação. O ator consegue dar vida a uma figura política muito emblemática e polêmica sem um ponto alto no filme – no quesito expressões.  No Globo de Ouro existem duas categorias separadas – Melhor Ator de Filme Musical ou Comédia e Melhor Ator de Filme Drama. Apesar das cenas sarcásticas e engraçadas, não considero este um filme de comédia, porém, Bale estava concorrendo a Melhor Ator em Filme de Comédia e levou a estatueta. No Oscar o buraco vai ser mais embaixo. A categoria de Melhor Ator é única, o que torna suas chances um pouco menores. Já previ na resenha de Bohemian Rhapsody que o vencedor deste ano será Malek, mas não posso tirar o crédito de Bale.

Além das indicações para Melhor Ator e Melhor Diretor, Vice recebeu outras 6 indicações ao Oscar (campeão de indicações este ano). São elas: Melhor Atriz Coadjuvante (Amy Adams), Melhor Ator Coadjuvante (Sam Rockwell), Melhor Edição, Melhor Roteiro Original, Melhor Maquiagem e Melhor Filme.

Como falei no início da resenha, Vice me pegou de surpresa. Não sei exatamente o que eu estava esperando, e até tive um pouco de dificuldade de escrever esta crítica. Provavelmente deve-se ao fato de eu não ter conseguido definir o meu sentimento pelo filme – fato raro. Não posso dizer que adorei, mas também não posso dizer que detestei. Acredito que este sentimento vá assombrar muitas pessoas após assistirem este filme. Se você já assistiu a Vice, deixe nos comentários o que você achou!

  • Vice
  • Lançamento: 2019
  • Com: Christian Bale, Amy Adams, Sam Rockwell, Steve Carrel
  • Gênero: Biografia, Drama, Comédia
  • Direção: Adam McKay

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