Greer MacDonald é uma adolescente, caloura e bolsista em um dos internatos mais antigos, caros e elitistas da Inglaterra, a S.T.A.G.S.

Pra quem não sabe, internatos são escolas onde os estudantes não podem sair, o que passa a ideia de pais que querem se livrar completamente da responsabilidade de educar seus filhos, transferindo não apenas a parte pedagógica para a escola, como também toda parte psicológica e humana para uma instituição que, geralmente com regras rígidas, vai fazer uma quantidade enorme de crianças se formarem como adultos inteligentes e de bom caráter.

Esta é uma realidade completamente diferente da que estamos acostumados, mas é extremamente comum na Europa e no Estados Unidos, já que as pessoas com maior poder aquisitivo optam que os filhos não estudem em colégios públicos normais. Sendo assim, alunos que frequentam estes institutos particulares como bolsistas, acabam sofrendo um enorme preconceito por isso.

E é no meio desse cenário, macabro, opressor e cheio de bullying, que Greer vai tentar se enturmar para fazer sua estadia ali, ser a menos traumática possível, mas ela jamais poderia imaginar que seu trauma estava apenas iniciando e que o maior terror de todos, ela passaria na própria escola.

Marcada desde o início como um dos principais alvos dos Medievais, grupo dos principais alunos do colégio que se autodenominam assim, ela sofre bullying o tempo inteiro, é julgada e o preconceito é nítido e explícito. Até que um dia as coisas mudam, Greer recebe um convite inesperado, que informa apenas o horário e local para um encontro, e mais três palavras “Caça, Tiro, Pesca”.

Greer estava convidada, ou convocada, para um fim de semana na casa de campo de um dos principais nomes dos Medievais. Você pode pensar. “Mas se ela é tão maltratada por esses caras, porque aceitaria ir?”, mas para Greer esta poderá ser uma oportunidade de ser aceita e de poder se tornar uma Medieval. Seria possível ela usufruir de todos benefícios que esse grupo tinha?

O local é Longcross Hall, propriedade de Henry de Warlencourt, o garoto mais lindo da escola. Junto com Greer, estarão todos os Medievais e mais duas calouras, todos garotos e garotas do último ano do colégio. As novatas estão torcendo para se tornarem os novos nomes do grupo, mas não fazem ideia da maneira de como podem ser praticadas as três palavras do convite: Caça, Tiro, Pesca.

A Caça, diferentemente do que a capa aparenta, é bem juvenil e funciona perfeitamente bem nesse estilo. E na minha opinião é um dos melhores livros YA do ano até agora. O livro apresenta uma ambientação ótima, descrevendo a mata onde a cabana fica e o próprio interior dela. Além disso, mesmo para um livro juvenil, a autora constrói uma narrativa excelente de cada uma das cenas, que possuem bastante ação e terror, além de um suspense bem interessante, sobre como toda essa barbárie irá terminar.

Apesar disso, o livro é mais uma daquelas obras de ficção que trata de grupos de adolescentes malvados, aliados a uma garota inocente, que tenta de alguma forma, se livrar do bullying, perdendo completamente a originalidade, por mais que as características medievais que existem no livro, possam dar um outro tom para a história. Acaba sendo mais do mesmo, de um tema que é abordado da mesma forma desde os anos 80, tanto em livros como em filmes.

Porém, a forma como o livro apresenta a estrutura do enredo é uma novidade, que me agradou muito. Por exemplo, no início do livro, a própria Greer “apresenta” o perfil de cada um dos principais personagens, dando a eles características que ela conseguia perceber pela convivência que tinha, deixando o andamento do livro muito mais agradável e inovando neste quesito com uma clareza enorme.

Além dessa estruturação nova, A Caça ainda conta com muitas frases impactantes, que levam a reflexão e que são extremamente pertinentes pois trabalha muito o preconceito, além de trabalhar também um romance, temas e características importantes para livros YA. A Caça é sem dúvida cinco estrelas para os adolescentes, para quem está iniciando na paixão da leitura e gosta destes temas, mas se torna um livro três estrelas quando chega às mãos de leitores adultos e mais experientes, principalmente pela sua falta de originalidade quanto ao tema.

M. A. Bennett é uma escritora Inglesa, natural de Manchester, e A Caça é seu primeiro livro de impacto e a continuação, chamada D.O.G.S, está previsto para agosto deste ano lá fora.

Me contem nos comentários, como vocês agiriam se sofressem bullying e fossem convidadas pelos praticantes para um fim de semana onde, teoricamente, vocês passariam a fazer parte do grupo deles? Aceitariam? E a curiosidade de saber como é ser um dos maiorais, faria vocês se tornarem a pior espécie de ser humano? Quanto vale a popularidade?

  • S.T.A.G.S #1
  • Autor: M. A. Bennett
  • Tradução: Alves Calado
  • Ano: 2019
  • Editora: Arqueiro
  • Páginas: 240
  • Amazon

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