Nos últimos anos tem se falado muito em depressão, o que é muito bom, já que milhares de pessoas morrem anualmente devido a essa doença silenciosa, seja tirando sua própria vida, seja se abatendo a ponto de não querer lutar mais por ela e ir convalescendo aos poucos.

Depressão é algo muito sério, grave e que pouquíssimas pessoas sabem como lidar, inclusive são poucas as pessoas que têm a doença e sabem que estão sofrendo. Mas como os livros podem ajudar nisso? A literatura pode ter um papel de destaque em busca dessa cura? É por causa destas questões que resolvi compartilhar com vocês a minha experiência com a doença e como a literatura teve papel fundamental na minha recuperação.

Eu tive depressão e digo com toda certeza que os livros me ajudaram, claro que o fundamental aqui foi um acompanhamento médico, ir ao psicólogo ou até mesmo a um psiquiatra, tomar remédios e fazer tudo que for indicado por eles, mas isso só acontece com que já sabe que tem a doença. Às vezes, mesmo assim, você apenas se sente extremamente triste e quer passar o resto do seu dia deitado na cama, longe de todos. Bom, é aí que os livros podem ser fundamentais.

A tendência da pessoa que sofre de depressão é se esconder, querer ficar longe de todos, cortar todas as suas relações. Não ter forças para ir trabalhar, para ir a festas, para ir à escola, para ir ao shopping encontrar os amigos…. e nos dias de hoje, com a tecnologia que temos ao nosso alcance é muito fácil e tentador se entregar a essas ideias. Na minha opinião, a tecnologia tem culpa porque na palma das nossas mãos temos celulares, onde conseguimos acompanhar todas desgraças que acontecem no mundo, além, é claro, de você poder ver todo sucesso e felicidade de cada pessoa no instagram ou facebook, esfregando na sua cara que aquela é a vida perfeita e não a sua.

Mas é ali, na sua cama, no lugar da depressão que você pode, também, ler um livro, e aí os livros entram na história de várias formas, seja como um auxílio espiritual para você arranjar forças, seja através de livros que mostrem a você como essa doença funciona e o que você precisa para vencê-la, seja com livros mais didáticos ou seja com livros de autoajuda ou mentoria, que vão motivar você a sair dessa situação e mostrar que aquilo não é o fim do mundo e que você é forte para passar por tudo isso. São tantas as opções, mas nenhum deles funcionou pra mim.

São tantas as opções, mas nenhum deles funcionou pra mim.

Eu não gostava de ler esse tipo de livro e aí entra a parte mais importante da literatura: não importa o que você vai ler, apenas leia! A leitura não precisa ser sobre sua depressão ou sobre pessoas que foram fortes e passaram por tudo isso e acabaram vencendo na vida, você pode ler até mesmo história em quadrinhos, que vai estar lendo, vai deixar de pensar coisas ruins, vai animar seu dia, você vai esquecer dos problemas e é na leitura que vai encontrar seu refúgio para quando estiver triste. A única característica FUNDAMENTAL para o livro que você irá escolher é que ele agrade VOCÊ. Você precisa buscar algo que desperte o seu interesse, que prenda sua atenção, que transporte seus pensamentos para outro canto, que liberte sua alegria.

A minha alegria era liberada em thrillers, as leituras me deixavam bem! “Perder” duas, três horas lendo no dia fazia minha cabeça ficar aliviada, fazia meus problemas serem esquecidos, me fazia levantar da cama, me fazia dormir melhor, o meu dia passou a ser diferente.

E eu tinha um agravante, ninguém do meu convívio diário lia, minha esposa não lê, meus amigos não leem, e foi então que conheci um lugar muito especial e que me fez parar de tomar os remédios para depressão pouco tempo depois, este site. Saber que no Estante Diagonal pessoas liam, comentavam sobre suas leituras, e que havia mais leitores como eu, me fez querer fazer parte desse time. Naquela época, além de ter meu tempo tomado pelo ato da leitura, eu também escrevia e falava com pessoas sobre os livros lidos e as impressões que cada um tinha causado em pessoas diferentes.

Vocês conseguem ver como o ciclo é quebrado no mesmo lugar? A cama onde você tem o celular na mão para ver tudo de ruim que acontece a sua volta e afundar você ainda mais na doença passa a ser o lugar onde você tem a melhor parte do seu dia, a sua leitura. Deixa de ter tempo para acompanhar as coisas que deprimem você, em seguida, você nota que a cama é um tempo muito pequeno para sua leitura, e ai você a leva para o ônibus, para o intervalo no trabalho, para o transito através de um áudio livro, e então, as coisas que incomodavam você naqueles locais, também não tem mais espaço para interferirem na sua vida, você deixa de se importar com o trânsito engarrafado e passa a querer passar mais tempo no carro pra que dê tempo de terminar o livro que você está ouvindo.

Narrativas sensíveis para entender doenças e transtornos mentais

Foi assim que eu me curei, com a leitura, com o Estante Diagonal, com vocês que acompanham minhas resenhas aqui e no meu instagram. Se você pensa que não tem forças sequer para ler, tente, um dia, dois dias, três dias, pode levar uma semana, mas você vai ler, PRECISA SER UM LIVRO BOM E DE SUA ESCOLHA, QUE VOCÊ TERÁ PRAZER EM LER, deite com ele na cama e a vontade vai vir, você vai ler, e vai ler cada vez mais, pois a leitura é um hábito.

Falar sobre depressão é fundamental, leitura não traz a cura, mas acredito que é melhor do que qualquer outro remédio para isso, pelo menos foi no meu caso, o acompanhamento familiar e médico também são indispensáveis, mas nem todos temos esses dois pilares, a leitura não os substitui, mas é a melhor saída para quem tem essa dificuldade.

O Estante ajudou na minha cura e hoje eu tento ajudar outras pessoas que passem pelo mesmo problema, seja dando um apoio e tentando levantar a moral de quem eu sei que está passando por isso, seja indicando livros para aqueles que estão na cama procurando seu remédio. Sinta-se à vontade para me procurar, tenho sempre um bom papo e um excelente livro.

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