Park Sae Ro Yi vive com o pai, um homem trabalhador que lhe ensinou todos os melhores valores que alguém poderia ter. Ele é justo, defende seus ideais, e nunca se cansa de lutar por seus objetivos. A relação que mantém com o progenitor é de respeito e cuidado. Eles não são apenas pai e filho, mas melhores amigos. Sae Ro Yi é antissocial e talvez por isso seja tão difícil para ele se relacionar com outras pessoas e viver como um adolescente comum. Ele é tímido e calado, e está totalmente bem em seu próprio mundo. Ele quer dar orgulho para o pai, enquanto mantém a própria essência. Ele está de mudança para uma nova cidade, uma nova escola, e quem sabe novos amigos. Essa é a esperança do pai, que espera que o filho finalmente se enturme com outros jovens de sua idade. Em um conselho dado pelo pai em seu primeiro dia de aula, Sae Ro Yi ouve pela primeira vez o nome de Jang Geun Won. O rapaz é filho do homem que emprega o pai do protagonista e talvez num esforço de agradar esse homem a quem tanto admira, Sae Ro Yi está até mesmo disposto a conhecer o jovem que dividirá a mesma sala de aula que ele.

Jang Geun Won é um príncipe em seu mundo de riqueza e poder. Filho do poderoso CEO Jang, Geun Won gosta de mostrar a todo momento sua superioridade. Ele humilha os colegas das piores formas possíveis. É sádico e mimado e está desesperado por atenção, por um reconhecimento que não tem em casa. Ele vive em um lar frio, comandado por homem duro, que nunca estendeu a mão para o filho em forma de carinho. Palavras brutas e violência fizeram de Geun Won um jovem mesquinho e inescrupuloso. Tal pai, tal filho. Ele sabe que o dinheiro é capaz de comprar qualquer coisa, até mesmo a vida, no entanto algumas pessoas simplesmente não estão à venda. Ele descobre isso ao ser rejeitado inúmeras vezes pela colega de classe Oh Soo Ah. A jovem, apesar de aparentar empatia, vive segundo suas próprias prioridades. Ela não tem tempo para caridade ou para justiça. A vida não foi justa com ela quando a mãe a abandonou em um orfanato. Ela luta por si mesma, e sabe que está sozinha nessa jornada. Mas não será a primeira vez que ela verá a crueldade da vida, e haverá outro momentos dolorosos onde ela precisará escolher entre si mesma e entre aqueles que ama.

Se Park Sae Ro Yi realmente pensou que seria fácil defender suas crenças, se enganou completamente. O preço que se paga para ser justo e honesto em um mundo promíscuo e cruel pode ser alto demais, até para ele que é um jovem íntegro. Ao presenciar Geun Won batendo em um colega e o desprezando de forma desumana, Sae Ro Yi não consegue apenas ficar sentado em sua cadeira, assim como todo mundo, assim como os professores, assim com Soo Ah. Um menino está sofrendo, enquanto as pessoas simplesmente assistem aquela cena sem qualquer reação. Em um confronto direto com o Geun Won, Park Sae Ro Yi é injustamente expulso da escola, e não terá direito a terminar os estudos. Ele poderia manter sua posição, se tivesse se ajoelhado, se tivesse pedido perdão. Mas ele não pode se desculpar por defender o que acredita ser o certo. Significa tudo, significa quem ele é. E não foi isso que ele aprendeu com o pai. Suas escolhas o colocam diante da maior provação da sua vida. Após ver o pai morrer em um acidente causado por um irresponsável e de se perder no próprio ódio e mágoa, ele agora é um ex-presidiário. Ele busca um recomeço e acima de tudo justiça. Ele vai construir tudo aquilo que o pai um dia sonhou. Ele vai destruir o império Jangga e ocupar o lugar deles com seu nome.

Esse é um dos melhores dramas coreanos lançados pela Netflix em 2020. Sim, essa obra prima está disponível no serviço de streaming mais queridinho da atualidade e hoje eu conto para vocês por qual motivo você precisa conhecer essa história maravilhosa, que fala sobre vingança, superação e amizade. Eu comecei apresentando os três personagens principais do primeiro episódio, que estarão em todo o restante da série em papéis de destaque, e que dão o pontapé inicial nessa trama que prende pela genialidade, pela emoção e pela qualidade de um enredo que tem força do início ao fim. Eu sou a louca dos romances, é muito importante mencionar isso, já que Itaewon Class tem tudo, menos romance. Tá bom, na verdade tem sim, mas ele é tão delicado, tão natural, que você nem percebe acontecendo. Não é o foco dessa história, mesmo que eventualmente aconteça e isso deixou o plot ainda mais rico, mais completo. Primeiro que nós temos personagens totalmente carismáticos e humanos, ok, alguns são odiosos e despertam o nosso pior lado, segundo que É IMPOSSÍVEL não se emocionar com uma boa história de superação.

Sae Ro Yi é definitivamente o homem dos meus sonhos. Não só por ser esse atorzão lindo e talentoso que a gente ama ( ja falei dele em Fight For My Way), mas pela complexidade que esse personagem apresenta. Ele é um ser humano maravilhoso, justo, empático. O tipo de pessoa que você quer ter ao seu lado em todos os momentos. Ele defende seus amigos com a força de um leão, ele é tão amável, tão gentil. E a vida quebra ele das piores formas possíveis, outra e outra vez, e então ele recomeça com ainda mais força. Ele é um exemplo de resiliência, de superação. É apenas um personagem, mas inspira força, traz esperança. Duvido você assistir esse drama e não sair dele um pouco melhor. Mas também pode sair desidratado, lágrimas são inevitáveis, afinal o show de atuação de Park Seo Joon não é pra qualquer um. Foi um presente. Agora tem ódio também. É injustiça para umas três vidas e ainda sobra, mas eu gostei que o desenvolvimento não deixou a história carregada demais ou cansativa. Eu simplesmente detesto passar raiva durante 15 episódios para ver sucesso lá no último. Houve equilíbrio, pequenas vitórias, momentos maravilhosos de satisfação e aquele quentinho no coração.

Eu não sei como, mas simplesmente não há personagens secundários em Itaewon Class. Todos são absolutamente importantes para o amadurecimento de Sae Ro Yi, e são responsáveis por tornar a jornada ainda mais linda e mágica. A amizade e o respeito existente entre os funcionários do DanBam ( 단밤 – castanha doce) , bar comandado por Sae Ro Yi em Itaewon, trazem momentos preciosos para a história. Não dá para falar desse drama sem mencionar o quanto ele foge de qualquer padrão ou estereótipo comum aos seriados sul coreanos. Talvez pela primeira vez, vemos de forma respeitosa e muito bem colocada, a representatividade LGBTQ+. Isso é marco para a Coréia tradicional meus queridos. Mesmo você que não gosta de “militância”, vai se surpreender com a delicadeza com o qual os temas são abordados. Itaewon Class não quer enfiar nada goela abaixo, pelo contrário, por meio de cenas e diálogos singelos, é possível entender melhor uma realidade que ás vezes está bem longe da sua. A gente aprende, e entende. A trama também abre um espaço, mesmo que pequeno, para falar sobre o racismo. Tony também trabalha no DanBam, e é um jovem que busca pelo pai desaparecido. Ele é nascido na Coréia, mas a cor da pele fala mais alto que qualquer coisa quando o veem. Ele sempre será um estrangeiro para aquelas pessoas, mas não para Sae Ro Yi.

O assunto dá margem para a personagem mais controversa da história, Jo Yi Seo. Protagonizando o drama ao lado de Sae Ro Yi e Soo Ahh, ela é praticamente uma antagonista. Descrita como sociopata, a jovem é totalmente imatura e egoísta, mas ao se apaixonar perdidamente por Sae Ro Yi entrará em um embate consigo mesma. A verdade é que não dá para passar pano para as atitudes dela. Não vou entrar em detalhes para evitar spoilers, mas você desenvolverá uma relação de amor e ódio com ela. Ela é extremamente importante na história e se torna o braço direito de Sae Ro Yi, mas infelizmente atua numa espécie de triangulo não amoroso ao lado dos outros dois protagonistas. Ela também protagonizará a velha rivalidade feminina, uma competição que pode até trazer certos momentos de divertimento. Eu sinceramente gostei muito dela. Apesar de todos os defeitos da personagem, e ela realmente tem vários, fica nítido o quanto ela cresce como pessoa no decorrer da trama. Apesar de um interesse totalmente egoísta em conquistar o coração do protagonista, ela faz absolutamente qualquer coisa para protegê-lo. Sae Ro Yi não precisa de proteção, mas ele luta sozinho a tanto tempo que é reconfortante ver alguém que não espera ser salvo por ele enquanto fica sentadinha esperando (quem já viu vai sacar a referências né 친구들 – amigos).

Eu tinha tanto mais para falar sobre essa história, mas a verdade é que o post já está enorme e o tempo que você levaria para ler mais um parágrafo dava para correr na Netflix e colocou Itaewon Class na sua lista. O desfecho não poderia ser mais perfeito. Lava a alma com água sanitária meu povo. Satisfação totalmente garantida. Eu queria poder esquecer esse drama só para assistir tudo de novo, então já que você ainda não viu, faz isso por mim e depois me conta o que achou. Falar sobre Itaewon é sempre um prazer imenso. E encerro esse post com uma das minhas frases favoritas da série, que tenho usado muito ultimamente, quando os dias cinzentos dessa quarentena parecem pesados demais para carregar…

E isso que a vida é. Você pode superar qualquer coisa desde que esteja vivo.

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