Archer Stonewill, o duque de Westmead é um homem poderoso, implacável em seus negócios, e dono de uma fortuna grandiosa, que ele conquistou com muito trabalho, pois se dependesse de seu pai e seus interesses o título, a situação financeira e o nome da família estariam arruinados. O único problema é que para manter tudo o que conquistou, ele precisa de um herdeiro, ou seja, um filho. Um filho que não é feito sozinho, portanto, isso quer dizer, que ele precisa de uma esposa… o que para ele não significa exatamente algo agradável e desejado. Sem opção, e precisando resolver este “problema”, Archer está focado em encontrar uma mulher que se encaixe em suas exigências, regras, como por exemplo, alguém discreto, comedido, superficial, que não interfira em seus negócios, que não se meta em sua vida individual, que não controle seus horários e saídas, que não exija mais que seu dinheiro, pois seu coração está trancado, ou melhor, lacrado/selado para qualquer envolvimento que não seja um negócio. E Poppy a adorável florista de sua irmã, com certeza não se encaixa nessa posição.

Poppy Cavendish ama suas preciosas plantas, ama cultivá-las, plantá-las, vê-las crescer, florescer e por fim se tornarem objetos de desejo. Só que para sua infelicidade, seu tutor e tio Charles acaba de falecer e seu herdeiro está a caminho para reivindicar suas terras e propriedades, deixando para Poppy pouco tempo para salvar seu horto e flores. O que a leva para um segundo problema, ela não tem dinheiro, nem mão-de-obra para isso. Sem tempo a perder e com poucas opções ela acaba cedendo a proposta de Lady Constance, irmã do duque de Westmead para ajuda-la a preparar um baile inesquecível, com uma decoração única e esplendorosa, capaz de deixar todos os convidados de queijo caído. A questão é que o baile é uma armadilha, um meio de fazer com que o duque encontre sua futura esposa, e em meio a comidas, drinques e brincadeiras, um escândalo ameaça transforma os quinze dias de trabalho de Poppy, em uma reviravolta indesejada.

O que ela queria não era um marido. Era finalmente ser livre, não depender de homens. Toda sua vida havia sido ditada pelo destino deles: suas mortes que a mergulharam em uma crise atrás da outra; sua caridade que lhe permitira sobreviver, economizar e firmar tênue base de seus negócios; suas meias-verdades que sabotaram suas ambições. Ela estava cansada de precisar de permissão, dispensa, bondade. Pretendia ser a senhora do próprio destino.

Quando lemos muitos livros de um gênero, vai se tornando mais difícil encontrar o fator surpresa, aquele temperinho a mais que faz com o enredo fuja da “receita”, e aqui em O Duque que Eu Conquistei, eu fui muito, e quero enfatizar o MUITO, surpreendida. Não somente pela história abordar um tema tabu em uma época que isso com certeza era muito mais sensível como o BDSM, mas também pela história apresentar uma mocinha que é VERDADEIRAMENTE a frente de seu tempo. Poppy é inteligente, dedicada, esforçada, focada em si e nas suas vontades. Seu horto é seu bem mais precioso, e ela coloca a mão na massa pra valer, sem medo algum de com isso confrontar a sociedade – a seu modo, e com suas armas -, mas ainda assim batendo de frente com as convenções. Portanto não temos uma mocinha convencional, enxergando o casamento como algo lúdico, tratando a sua solteirice/virgindade como uma “pureza” necessária, e isso foi incrível.

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Archer e Poppy são muito parecidos quando o assunto é o empreendedorismo, os negócios, e a sede por fazer sempre o melhor. São ambiciosos, com visão de mundo, adeptos a desafios, eles gostam não somente de se desafiarem, como desafiar a sociedade de modo geral. Isso em suas individualidades. Quando se juntam, é evidente que ambos se repelem, mas por motivos diferentes – segredos, inseguranças, receios, medo do que despertam e sentem um pelo outro. Existem barreiras e situações que os colocam em lados opostos, e isso também é muito interessante de acompanhar.

Eu amei como a autora moldou suas personalidades e como conseguiu desenvolvê-las sem que um oprimisse o outro. São duas personalidades muito forte, passando por situações tensas, e tendo reações inesperadas. O que fez com que o romance ficasse crível. Ele nasce de maneira muito natural, obviamente que sabemos qual será o desfecho final, mas o caminho para esse desfecho é o fator surpresa que mencionei aqui no início. Por essas e outras coisinhas a mais, é que eu acredito que para os fãs de romance de época, esse livro é uma deliciosa surpresa.

(…) A presença dela em sua casa era como a de Perséfone no submundo, uma luz na escuridão. O que fazia dele Hades, que a convencera a estar ali contra a sua vontade e a assediava com sementes de romã, tentando-a a ficar para sempre.

O DUQUE QUE EU CONQUISTEI, é um romance de época com um enredo ousado, eu diria até que ambicioso, que mesmo abordando o BDSM não faz disso o norteador da história, então não se trata de um romance mais hot, com gostos peculiares. Existe muito mais por trás dessa necessidade do personagem, uma carga emocional e dramática que faz com que a garganta fique embargada. O mesmo acontece com Poppy e sua necessidade de autoafirmação, de provar sua independência, de ser dona do seu próprio negócio, de ser capaz de o gerir sem a interferência de um homem, por temer tanto perder isso a ponto de sacrificar tudo o mais na sua vida. Então é muito aceitável suas escolhas, a forma como ela lida com cada situação e suas motivações. O que entrega um romance mais encorpado, interessante e encantador ao leitor.

Fica aqui então, a minha indicação de romance de época, tanto para quem já ama o gênero, como para quem deseja começar a se aventurar por ele. Eu acredito de verdade que vocês podem se surpreender assim como eu. Sigo ansiosa pelas sequencias e animada com tudo que a autora ainda pode explorar.

Até a próxima! Bye.

  • The Duke I Tempted
  • Autor: Scarlett Peckham
  • Tradução: Geni Hirata
  • Ano: 2020
  • Editora: Arqueiro
  • Páginas: 288
  • Amazon

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