Carrie Soto Está de Volta – Taylor Jenkins Reid

Desde pequena Carrie Soto e seu pai, Javier Soto, sonhavam que ela se tornasse uma grande lenda do tênis mundial. Essa vontade se acentuou nele pois, além de já ter se consagrado como tenista no passado, a perda devastadora de sua mulher motivou-o a se dedicar a treinar a filha para alcançar um patamar épico, tal como Aquiles em A Odisseia.

Honra é uma coisa que… às vezes, é só sinônimo de ego.

Após anos de muito esforço e dedicação, ela conseguiu feitos inigualáveis, porém acabou deixando de lado sua vida pessoal, se fechando para tudo e para todos em prol desse grande sonho que partilhava com o pai. Agora, cinco anos depois de seu afastamento das quadras, com trinta e sete primaveras, Carrie está prestes a ver seu recorde quebrado por outra mulher e seu orgulho não conseguirá permitir essa “ofensa”.

Editora Paralela

Criticada e vista como uma pessoa detestável e sem escrúpulos em um jogo que pressupõe cavalheirismos, ela mais uma vez colocará suas expectativas à prova para mostrar ao público e à imprensa que ainda consegue manter o posto de melhor tenista de todos os tempos.

Muitos consideram essa nova empreitada um fiasco, pois Carrie parece não notar que alguém da sua idade não pode mais competir de igual para igual, como se nunca tivesse se afastado da euforia de vencer alguns Grand Slams. Apelidada de “Machadinha de Guerra” devido a sua natureza esmagadora contras as adversárias quando ainda estava na ativa, os patrocinadores, os jornalistas e o público custam a aceitar que ela tenha qualquer chance além de passar vergonha nos torneios vindouros de 1995.

Entretanto, dessa vez, não é só a idade e a língua ferina dos jornais que pode trabalhar contra sua obstinação e ela precisará reavaliar suas prioridades para vencer mais esse desafio, mesmo que pareça impossível, e quem sabe, nesse meio tempo, abrir seu coração para novas oportunidades e relacionamentos passados.

Uma das grandes injustiças do mundo corrompido em que vivemos é que se considera que as mulheres vão decaindo com a idade, e que os homens, por algum motivo, vão se tornando mais profundos.

Carrie Soto Está de Volta é um livro pelo qual eu tinha muitas expectativas, mas que se mostrou um pouco cansativo, com uma protagonista que não conseguiu me cativar, mesmo na reta final, ao ponto de considerá-la chata e mimada. Eu juro que tentei!

Como todos os livros da autora, “Carrie Soto Está de Volta” é bem escrito e estruturado, com uma narrativa que trabalha as questões íntimas da personagem, sem deixar de lado o pano de fundo sobre fama, dinheiro e sensação de poder, mas, no fim das contas nossa “mocinha da vez” é muito arrogante durante a trama, o que termina por afastar a personagem dos leitores, sem chance de reconciliação, infelizmente.

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O livro é uma sequência imensa de partidas de tênis, deixando o desenvolvimento da trama em segundo plano, com ausência de profundidade para um enredo que merecia bombar. Foram inúmeras páginas de jogadas, perdas de bola, voleios, aces, saques e outra infinidade de termos relacionados ao tênis. Dava aquela sensação de estar acompanhando o quicar da bola na quadra, de um lado para o outro, aguardando o resultado dos confrontos de vários dos torneios que ela participou nesse livro.

De todas as narrativas da “era dos famosos” escritos pela Taylor, esse acabou sendo o mais fraco e, sinceramente, eu gostei mesmo do Javier, pai da Carrie, esse sim um personagem completo e cheio de camadas, como estou acostumada a ver em suas obras.

Já na conclusão, perto dos finalmentes, temos uma grande perda da protagonista, que não chegou a me emocionar, pois eu simplesmente não me importava mais com ela, só queria mesmo terminar a leitura.

Mas vamos aos pontos positivos, afinal nem só de derrotas vive uma escritora do porte da Reid. Acho que a melhor coisa dessa história foi sentir, mais uma vez, que a personagem poderia ser alguém real, do mundo em que vivemos, ao ponto de eu ter sentido raiva dela ou achar que ia ligar a TV e encontrar menção ao seu legado esportivo e também ao de todas as suas adversárias. É notório que a autora se dedicou bastante à pesquisa para poder escrever sobre Carrie.

Felizmente essa foi minha primeira e única experiência negativa com a autora, mas ainda assim acho que todo mundo precisa conhecer Evelyn, Daisy, Nina e, também, Carrie, pois essa quadrilogia é super especial, trazendo um bom romance misturado com drama para a literatura atual.