A imensa sequência de fracassos de Kim Seonggon o levaram ao fundo do poço, ou melhor, a quase pular de uma ponte para encerrar seus infortúnios. Embora seja uma desculpa curiosa, o clima invernal fez com que ele refletisse sobre a temperatura da água “lá em baixo”, abandonasse sua ideia inicial e desse meia volta para casa. Desanimado, encurvado, literalmente, e distante da filha e da ira da ex-mulher, ele busca um impulso, mudar pequenas atitudes diárias, um passo por vezes, sem pensar em novos grandes feitos.

É muito fácil mudar as coisas para pior. Tão fácil e rápido quanto deixar cair uma gota de tinta preta na água. O difícil é mudar para melhor.
O reencontro com um de seus ex-funcionários que era ridicularizado pelos colegas de trabalho cria uma amizade inesperada que servirá como apoio para uma nova empreitada, dando um outro rumo para sua história.
Diferentemente de “Amêndoas“, livro anteriormente publicado pela Rocco, essa trama carrega uma abordagem que beira a autoajuda, seguindo uma tendência no mercado editorial, que é a literatura de cura.
Para quem não conhece o termo, a healing fiction (literatura de cura) é um gênero que trabalha histórias com mensagens reflexivas a acolhedoras, geralmente com narrativas leves e em locais como livrarias, cafeterias, etc, desenvolvendo seus personagens e suas relações humanas.
Longe de ser pedante, a autora conta a trajetória do protagonista mostrando que a entropia (caos) é uma constante em nossas vidas e que é necessária uma atitude corriqueira no sentido de superar pequenos vieses para alterar nossa realidade.

O sucesso não precisa se resumir a um resultado incrível. Nós superestimamos tanto o sucesso que ele acaba nos intimidando.
Ao entender um pouco sobre seu passado e o que fez Kim chegar no ponto inicial mostrado por Won-pyung Sohn, o livro reinicia sua jornada levando-o a se reinventar e reconstruir aquilo que realmente é importante para sua felicidade. Entretanto, mantendo o pé no chão, os personagens desse enredo se mostram também humanos, deixando-se levar pelo comodismo de ter atingido seus objetivos e se esquecendo do que os levaram a buscar uma mudança no dia a dia.
O Impulso é uma boa leitura, porém fraca se comparada ao sucesso de Amêndoas, um dos meus livros favoritos. Ainda assim, recomendo conferir já que a mensagem deixada não poderia ser mais verdadeira: devemos buscar nos apegar a pequenos feitos para alcançar grandes vitórias.

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- Autor: Won-pyung Sohn
- Tradução: Núbia Tropéia
- Ano: 2024
- Editora: Rocco
- Páginas: 272
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