Um enredo simples, porém, executado com maestria. Esta é a frase que define a adaptação dirigida por Alejandro González Iñárritu. Hoje vamos falar sobre O Regresso, o filme que para mim, deve conquistar pelo menos os Oscars de melhor ator para DiCaprio, e sem dúvidas, de ator coadjuvante para Tom Hardy.
Baseado em fatos, O Regresso contará parte da vida do explorador Hugh Glass. Sua tragetória resultou diversas adaptações cinematográficas e literárias. Agora em 2016, podemos conferir a adaptação do livro homônimo de Michael Punke, lançado pela editora Intrínseca aqui no Brasil.
Em 1822, Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) e um grupo de homens americanos, ganham a vida com a caça e venda de peles em uma região nos Estados Unidos. O ambiente é hostil, tribos selvagens e caçadores de outras origens dividem as mesmas terras em busca de seu sustento. Em um desses conflitos, o grupo de Hugh, comandado pelo capitão Andrew Henry (Domhnall Gleeson), é atacado, parte do grupo morre, outra se perdem ou como eles, fogem, porém, enquanto tentam arrumar um jeito de sobreviver Hugh é gravemente atacado por um urso pardo. Sem condições de prosseguir com a viagem, Hugh é deixado para trás.

Escolhi parar por aqui, porque como disse, o enredo de O Regresso é simples, e seria injusto em contar grande parte do filme por aqui. Eu inclusive acho, que a sinopse e o trailer já contam demais. Mas por que uma história tão pequena acabou despertando tanto interesse dos telespectadores e críticos do cinema? Eu lhes respondo: tudo. O cenário contribui, a ambientação e a fotografia também, as atuações, a maquiagem, figurino, trilha sonora, montagem, tudo.

Leonardo DiCaprio, se não havia provado ainda que é digno de um Oscar, em O Regresso ele conquista o respeito de todos que ainda o olhavam torto. Seu personagem é praticamente impossibilitado de falar durante grande parte do filme, mas para que diálogos quando sua entrega ao papel, suas expressões e seu olhar são tão reais? Tom Hardy como John Fitzgerald contribui com sua interpretação crível de um homem com apenas um objetivo, sobreviver. Por vezes achei que sua interpretação sobressai a de DiCaprio.

O longa foi todo filmado com luz natural, então, imaginem os cenários deslumbrantes e a captação de cenas desse filme. Por este motivo, as filmagens de O Regresso demoraram 8 meses para serem finalizadas, créditos para Emmanuel Lubezki, responsável por tal trabalho. O filme já arrebata em sua cena de abertura, que acreditem ou não (para aquelas que já viram o filme), é um plano sequência, ou seja, toda aquela carnificina foi gravada sem pausa alguma. Para que isso fosse possível todo o elenco e equipe de filmagem precisaram de um mês inteiro de ensaios para apenas uma cena.

Apesar dessa característica do filme, cenas sem ajustes no pós-produção, também não posso deixar de comentar a icônica cena da luta do urso com nosso protagonista. Existe algo mais agoniante e visceral que aquilo? Com certeza uma cena perfeita, onde exigiu muito estudo do diretor e dos roteiristas para captarem os movimentos e o comportamento dos ursos. Também em determinada cena, podemos perceber uma avalanche ao fundo, esta avalanche foi real e provocada pela equipe de filmagens. Não existia margem para erro.

As hospedagens das gravações foram no Canadá então o figurino não só contribui para a personificação de cada personagem, mas também para realmente aquecer os atores que foram expostos em temperaturas baixíssimas durante as gravações. Outro ponto alto do longa é a trilha sonora, que está tão bem inserida e dá o ritmo perfeito para o andamento do filme, nos levando ao clímax nas cenas de ações, e a agonia nas cenas de luta e de dor.

Eu sai do cinema totalmente satisfeita com o que vi, sem grandes reflexões, é verdade, mas surpresa com o material que tinha acabado de ver. O Regresso não é apenas uma nova chance de DiCaprio levar um Oscar para casa, mas o filme se consolida por sua extrema qualidade e perfeita execução. Um filme que te fará rebolar na cadeira, você sentirá na pele cada emoção, um filme que trata a luta pela sobrevivência da maneira mais humana possível.

Existem cenas fortes (aliás já elogiei a maquiagem aqui?), agoniantes e de muito sofrimento, mas a verdade é inegável, o filme é belo de uma forma única. Usando das próprias palavras do diretor, definitivamente, a intenção não é de maneira alguma causar uma experiência real, mas sim jogar estas pessoas numa experiência totalmente emocional. Eu posso lhes garantir que ele conseguiu. Se DiCaprio e Tom não conseguirem suas estatuetas, tudo bem, mas o Oscar não vai tirar de nossas memórias um dos melhores filmes da atualidade.

  • The Revenant
  • Lançamento: 2016
  • Com: Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Domhnall Gleeson
  • Gênero: Faroeste, Aventura
  • Direção: Alejandro Iñárritu

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