Nunca Minta, por Freida McFadden

O fenômeno Freida McFadden não está restrito ao Brasil. Seus livros estão espalhados pelo mundo com uma força literária fenomenal. É comum ver estantes inteiras com suas obras expostas na Europa, Estados Unidos e até na vizinha Argentina. Tamanha idolatria me fez ter curiosidade para lê-la antes mesmo desta onda de lançamentos que temos visto aqui no Brasil desde o ano passado, inclusive com seus livros divididos entre duas editoras, Arqueiro e Record.

Com a história de um casal recém casados, que são forçados a ficarem isolados em uma casa em meio a uma nevasca. Logo ao chegarem ao local Tricia, a esposa, nota uma luz acesa na casa, causando-lhe estranheza, mas não impedindo que ela e Ethan, o marido, fiquem no local.

Tricia, sabe que a residência pertencia a uma psiquiatra, sumida há alguns anos, após lançar seu livro de maior sucesso. É justamente este livro que a hóspede resolve pegar para se entreter enquanto estão presos no lugar, e as histórias que ela descobrirá durante a leitura deixaram aquela estadia ainda mais perigosa e assustadora.

Muitos dizem que Nunca Minta é o melhor livro da autora. Para mim ele não foi o melhor, mas talvez tenha sido o mais surpreendente. Minha principal bronca com a escritora está diretamente ligado ao seu maior trunfo: colocar mulheres em posições que não estamos acostumados a ver na literatura. Suas personagens são sempre vingativas, assassinas que gostamos de ver matando, de forma fria e calculista, com uma inteligência absurda.

Porém, a fórmula tem se repetido. Já sabemos o que esperar: os plot twists previsíveis e aquela estrutura de enredo típica dos grandes best sellers. Embora funcione bem, depois de ler dois ou três livros da autora, a sensação é de que falta algo realmente novo e surpreendente.

Desta vez, ela muda. Seu enredo é bem diferente da série de “A Empregada” ou de livros como “A Professora” e “A Contadora”, ambos resenhados aqui, e isto me agradou muito.

Conheça mais livros de Freida McFadden

Freida McFadden consegue elaborar um thriller psicológico, novamente colocando uma mulher como personagem principal e com muitas críticas sociais, mas com um enredo diferente, com plots ligados a outros pontos do mistério e um final surpreendente e bem crível.

Para quem sente o mesmo que eu, essa necessidade de mudança na estrutura das histórias que lê do mesmo autor, este livro é com certeza uma surpresa maravilhosa, atendendo a tudo aquilo que desejávamos. Este fato deixa claro porque o livro é considerado por tantos o melhor da escritora, talvez seja o que ela mais se arrisca.

Nunca Minta é um ótimo thriller, com um clímax intenso que acelera o coração do leitor e nos mantém em constante tensão sobre o destino da protagonista e de seu marido. A apreensão se estende por boa parte da leitura, às vezes provocada por algo tão simples quanto uma luz acesa em uma cena, sem explicação aparente, sinalizando que nada de bom poderia estar escondido naquele cômodo trancado. Detalhes e sentimentos que apenas Freida McFadden tem conseguido nos causar na literatura nos últimos anos.