Após acompanhar o Mau Começo dos órfãos Baudelaire, suas desventuras, coragem e perseverança frente a um vilão mal-humorado e extremamente cruel, é chegada a hora de descobrir o que o futuro esconde após o momento em que viramos a última página do primeiro livro.
Como não poderia ser diferente, aviso àqueles que desconhecem os sofrimentos mantidos nas páginas destes livros. Me aproprio do conselho de Lemony Snicket, e afirmo que aqui você não encontrará uma história feliz, um final agradável, um vilão derrotado e um mundo perfeito. Caso esse tipo de história não te agrade, não faça o seu estilo, entenderei se quiser fechar essa resenha, e garanto que não ficarei magoada, pois os acontecimentos do segundo livro de Desventuras em Série são tão, ou talvez mais tristes do que os do primeiro.
Em A Sala dos Répteis, Violet, Klauss e Sunny observam um futuro acolhedor no horizonte, porém, as alegrias estabelecidas nas primeiras páginas desse livro servem apenas para levantar falsas esperanças. Senhor Poe realizou o trabalho que é pago para realizar e encontrou um novo tutor para os irmãos Baudelaire, um cientista chamado Montgomery Montgomery – e por favor, não façam piadinhas com seu nome, não é nada educado. Tio Monty estuda répteis, possui a receita do melhor bolo de creme de coco que você já provou e é o melhor tutor que as crianças poderiam esperar. Ele as inclui em suas tarefas, as trata com respeito e carinho, mas como tudo na vida desses irmãos desafortunados, momentos felizes escondem tempestades chegando.
Durante mais um dia de atividades, enquanto Tio Monty estava resolvendo assuntos na cidade, chega à residência seu novo assistente, Stephano. Mas, assim como você provavelmente está pensando agora, é nesse momento que nossa agradável história se transforma em mais uma tragédia na vida das crianças. Stephano na verdade é nosso terrível vilão disfarçado, o temível Conde Olaf, e assim como no primeiro capítulo, ele possui um grande plano para assumir toda a fortuna das crianças.
Confira a série Desventuras em Série
Assim como no primeiro livro da série, a escrita de A Sala dos Répteis é acessível, leve, agradável. Lemony Snicket demonstra toda sua maravilhosa habilidade ao construir histórias trágicas com uma roupagem leve e bem-humorada. Mais uma vez não percebi o tempo passar, me surpreendi ao ler sobre as desventuras dos órfãos, adorei vê-los encarando as dificuldades e fazendo o possível para superá-las. Muito mais do que uma história trágica com roupagem agradável, acessível para os mais diversos públicos, o segundo capítulo provou para mim que Desventuras em Série é sobre a superação, a união, o encarar as dificuldades com tudo aquilo que possuímos a nossa disposição e garantir que no final, por mais que as probabilidades não estejam a nosso favor, ainda exista uma pontada de esperança.
Desventuras em Série não é apenas mais uma forma de entretenimento, uma história qualquer sobre três irmãos que se viram sozinhos enfrentando o mundo cruel. A trama se estende por caminhos diversos, espelha pequenos aspectos da vida adulta, demonstra nossa incapacidade para lidar com os mais diversos desafios do “mundo adulto”, destaca para o leitor que a esperança pode estar em qualquer lugar. Mas o principal, nos apresenta a coragem de enfrentar os obstáculos de cabeça erguida. Mesmo sabendo que a trajetória dos Baudelaire não é nem um pouco feliz, continuarei acompanhando seus passos, pois sei que muitas outras mensagens estão escondidas nas páginas desses livros!
- The Reptile Room
- Autor: Lemony Snicket
- Tradução: Carlos Sussekind
- Ano: 2001
- Editora: Seguinte
- Páginas: 181
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