É 1989, final da Guerra Fria, dias antes da queda do Muro de Berlim. Este é cenário que Lorraine Broughton (Charlize Theron), uma agente disfarçada do MI6, está sendo enviada para recuperar um dossiê muito importante, a lista de nomes com agentes duplos. Especialista em fuga e evasão, proficiência em coletar dados de inteligência e combate corpo a corpo, Lorraine conta com as melhores habilidades para executar sua missão.
Atômica é um filme de espionagem, que instiga, entretêm e alucina o público com todas suas cenas de ação bem executadas e coreografadas. Aliás, o longa conta com um dos melhores planos sequencias que já tive o prazer de prestigiar neste ano e tenho quase certeza que vai demorar até que outro filme desbanque isso. A direção é de David Leitch, que já trabalhou no ótimo John Wick e também como dublê durante anos. David sabe o que é ação e aqui ele conduz uma história complexa, mas cheia de facetas e surpreendente.
Com uma classificação indicativa de 16 anos, o longa é regado de violência e isso você percebe logo nos primeiros minutos quando vê isso estampado no corpo da protagonista. Tudo é muito visceral. Não pensem que estamos diante de outra Mulher Maravilha, pelo contrário, Lorraine apanha e muito, mas se levanta para bater também. É incrível como a personagem se vira com o que tem ao seu alcance para enfrentar homens que as vezes, aparentam ter o dobro do seu tamanho.
O visual neon de Atômica faz jus à época, cores marcantes e vivas contrastando com a atmosfera fria, medida e escura, assim o longa recebe um equilíbrio na narrativa dosada entre os flashbacks de Lorraine e o presente. Sem dúvida, uma ferramenta genial quando bem utilizada, pois serve como um respiro para as cenas de ação. A trilha sonora é um tributo aos anos 80 e estrelas como Queen, George Michael, David Bowie entre outros gênios acompanham a desenvoltura de Lorraine durante sua missão.
Charlize dispensa qualquer tipo de comentário e acredito que agora, com Atômica, ela tenha firmado sua presença no gênero. A atriz dá um show de atuação, sua entrega ao personagem é crível e não é à toa que ela já tenha ganhado um Oscar por tal feito. Charlize entrega tudo que Lorraine é, ela é fria, forte e imponente, mas que também imprimi outras nuances da personagem com a mesma energia. A profundidade da personagem abalada pelo tipo de vida que resolveu seguir também é sentida pelo público. James McAvoy como David Percival também entrega diversas nuances dúbias de um agente que já está a muito tempo em sua posição e que precisou atuar como manda a maré de uma Berlim que tem suas próprias regras. Sou suspeita para falar dele, mas eu achei sua atuação incrivelmente ótima e digno de receber mais destaque.
O tom ambíguo do longa contribui para o desfecho surpreendente. Desde o início somos jogados em meio a um conflito de interesses, onde ganha poder quem colocar as mãos na lista de nomes primeiro. É por isso que a missão de Lorraine é tão importante e perigosa, também para ela. Muito está em jogo e não saber em quem confiar faz com que todos os personagens sejam passiveis de traição. Fórmula que só os bons filmes de espionagem sabem usar e Atômica soube e ainda fez mais.
Atômica é um ótimo filme que se passa num recorte histórico importante, quem aprecia isso juntamente com todos os elementos que citei acima, com certeza está diante de uma obra grandiosa e que causa o impacto necessário para chamar a atenção. Ótima direção, montagem, mixagem, fotografia e ótimas atuações, quando um elenco de peso recebe o apoio de uma ótima produção, só poderia ser sinônimo de sucesso, ainda mais quando estrelado por Charlize Theron que não cansa de provar seu valor dentro e fora das telinhas. Charlize está dentro da fatia de atrizes que não utilizam dublês para suas cenas de ação, então obrigada mulher por este filme! Clique aqui e saiba do que estou falando.
O filme é a adaptação da HQ The Coldest City, de Antony Johnston e Sam Hart que em breve será lançada pela Darkside Books aqui no Brasil.
Atomic Blond
Lançamento:
2017
Com:
Charlize Theron, James McAvoy, Sofia Boutella