Recentemente a Netflix lançou o novo teaser da segunda temporada de Shadow and Bones, a adaptação da Trilogia Grisha de Leigh Bardugo e da duologia Six of Crows. Foi devido a essa série que me rendi a leitura dos livros, que foram relançados em 2021 pela Planeta de Livros, com um novo trabalho gráfico. Compartilharei com vocês minhas impressões sobre a trilogia inteira, então boa leitura!

Sombras e Ossos

A história começa em Sombra e Ossos, com uma Ravka dividida pela Dobra das Sombras ou como é também chamado, o Não Mar, que é uma faixa de terra estéril povoada por monstros chamados Volcras. Neste universo que conheceremos Alina Starkov, uma garota aparentemente comum que trabalha como cartógrafa no exército. Ela tem um melhor amigo, que é Maly que faz parte do Primeiro Exército como rastreador.

A vida desses personagens muda completamente quando, uma das expedições que ocorrem esporadicamente pela Dobra das Sombras, sai do controle. Maly vai acabar gravemente ferido por um dos volcras e Alina, que foi junto com essa expedição, vai acabar descobrindo que possui um poder, nunca antes visto neste universo. Ao que tudo indica ela consegue invocar o poder da luz e por isso consegue salvar a vida de seu melhor amigo. Acontece que esse poder, é capaz de acabar com a Dobra das Sombras e quem sabe assim, unificar Ravka novamente.

Lógico que a notícia logo chega aos ouvidos do General Kirigan, mais conhecido como Darkling e é ele que comanda o Segundo Exército de Ravka, o exército formado pelos Grishas. Mas quem são os Grishas nesse universo?

Os Grishas são pessoas com a capacidade de manipular os elementos para usar como armas, por exemplo, invocar o fogo, controlar o vento, regular os corações. E Alina é capaz de invocar luz e, portanto, é considerada uma Conjuradora do Sol.

A partir daí Alina vai ingressar neste universo afundo e vai passar a viver ao lado do Darkling, na capital Os Alta, ali ela vai ser treinada para se tornar uma Grisha também, e aprender a lidar com a sua confiança em suas próprias habilidades. Porém, será que as intenções do Darkling são tão confiáveis assim?

Sol e Tormenta

Alina e Maly estão em fuga, Darkling está perseguindo-os após o último confronto deles. Porém apesar de estar aparentemente livre das amarras do Darkling, Alina ainda se sente muito culpada por tudo que aconteceu. O livro inicia de uma forma muito frenética, como eu disse, eles estão em fuga então todo o cuidado é pouco, e como Darkling é muito importante, ninguém é confiável, então existe esse senso de preocupação por parte dos personagens de não serem pegos. É neste livro que conheceremos um corsário bastante peculiar, mas que vai se mostrar um personagem muito importante nesta trilogia e também dentro do Grishaverso.

Acontece também que Darkling está mais poderoso que antes e parece ter um controle sobre os volcras agora, o que torna ainda tudo pior.

Neste livro a gente tem alguns pontos bem legais de serem mencionados, como por exemplo a inclusão de novos personagens como Nikolai, que traz toda uma dinâmica diferente na história. Eu particularmente adoro os diálogos dele e as problemáticas que ele traz em relação ao trono de Ravka e também os gêmeos Tolya e Tamar, que nos aproxima um pouco mais dos Grisha e seus poderes.

Depois dos conflitos que acontecem em Sombra e Ossos, a autora destaca bastante a presença dos santos de Ravka na mitologia da história, e o fato de Alina ser considerada uma santa torna tudo bem interessante. Aliás, a religião vai ser levantada aqui também, a fé deste universo vai aparecer de formas diferentes e não só a fé cega como a gente vê antes.

Vamos conhecer mais sobre os amplificadores também que são apresentados no primeiro livro, mas que aqui ganham um destaque maior, justamente por a gente conhecer mais sobre os amplificadores de Morozova, a importância que eles possuem e obviamente, toda as consequências que se vêm junto com esse poder.

Ruína e Ascensão

Assim chegamos em Ruína e Ascensão, último livro da trilogia e conclusão da história de Alina. Se a gente inicia Sol e Tormenta com Alina fugindo, com esse não é muito diferente. Mas aqui ela está numa situação ainda pior. A diferença é que ela perdeu seus poderes e ao mesmo tempo em que precisa sobreviver ela precisa se recuperar também, se quiser salvar Ravka das garras do Darkling que acabou dominando o trono.

Aqui, mais do que nunca vamos amadurecer essa ideia de Alina como Santa, principalmente porque incialmente ela está sobre a proteção do Apparat, que era o conselheiro do Rei. Vista como Santa por muito e como traidora por outros, neste livro Alina vai partir atrás do terceiro amplificador de Morozova, que é o mitológico pássaro de fogo, pois só assim ela vai reavivar seus poderes e ser poderosa o suficiente para derrotar Darkling.

Esse é um livro eletrizante do início ao fim e aqui vemos o quanto Leigh Bardugo foi corajosa e inteligente nas suas escolhas. A história tem tantas guinadas surpreendentes, que é impossível largar o livro, não só esse livro, mas a trilogia em si.

Eu adoro tudo que a Leigh Bardugo faz aqui, a união da ciência com a magia, o sistema de poderes. As diferenças e vestimentas do grishas, como tudo isso funciona, o mecanismo dos grishas, desde o primeiro exército ao segundo, como a monarquia age no meio dessa dinâmica, como é a divisão de Ravka, os povos, a religião. Tudo criado nesta história me encantou demais.

O crescimento da Alina como personagem também é algo muito legal de ser analisado ao concluir a leitura, a gente vê uma menina, uma órfã que se vê no meio de tudo isso, sem muito controle dos seus poderes, mas que tem nas suas costas o futuro de uma nação. Eu adorei o desenvolvimento dela, do início ao fim, assim como dos personagens secundários, do Maly um pouco menos, mas confesso que depois me rendi a ele e a conexão que ele tem com a Alina.

Aliás, a autora faz uma coisa simples, mas que eu particularmente adoro. Em todo início de livro e final, ela mostra a Alina e o Maly de uma perspectiva em terceira pessoa, algo diferente já que a trilogia toda é narrada em primeira pessoa pela perspectiva da Alina.

Sobre o vilão, eu amei odiar o Darkling no final, achei a construção dele muito rica, mostrando um personagem que cria uma conexão com a Alina e também com o leitor, mas que depois que a gente vai acompanhando o que ele faz nos livros seguintes, a gente fica procurando aquele personagem do primeiro livro. Eu vejo as problemáticas desse personagem e queria muito entender mais a fundo o que o levou a esse momento.

Se há uma ressalva a ser feito, além da minha antipatia por Maly, foi a duração da batalha final. Na minha opinião poderia ser sim um pouquinho mais bem desenvolvida. Eu fiquei com aquela sensação que talvez tenha sido um pouco corrido. De qualquer maneira acho que a autora termina de um jeito justo. Ela entrega um final digno, meio agridoce, mas de qualquer maneira satisfatório.

De forma geral, eu gosto muito do modo como a história mostra um grande embate, sem mostrar as consequências disso depois. E a gente quer muito saber como tudo aquilo vai se restabelecer depois da existência do Darkling, que sempre foi uma figura tão imponente e um guia para aquela nação. E isso aqui a gente não vai ter, mas a gente vai continuar no Grishaverso nos outros livros da série, começando por O Livro dos Santos, Six of Crows, e agora, o mais recente lançado por aqui, King of Scars, protagonizado por Nicolai.

Essa á uma leitura muito gostosa de ser feita, os livros não são tão longos então não tenham medo, leiam com tudo que eu tenho certeza de que vocês vão amar e ainda vão morrer de saudade desse universo.

  • Trilogy Shadow and Bones
  • Autor: Leigh Bardugo
  • Tradução: Eric Novello
  • Ano: 2021
  • Editora: Planeta de Livros
  • Páginas: 1140
  • Amazon

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