Música Lenta, por Rainbow Rowell

Em Música Lenta temos Shiloh e Cary, melhores amigos desde sempre. Todo mundo à volta deles acredita que um romance poderia acontecer, menos os dois. Eles estão no ensino médio, em fases de sonhos e decisões: ela quer ser atriz, ele quer seguir carreira na Marinha. A única promessa era simples: a amizade jamais mudaria. Mas o tempo, mudou tudo.

Anos depois, temos personagens mudados, Shiloh não teve a vida perfeita que imaginou e ela não fala com o amigo há pelo menos 14 anos. Ao retornar para casa da mãe, com dois filhos e um casamento arruinado, ela se vê de volta ao seu grupo de amigos, mas será que ela está pronta para reencontrar Cary?

Confesso que Música Lenta me deixou dividida. Esse foi meu primeiro contato com a autora, a escrita é fluida e acolhedora, cheia de detalhes sutis que fazem os personagens de Rainbow Rowell parecerem vivos. O que mais me marcou foi a atmosfera: delicada, um pouco nostálgica, quase como ser convidado a fazer uma pausa no meio de um dia barulhento.

A ideia é bonita, o ritmo é intencionalmente lento, mas em alguns momentos pareceu arrastar, como se a história tivesse mais potencial do que realmente foi explorado. Os conflitos entre Shiloh e Cary, iniciados quando crianças, percorridos pela adolescência, até a vida adulta onde tentam se reencontrar, são interessantes, mas senti que poderia ter sido trabalhado de forma mais profunda. Claro que isso pode ter sido um sentimento pessoal meu e por isso tive alguns problemas com a história.

“É simplesmente constrangedor. Detesto te contar tudo isso. Prefiro que você se lembre de mim como eu era quando éramos jovens.”
“Maníaca e implacável?” – Shiloh deu um chute no tornozelo dele. Ela não estava usando sapatos.
“Brilhante e cheia de potencial!”

Os personagens são bastante humanos, mostrando as inseguranças, as hesitações, os desejos não ditos. Nada neles é perfeito, e talvez por isso seja fácil criar uma conexão, afinal as dificuldades que eles têm em se conectar e realmente expor sentimentos, é algo que vemos a todo momento. Eles lembram amigos, desconhecidos na rua ou até partes de nós mesmos que nem sempre deixamos vir à tona.

Música Lenta não é uma história de grandes reviravoltas, nem de intensidade explosiva, e talvez por isso eu tenha avaliado com poucas estrelas. Além do fato de eu ter ficado bem incomodada com algumas das posições tomadas por Shiloh. Mas se você gosta de narrativas delicadas, que se revelam mais pela sutileza do que pelo impacto imediato, essa leitura pode ser uma experiência interessante.

No final, é como colocar uma música suave para tocar: talvez não seja aquela que você vai cantar em voz alta, mas é a que permanece ecoando por um bom tempo depois que termina.

*resenha revisada e editada por Joice Cardoso