Hunter Devenport é o maior pegador que a Briar já viu. O cara poderia usar todos os dedos da mão e do pé para contar as garotas com quem já dormiu e ainda assim não seria suficiente. Não ajudou muito que ele tenha se sentido traído pela única garota que gostou, já que ela acabou apaixonada pelo seu melhor amigo. Ele simplesmente precisar esquecer aqueles dois e parece que todo ser humano do sexo feminino está mais do que disposto a ajudá-lo. Hunter só percebe que perdeu as rédeas da própria vida quando todas aquelas estripulias sexuais acabam com ele prejudicando o time inteiro do hóquei. Mas isso ficou no passado. Hunter agora não só é um novo homem, como também o capitão do time. O celibato parece ser a única opção para que ele mantenha a cabeça apenas nos jogos, mesmo que a tentação vista short incríveis e seja quente como o inferno.

Demi Davis tem pouquíssimo tempo livre. Dividindo a atenção entre todas as matérias que decidiu estudar na faculdade, a constante pressão do pai para que ela siga uma carreira que não quer e o namorado Nico, a jovem não precisava ter que encarar um trabalho em dupla com o mulherengo Hunter. Ela acredita que precisará fazer tudo sozinha, o cara parece ter um harém com o qual se preocupar já que sempre que eles se encontram, alguma garota está tentando conquistá-lo. Mas ela não esperava que ele fosse tão engraçado, prestativo e perigosamente sexy. Não que ela esteja de olho. Nico é seu primeiro namorado e ao amor da sua vida, mesmo que ele esteja tão afastado ultimamente, ou que esteja cansado demais para transar quando eles finalmente conseguem um tempo a sós. Demi está sempre rodeada pelos amigos homens, e ela nunca teve dificuldades em administrar essas relações, mas com Hunter as coisas sempre parecem sair um pouco do palco fraterno. Ainda bem que ela é uma garota fiel, e que ele estranhamente virou celibatário. Ela só não imaginava que uma reviravolta pudesse colocar todos esses planos a perder. O único jogo disponível agora é saber quem resiste a tentação por mais tempo.


Sempre sou suspeita para falar dos livros da Elle Kennedy. Ela é minha autora de clichês favorita. E não falo isso num tom crítico, afinal precisa ser muito incrível para tornar um enredo simples em uma história totalmente nova, daquelas que prendem o leitor do início ao fim. E todos os livros da autora me fazem sentir dessa forma, eu realmente não consigo parar de ler. Sempre sinto aquela empolgação para saber o que irá acontecer no próximo capítulo, já quero ver o casal se apaixonando, se entregando… Em The Play não foi diferente, mesmo que o início tenha trazido um desconforto que não senti nas obras anteriores. Talvez eu tenha mudado muito nos últimos meses, ou talvez a escrita da Elle só tenha reforçado mais que o usual uma série de padrões estéticos estereotipados. Absolutamente todo personagem adulto que aparece nesse enredo ou é uma “gata gostosa” ou um “atleta musculoso”. Claro que o gênero do New Adult permite toda uma interação sexual entre os pares, mas parecia que todo aluno da universidade de Briar U estava no cio e que apenas gente bonita está autorizada a ter uma vida sexual.

 

Talvez o tom mais apelativo tenha sido totalmente proposital para combinar com o protagonista mais fogoso da série, e fazer com que o leitor sentisse a mesma tensão que personagem. Ou seja, todo mundo está totalmente a fim de transar enquanto ele está com as calças no lugar. Sendo um celibatário, acredito que seja comum que Hunter só pense em sexo o tempo todo, e sua fala reflete exatamente isso. Porém não gostei que personagem se referisse a toda e qualquer garota como um meio para “aliviar suas bolas” ( fala dele, não minha). Nem as amigas mulheres foram respeitadas nesse contexto.  Não foram respeitadas como amigas, nem como namoradas dos colegas. Uma cena em particular me deixou bastante decepcionada, já que Hunter cogitou a ideia de quebrar o voto do celibato com Brenna ( já falei dela na resenha de The Risk). Mas gente, isso é um romance! Óbvio que eu iria querer que ele só se sentisse tentado com a protagonista DESSA história. Acho que esse episódio em particular tirou um pouco da magia do casal. Me pareceu um pouco que qualquer garota que realmente tivesse tentado conseguiria levar Hunter pra cama.

Os homens realmente precisam parar de querer decidir quando as mulheres estão falando sério ou não. Uma lição que aprendi na vida é que uma mulher não gosta quando você coloca palavras na boca dela.

Dadas todas essas características do protagonista, não é de se imaginar que Demi Davis tenha vários preconceitos com o cara. Afinal ela é uma garota adepta da monogamia, e o estilo de vida depravado de Hunter só reforça o que ela sente em relação ao namoro duradouro e fiel que mantém com o namorado Nico. Posteriormente vamos conhecendo um outro lado de Hunter e assim como Demi vamos nos envolvendo mais e mais com o capitão do time. Contrariando tudo que já lemos, vemos um protagonista maduro, um ótimo amigo, que não desrespeita Demi em nenhum momento. Apesar de mencionar algumas vezes o quanto ela é sexy, ele não passa dos limites nenhuma vez, e apesar do quanto isso soa medíocre, ele fez o mínimo e ainda o admiro por isso. Todas essas novas nuances do personagem mostram que ele é muito mais complexo do vimos a princípio. Com uma família desestruturada e um pai babaca, é de se admirar que ele seja sempre tão otimista e legal. Eu amei conhecer esse lado mais frágil da sua vida, e amei que a autora tenha utilizado essas experiências dele como um clímax pra história.

Sempre vai ter alguém com uma vida mais cagada que a sua. Isso não transforma a merda das nossas vidas em rosas.

E essa é a Elle que eu conheço. Uma autora que transforma simples histórias de amor em tramas completas e envolventes. Os personagens sempre trazem suas próprias complexidades para o enredo e a carga emocional é apenas o suficiente para não tornar o livro raso e vazio. Você não vai se debulhar em lágrimas, nem nada do tipo. Mas Elle tem essa característica em sua escrita, que aborda cada um dos personagens como pessoas únicas e individuais, que possuem um passado e que despertam empatia no leitor. Além de conhecermos um pouco da vida de Hunter, também somos apresentados as questões enfrentadas por Demi, que luta diariamente para mostrar aos pais que ela tem o direito de viver os próprios sonhos e ate mesmo escolher que vai amar. Ela sonha em ser psicóloga, enquanto o pai quer que ela seja médica. Ela está chateada com Nico, mas o pai acha que ela deve perdoar toda e qualquer atitude escrota do boy. Demi, é uma protagonista mais singela quando comparada as anteriores. Ela faz o tipo nerd, mas adora sair e beber com os amigos. Ela gosta de transar, mas não deixa isso escancarado em cada página (sorry Brenna), ela é engraçada e leve mas sem ser a palhaça da turma. Ela é equilibrada e natural. Eu realmente gostei dela.

Confira a série Briar U

A partir daqui qualquer coisa que eu falasse seria considerado um spoiler, então vou apenas dizer que o romance é muito gostoso de acompanhar. Daqueles que fazem a gente sentir um frio na barriga, que fazem a gente torcer pelo primeiro beijo (eu reli a cena umas 5x) e suspirar com cada interação. Eu fiquei muito satisfeita com o desenrolar da trama apesar do que mencionei encontrar nos primeiros capítulos. E o desfecho é maravilhoso. O livro aborda relações abusivas, suicídio e até mesmo algumas questões de gênero. Elle Kennedy não decepciona nunca, e apesar de admitir que The Play não é meu livro favorito dela, ainda recomendo aos fãs do gênero. Tem um “quê” de romance proibido que instiga o leitor e seria maravilhoso ver essa história no catálogo da Netflix.

  • The Play - Briar U #3
  • Autor: Elle Kennedy
  • Tradução: Juliana Romeiro
  • Ano: 2020
  • Editora: Paralela
  • Páginas: 376
  • Amazon

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